Manaus (AM) – Manaus registrou mais um caso de violência envolvendo um agente da segurança pública em uma casa noturna. Na madrugada do último domingo (21), um policial militar atirou na perna de uma funcionária de um bar, no conjunto Morada do Sol, na Zona Centro-Sul, durante uma confusão generalizada. Outro cliente também foi atingido de raspão pelo disparo.
O caso lembra um episódio semelhante ocorrido em 2017, quando o delegado da Polícia Civil do Amazonas, Gustavo Sotero, abriu fogo dentro do Porão do Alemão, e matou o advogado Wilson Justo Filho, além de deixar outras pessoas feridas.
No caso mais recente, segundo testemunhas, a confusão começou quando o policial foi barrado pelos seguranças na entrada da casa noturna porque se recusou a deixar a arma no cofre, conforme as regras do local. Nas imagens das câmeras, o policial aparece do lado de fora do estabelecimento, mexendo no aparelho celular, enquanto outro cliente chega ao local e acaba esbarrando na esposa do PM.
Com isso, o policial confronta o cliente, resultando em uma troca de socos e, em seguida, uma briga generalizada. Durante a confusão, o policial sacou a arma e disparou, atingindo a funcionária que trabalhava na recepção. O cliente envolvido também foi ferido de raspão.
As câmeras de segurança registraram o policial deixando a casa noturna após o disparo, enquanto a funcionária, ferida, pedia ajuda. Em seguida, o agente retornou ao local, olhou para a mulher baleada e fugiu. A vítima foi atingida em uma das pernas e precisou de cirurgia para a retirada do projétil. Tanto ela quanto o cliente ferido foram levados para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto.
A Polícia Militar do Amazonas (PMAM) informou que o agente estava de folga e foi instaurado um processo administrativo para investigar a conduta do policial.
Briga na saída de casa noturna deixa PM e fuzileiro naval mortos
Em junho de 2023, uma briga na saída de uma boate no Parque das Laranjeiras, também na Zona Centro-Sul, terminou com um fuzileiro naval e um policial militar mortos. Uma terceira pessoa ficou ferida.
De acordo com informações da Polícia Civil, a confusão começou após um dos dois homens esbarrar na mulher do outro. No entanto, amigos de ambos conseguiram apaziguar os ânimos dentro da boate.
No entanto, na saída, os dois homens voltaram a se desentender e o policial atirou contra o fuzileiro naval. Um amigo da vítima, também fuzileiro, revidou o tiro contra o policial. A terceira pessoa atingida estava passando pelo local.
Debate sobre armas em casas noturnas
As ocorrências levantam questões sobre a presença de policiais armados em locais como bares, casas noturnas e shows, onde a combinação de bebidas alcoólicas e aglomeração pode ser uma receita para conflitos.
Essa questão, inclusive, foi bastante debatida durante o “Caso Sotero”, que foi amplamente divulgado. Em 2019, o delegado Gustavo Sotero foi julgado e condenado pelo Tribunal do Júri a 30 anos por homicídio doloso qualificado e três tentativas de homicídio.
O caso do Porão do Alemão aconteceu em circunstâncias parecidas com as outras duas citadas na reportagem. Testemunhas disseram que o delegado teria começado a encarar a companheira da vítima, que foi “tirar satisfação” com o suspeito. A partir daí, começou a confusão e, durante a briga, o delegado efetuou os disparos dentro da casa noturna.
Balada Segura
Na época, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM) apresentou o aplicativo denominado “Balada Segura”, com o objetivo de controlar e monitorar, em tempo real, a entrada de policiais e homens das Forças Armadas nas casas noturnas da capital.
A princípio, segundo a titular da Corregedoria-Geral da SSP-AM, delegada Iris Trevisan, o aplicativo funcionaria inicialmente no sistema Android. As informações seriam enviadas para os órgãos controladores, em tempo real, sobre a presença de um policial armado dentro de um local de entretenimento.
“A corregedoria e outros órgãos do sistema de segurança vão monitorar, em tempo real, qual servidor costuma frequentar casas noturnas portando armas e ingerindo bebidas alcoólicas. Com certeza, isso vai gerar uma inibição no próprio servidor, tanto em relação ao consumo exacerbado de bebida alcoólica, quanto ao fato de ele estar portanto arma”, disse a delegada durante a apresentação do aplicativo, em dezembro de 2017.
O Portal AM1 entrou em contato com a SSP-AM, por meio da assessoria, para saber quais medidas o órgão de segurança vai tomar em relação a essas ocorrências envolvendo agentes públicos; se o aplicativo está ativo; como está a questão da funcionalidade e de denúncias. Porém, até a publicação desta matéria, não houve resposta; o espaço segue aberto.
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