Manaus, 26 de abril de 2024
×
Manaus, 26 de abril de 2024

Cidades

Vereadores e população questionam a redução da frota de ônibus

Assunto foi tema de debate nesta segunda-feira, 23, no plenário da Câmara Municipal de Manaus

Vereadores e população questionam a redução da frota de ônibus

Vereadores de Manaus repercutiram redução da frota de ônibus (Foto: Carlos Bolívar/Amazonas1)

A redução da frota de ônibus completou uma semana nesta segunda-feira, 23, e foi um dos principais debates no plenário da Câmara Municipal de Manaus (CMM) entre os vereadores da casa. Sem previsão de normalizar a frota em 100%, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) alega que essa redução foi ocasionada pela falta de verba para comprar diesel e que “está se esforçando para manter a operação da frota com a receita disponível”.

Para o vereador Jaildo dos Rodoviários (PCdoB), as empresas precisam esclarecer a falta de recursos, uma vez que elas detém 40% da verba arrecadada pelo sistema.

Usuários do transporte coletivo são os mais prejudicados com a redução da frota de ônibus (Foto: Carlos Bolívar/Amazonas1)

“A frota está reduzida mesmo porque eles [empresários] alegam que não têm dinheiro para pagar diesel, sendo que as empresas não estão mais pagando nada, quem está pagando a folha é a prefeitura e as empresas estão ficando com 40%. Esses 40% a gente quer saber o que está sendo feito”, destacou.

A Comissão de Transporte, Acessibilidade e Mobilidade Urbana da casa vai realizar uma fiscalização em uma das empresas, nesta terça-feira, 24, para constatar quantos ônibus a empresa possui e quantos estão saindo da garagem. Além disso, os parlamentares também estudam outros meios para que o problema seja resolvido.

Oposição na CMM, o vereador Chico Preto (PMN) informou que está acompanhando a situação e acredita que a solução seja cobrar a Comissão Interventora sobre o que vem sendo feito no sistema de transporte. O parlamentar questionou a falta de transparência da prefeitura em divulgar os dados e a falta de interesse dos próprios colegas sobre o assunto.

“O que está me incomodando é a falta de transparência da prefeitura sobre o relatório, já está vencendo o segundo e não vimos ainda nem o primeiro. A minha ação é cobrar o relatório. Somos 41 vereadores, mas eu sou só um, eu tento alcançar todas as dinâmicas (…), mais uma representação no Ministério Público? É lamentável que a Câmara tenha instrumentos para tomar providência e não o faz por conta do processo político, a maioria representa outros interesses. Cadê a frota? quem sabe ao longo da semana, mais uma representação no MP é o que a gente pode fazer”, desabafou.

Já para o líder da prefeitura na Câmara, vereador Marcel Alexandre (PHS), a redução da frota é uma retaliação à intervenção que vem sendo realizada pela prefeitura e que um levantamento está sendo realizado para atestar a real situação do transporte.

“Tem uma questão política, estamos em um palanque eleitoral e a serviço das famosas ‘coisas sombrias’, que estão por detrás. São atos políticos que infelizmente ferem interesses da sociedade”, destacou, e acrescentou: “Se eles não estão prestando o serviço, o prefeito pode acionar outras formas, como executivo e alternativo, que se abra para aquelas áreas que estavam restritas contanto que a população não fique sem o serviço”.

População sofre com espera

Usuário assíduo do transporte coletivo, o autônomo Maycon Lúcio, de 28 anos, tem se atrasado para os compromissos devido o tempo de espera prolongado pelo ônibus.

“A gente sai de casa se programando para chegar em determinado horário, mas não consegue. Eu costumava esperava em torno de 40 a 45 minutos. Nos últimos dias eu chego a esperar mais de uma hora para conseguir pegar ônibus e geralmente passa lotado. Eu espero que o prefeito tome uma medida de imediato porque é a população que está pagando caro”, destacou.

Ainda segundo Maycon, as empresas estão de fato realizando um boicote à intervenção, já que recebem auxílio para compra de combustíveis. Uma das soluções apontadas pelo autônomo é que o próprio executivo municipal adquira sua frota e dispense as empresas.

Já para a autônoma Matilde Santos, que atravessa a cidade para fazer um curso, o problema tem prejudicado sua rotina diária. Todos os dias ela sai do Jardim Mauá, zona Sul, até o bairro São Jorge, zona Oeste, para fazer um curso.

“Eu estou esperando até quase 2 horas para pegar o ônibus e ir para casa. Eu espero que alguma medida seja tomada porque os prejudicados somos nós, passageiros que dependem do coletivo para ir pro curso, voltar pra casa”, destacou.

MP está monitorando a situação

A 81ª Promotoria de Defesa do Consumidor (81ª Prodecon) está acompanhando a situação e vai enviar um ofício ao Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) pedindo informações sobre a diminuição da frota, com base no sistema de bilhetagem eletrônica.