Manaus, 10 de maio de 2024
×
Manaus, 10 de maio de 2024

Economia

Mesmo com preços acessíveis, a procura por passagens aéreas diminui em Manaus

A redução das viagens e dos preços das passagens aéreas foi sentida não só pelos compradores, mas pelas agências de viagens

Mesmo com preços acessíveis, a procura por passagens aéreas diminui em Manaus

Foto: Márcio Silva/Amazonas1

Manaus – Após um ano da pandemia de covid-19, quase todos os setores da economia sofreram duras quedas. Um dos setores mais afetados foi o setor de viagens aéreas, uma vez que a crise sanitária bloqueou a vontade de muitas pessoas viajarem.

Conforme levantamento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), até o final de fevereiro de 2021, a demanda por voos caiu 38,5%, se comparado a fevereiro de 2020, quando a covid-19 foi declarada pandemia. O levantamento da agência também mostra que o número de passageiros transportados caiu para 4,32 milhões, queda de 43,4% em comparação com fevereiro do ano passado.

Leia mais: Viagens aéreas marcadas até final de outubro podem ser adiadas sem multa, diz Procon-AM

As companhias aéreas, entretanto, não foram as únicas a sofrer com a pandemia. A crise também chegou às agências de viagens. De acordo com Ivan Quadros, proprietário da agência de viagens Oceano Trips, de Manaus, o aumento no número de casos levou a uma queda absurda na compra de passagens.

“Desde o ano passado, o segmento do turismo sofreu um forte impacto. Além da queda nas vendas, muitos clientes decidiram remarcar e alterar as suas passagens por causa do risco de exposição ao vírus”, afirmou o empresário, que trabalha no ramo há três anos.

O impacto da redução das vendas também foi sentido na empresa de Ivan: ele foi obrigado a demitir funcionários para que a empresa continuasse funcionando. “Hoje, de fato, eu só tenho um funcionário da empresa. As outras pessoas que trabalham comigo são somente freelancers“, afirmou.

Saúde como prioridade

O cantor Júlio Persil foi um dos que decidiu não viajar por conta da pandemia. Ele tinha três viagens marcadas, sendo a última para fevereiro de 2021. No entanto, devido ao agravamento da pandemia, ele decidiu cancelar as viagens.

“Eu tinha três viagens marcadas para o ano passado. Das três, só fiz uma, para Belém, logo no começo da pandemia. Mas, decidi não fazer as outras viagens, porque meus pais já têm uma certa idade, e sem vacina, as coisas ficam muito mais complicadas”, disse.

Queda na venda de passagens foi causada principalmente pela pandemia do novo coronavírus. Foto: Márcio Silva/Amazonas1

Em fevereiro de 2021, Júlio faria uma viagem por todo o Nordeste, incluindo destinos como Recife e Maceió. Entretanto, decidiu cancelar a viagem no exato momento em que a segunda onda se agravou.

“Eu estaria saindo do Amazonas, onde foi descoberta essa nova cepa, muito mais grave que o vírus original. Além do mais, o número de casos no Nordeste estava começando a aumentar. Por causa disso, preferi preservar a minha saúde e deixei de viajar”, conta.

Queda nos preços

No entanto, não foi somente as vendas que caíram no período. As empresas aéreas também passaram a vender as passagens a preços menores do que os praticados em anos anteriores. Segundo a Anac, a tarifa média das passagens aéreas ficou em R$ 376,29 até dezembro de 2020. Comparado a dezembro de 2019, quando a tarifa média foi de R$ 439,89, a queda foi de 14,5%.

Mesmo com a queda nas vendas, os preços menores foram um atrativo para os clientes da Oceano Trips. Segundo Ivan Quadros, os valores das companhias ainda estavam em consonância com os valores praticados pela sua agência.

Queda na venda das passagens proporcionou muitas aquisições, principalmente no começo de 2021. Foto: Márcio Silva/Amazonas1

“No final de 2020, as companhias passaram a oferecer preços mais atrativos. Consequentemente, passamos a vender mais, mas ainda com muita cautela. Muitos dos destinos que as pessoas solicitam ainda enfrentam particularidades em relação à doença”, explica o empresário.

Para Ivan, nada vai ser como antes. Ele afirma que ainda há uma dependência de como os governos dos destinos mais procurados estão lidando com a pandemia. “A retomada tem sido gradativa. Há destinos que estão voltando ao normal, e em outros, os casos estão aumentando de forma assustadora. Alguns lugares estão até em um lockdown parcial, o que impacta diretamente nos nossos processos”, salientou.