Manaus, 2 de maio de 2024
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Cenário

Marcelo Ramos diz que a esquerda em Manaus está destruída

Ramos diz que a esquerda precisa de reconstrução, a começar pela câmara de vereadores, ou seja, precisa arrumar a ala para esta possa ser reerguida.

Marcelo Ramos diz que a esquerda em Manaus está destruída

(Foto: Reprodução/Redes sociais - @marceloramos)

Manaus (AM) – Questionado sobre a situação da esquerda, hoje, em Manaus, em relação à ala não ter um pré-candidato progressista na disputa pela Prefeitura, o ex-deputado federal Marcelo Ramos (PSB) afirmou, em entrevista à jornalista Rosiene Carvalho, nessa segunda-feira (18), que há um esvaziamento porque a esquerda está destruída na capital.

Marcelo Ramos argumentou que, para entender a situação, é necessário analisar o cenário, uma vez que os políticos eleitos pela esquerda atualmente não têm o perfil da categoria e, por isso, as movimentações entre partidos começaram acontecer. Marcelo Ramos ainda destaca que devido ao processo de reconstrução da esquerda, o bolsonarismo cresceu na capital.

O ex-deputado federal destaca que a esquerda em Manaus teve seu “momento de glória”, e até elegeu o deputado federal mais votado do pleito em 2018, que foi Zé Ricardo (PT), no entanto, em 2022, não conseguiu alcançar o quociente eleitoral, apesar de ter vários nomes fortes como o petista Zé Ricardo, Vanessa Grazziotin (PCdoB) e outros. Para Ramos, é necessário reorganizar a bancada pelo início, como na Câmara Municipal de Manaus (CMM), por exemplo.

“Eu acho que o processo de reconstrução passa por qualificar a presença dos partidos de esquerda na Câmara de Vereadores, e uma candidatura como a do [ex] deputado Zé Ricardo a vereador — e eu acho que a inclinação dele, hoje, é essa —, acho que tende a organizar uma bancada do PT, e aí, sim, iniciar o processo de reconstrução da esquerda. O fato é que a esquerda em Manaus, no Amazonas, está destruída”, afirma Ramos.

Militância fragilizada

Para Marcelo Ramos, a militância da esquerda está muito fragilizada e tampouco houve renovação nos últimos anos.

“Eu sou muito observador, e olho as fotos das reuniões do PCdoB, dos eventos e são as mesmas caras, e eu saí em 2007. Eu olho das reuniões do PSB e são as mesmas caras de quando eu estava lá. Então, não há um processo de renovação porque o sindicalismo está muito fragilizado, porque o movimento estudantil está muito fragilizado, porque você tem pouca luta popular”, relata.

Apesar dessa fragilidade na esquerda, Ramos acredita que não se deve ignorar o papel que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai ocupar nesta eleição, embora acredite que o bolsonarismo tenha muito mais força.

“Eu acho que, daqui para lá, os resultados econômicos dele [Lula] são muito positivos e isso, em algum momento, vai refletir em popularidade, e isso vai significar alguma coisa. Não acho que ele será o player mais importante dessa eleição. Eu não tenho dúvida de que o maior cabo eleitoral em Manaus, me dói dizer isso, será o ex-presidente Bolsonaro”, explica.

Sombra

Marcelo Ramos afirma ainda que é muito difícil assumir cargo de liderança na esquerda amazonense e, por experiência própria, sabe como é estar na sombra de outros nomes.

“A esquerda produziu muitos quadros que foram esmagados ela própria esquerda e buscaram outros caminhos. Hoje, eu tenho uma ótima relação com a [ex] deputada Vanessa, com o [ex] senador Eron Bezerra, hoje, eu tenho uma boa relação com eles, mas eu sei como era difícil ser sombra deles quando eu estava no PCdoB. Então é muito difícil o surgimento e a projeção de novas lideranças dentro do grupo de esquerda. […] Eu acho que os quadros que são projetados na esquerda são quase que botados para fora por conta desse controle que esses líderes tradicionais têm”, relatou Marcelo.

O político afirma, ainda, que enquanto não houver uma reforma partidária, “todo o resto é brincadeira”, pois todos os partidos são cartoriais, exemplificando que, no Amazonas, os partidos são liderados pelos mesmos nomes há mais de 10 anos. “Com um negócio desse como surge nova liderança? Não surge nem novo presidente de partido, como é que vai surgir novo vereador?”, analisa.

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