Manaus, 3 de maio de 2024
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Manaus, 3 de maio de 2024

Cidades

Manaus não devolve pessoas em situação de rua para cidades de origem

Na semana passada, a notícia de que a cidade Florianópolis já devolveu mais de 670 pessoas nos últimos 12 meses foi considerada preconceituosa.

Manaus não devolve pessoas em situação de rua para cidades de origem

(Foto: Celso Maia/AM1)

Manaus (AM) – Como nas grandes cidades do Brasil, Manaus também tem problemas com o aumento de pessoas morando na rua, inclusive, em 2023, foram identificadas 871 pessoas nessa situação. O último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que essa população, no Brasil, cresceu 38% entre 2019 e 2022, quando atingiu 281.472 pessoas.

Com o aumento de pessoas nessa situação, algumas cidades têm implementado algumas medidas consideradas preconceituosas com políticas de higienização, em decorrência do aumento de áreas perigosas, tráfico de drogas, roubos e invasões.

Em Florianópolis (SC), a prefeitura já devolveu mais de 670 pessoas que estavam na cidade em situação de rua. A prefeitura informou que dá assistência para que as pessoas contatem a família ou serviço social da cidade de origem, mas garantiu que a abordagem é individual e depende do aceite voluntário. A medida é considerada como aversão às pessoas pobres, que ocorre em várias cidades do país.

Situação em Manaus

Ao Portal AM1, a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) informou que ações do município atendem as pessoas dentro da cidade. Em situações em que a pessoa deseja voltar para outro município ou estado, segundo a secretaria, é necessária a atuação do Estado.

Sobre o questionamento feito pelo AM1 sobre os dados oficiais da população de rua, a secretaria disse, por meio de nota, que “são difíceis de captar devido às constantes mudanças de condição dessas pessoas. Uma pessoa que está na rua, hoje, pode não estar mais amanhã. Mas, baseado nos nossos atendimentos, em 2023 foram identificadas 871 pessoas em situação de rua.”

(Foto: Celso Maia/AM1)

Ainda conforme a Semasc, são diversos os fatores que contribuem para essa realidade, incluindo questões econômicas, sociais e de saúde.

“A falta de moradia, muitas vezes, está vinculada à pobreza extrema, desemprego e falta de acesso a serviços básicos. A Prefeitura de Manaus está comprometida em buscar soluções abrangentes, colaborando com organizações da sociedade civil, desenvolvendo programas de assistência social e promovendo políticas públicas que visam à inclusão social e a reinserção dessas pessoas na sociedade”, disse.

O perfil são, na maioria, homens com idades de 21 anos a 35 anos, mestiços, oriundos de diversos estados, mas principalmente do Norte e Nordeste e das cidades do interior do Amazonas. O maior motivador para a pessoa viver em situação de rua são problemas familiares, com famílias em conflito e o uso de drogas ilícitas, como crack, outras drogas e o álcool.

(Foto: Celso Maia/AM1)

Ações

A Semasc também realiza a abordagem social para orientar os beneficiários sobre os espaços destinados às pessoas em situação de rua e como são feitos os atendimentos nesses locais. Os espaços para atendimento são:

  • O Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop) foi o primeiro espaço criado para pessoas em situação de rua, quer sejam jovens, adultos, idosos e/ou grupos familiares que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência.
  • Albergue Gecilda Albano – o espaço tem capacidade para atender até cem pessoas. No albergue é ofertado café da manhã e jantar, enquanto o almoço é servido na Cozinha Comunitária da Panair, também na zona Sul. É oferecido ainda atendimento psicossocial, lavanderia para higienização, banho, guarda-pertences e atividades sociais.
  • O Serviço de Acolhimento Institucional Amine Daou Lindoso (SAI Amine Daou) oferta serviços de acolhimento na modalidade de Casa de Passagem, com funcionamento 24 horas, com atendimento integral que garanta condições de estadia, convívio, endereço de referência, resgate do exercício da cidadania, a partir de encaminhamentos para inclusão escolar, cadastro para inserção no mercado de trabalho, contribuindo para a construção de um projeto de vida pautado na autonomia e no resgate da identidade social e comunitária.

A Semasc possui também seis Cozinhas Comunitárias que atendem públicos diversos, entre eles, as pessoas em situação de rua. Em cada cozinha são servidas 200 refeições diariamente.

 

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