

A investigação foi aberta em função do registro de um caso envolvendo uma adolescentes, no Amazona (Secom)
Jhulli Ferreira
Da Redação
O Ministério Público do Estado (MP-AM) publicou a Portaria 048.2017/2017, instaurando um procedimento preparatório para investigar a existência de reações adversas à vacina contra o Papiloma Vírus Humano (HPV), no Amazonas, que não divulgadas, sobretudo com o possível desencadeamento de doenças autoimunes. A abertura da investigação está disponível no Diário Oficial do MP-AM, publicado no último dia 13 de setembro.
A publicação traz o caso envolvendo uma adolescente que, segundo informações obtidas junto ao Ministério Público, foi vacinada pela rede pública de saúde e apresentou reações graves à vacinação. No mesmo procedimento preparatório, o MP-AM, também, abre uma apuração para buscar informações sobre a falta de atendimento médico adequado dispensado à garota.
Segundo o Diário Oficial do Ministério Público, a investigação será conduzida pela 58ª Promotoria de Justiça Especializada na Defesa dos Direitos Humanos à Saúde Pública sob a coordenação da promotora Silvana Nobre de Lima Cabral.
De acordo com o MP-AM, o caso foi aberto com base no recebimento da Notícia Fato n.° 1803/2017, registrada no MP Virtual, sob o n.° 014.2017.000042, que “denuncia supostas reações adversas à vacina contra HPV em menor em estado grave, que ainda não obteve diagnóstico, tampouco tratamento adequado”.
A vacina
A imunização contra o HPV previne a transmissão do vírus causador do câncer do colo do útero, contraído por relações sexuais, contato direto com peles ou mucosas infectadas e no momento do parto.
De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina protege, em até 98,8%, contra quatro subtipos do HPV, sendo que dois deles são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero em todo o mundo.
No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê o surgimento de 15 590 novos casos desse tipo de câncer e aproximadamente 4 800 óbitos apenas neste ano. Segundo o Ministério da Saúde, a vacina contra o HPV não substitui a necessidade de exames ginecológicos preventivos.
Doenças autoimunes
As doenças autoimunes são um grupo de doenças distintas que têm como origem o fato do sistema imunológico passar a produzir anticorpos contra componentes do nosso próprio organismo.
Por motivos variados e nem sempre esclarecidos, o nosso corpo começa a confundir suas próprias proteínas com agentes invasores, passando a atacá-las. Portanto, uma doença autoimune é uma doença causada pelo nosso sistema imunológico, que passa a funcionar de forma inapropriada.
Conforma dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as principais doenças autoimunes são a diabetes tipo 1, lúpus, artrite reumatoide, doença de Crohn, esclerose múltipla, vitiligo, tireoidite de Hashimoto, psoríase, hepatite autoimune, anemia hemolítica autoimune e cirrose biliar primária.
Baixa adesão
O Amazonas registrou baixa adesão na última campanha de imunização contra o Papiloma Vírus Humano, realizada em julho deste ano. Somente 39% das 233 mil meninas que deveriam ser imunizadas foram vacinadas na primeira dose. Entre os meninos, a cobertura da primeira dose é inferior e equivale a 26% do total de 160 mil. As informações são da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).
Em 2016, o total de 257 pessoas residentes no Amazonas morreram vítimas de câncer de colo de útero. Em 2015, foram 274 mortes e no ano anterior, 2014, foram 287. Em Manaus, foram 175 mortes de pessoas residentes em 2016. No ano anterior, foram 189. Já 2014 registrou 216 óbitos na capital.
Segundo informações da FVS, o Amazonas foi o primeiro estado do país a disponibilizar a vacina contra o HPV em 2013 para meninas de 11 a 13 anos. O Ministério da Saúde passou a disponibilizar em 2014 a vacinação para meninas de 12 a 14 anos e em 2017 o órgão ampliou a vacinação para meninos de 11 a 14 anos.
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