Manaus, 2 de maio de 2024
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Manchete

Professores dizem que fazem ‘vaquinha’ e vendem picolé para pagar por cópias

Professores dizem que fazem ‘vaquinha’ e vendem picolé para pagar por cópias

Inconformados com o contrato de R$ 5,9 milhões firmado pela Prefeitura de Manaus com uma empresa do Rio de Janeiro para impressão e reprodução de documento para uso da Secretaria Municipal de Educação (Semed), professores do município dizem que precisam fazer ‘vaquinha’ entre os alunos ou tirar dinheiro do próprio bolso para pagar cópias de atividades e provas.

Professores ficaram indignados com contrato milionário da Semed com empresa carioca (Foto: Alex Pazzuelo e Divulgação/Semed)

A queixa dos professores da rede de ensino, por meio das redes sociais, se deu após a publicação da matéria do Amazonas 1, no último domingo (17), sobre o contrato milionário para ‘xerox’ firmado pela Semed com a empresa Mac Indústria, Comércio, Serviço e Tecnologia da Informática, assinado no dia 9 de novembro e com validade de um ano.

Em um dos comentários, uma professora assegura que já vendeu picolé para comprar material para trabalhar com alunos em sala de aula. “Sinceramente não entendi essa da prefeitura. Se para nós professores podermos reproduzir atividades, temos que vender picolé ou fazer cineminha para comprar tinta, papel ou até consertar a copiadora se der problema. Pode ter certeza que esse dinheiro está indo para outro canto”, desabafou.

Segundo o presidente da Associação de Professores de Manaus (Asprom), Lambert Melo, é corriqueiro dentro de sala de aula que os professores e os próprios alunos arquem com os custos de cópias para atividades e provas, caso o professor deseje fazer um trabalho de ensino ‘mais elaborado’.

“Em todas as escolas isso acontece. Não há uma determinação, mas há a orientação que os gestores passam para os professores, de que, a prioridade para reprodução de cópias é dos documentos administrativos das secretarias das escolas, e o professor fica com o que ‘sobra’ da cota de cópias que cada escola tem”, explicou Melo ao acrescentar que existe uma quantidade pré-estabelecida pela Semed de reprodução e impressão que as escolas podem fazer por mês.

Sobre o contrato firmado pela Prefeitura de Manaus, o presidente da Asprom disparou: “Isso é uma caixa preta, nunca tivemos acesso aos contratos. Ao nosso ver, é uma forma de justificar gastos e desviar recursos. O que chega as escolas é uma quantidade pequena, mas é difícil provar, porque não temos acesso aos contratos. Os contratos seriam justificados se chegassem a escola para melhorar a qualidade do ensino”, concluiu.