Manaus, 17 de maio de 2024
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Brasil

Novo Ensino Médio divide opiniões entre educadores

O que une os profissionais quem têm opiniões diferentes é a necessidade de mais informações sobre o novo modelo de ensino médio

Novo Ensino Médio divide opiniões entre educadores

Novo Ensino Médio (Foto: Arthur Castro/Secom)

Em vigor desde 2022 e com previsão de implantação em todas as salas de aula até 2024, o Novo Ensino Médio cria uma divisão entre educadores. A ideia de que o estudante tenha pleno direito de “desenhar” sua trajetória de ensino, fazendo seu itinerário formativo seguindo suas aptidões recebe críticas antagônicas e o debate se acalora.

O que une esses profissionais é a necessidade de mais informações para educadores e o público alvo.  

Uma pesquisa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi) sobre as mudanças curriculares aponta que 55% da população está pouco ou nada informada sobre o modelo.

Ainda segundo a pesquisa, apenas 15% está informada ou muito informada e, daqueles que tomam conhecimento sobre o assunto, mais de 70% tornam-se favoráveis a ele, pelo menos em uma primeira vista. 

Entre as principais mudanças estão: o aumento da carga horária, a possibilidade de escolha da área na qual o aluno deseja se aprofundar e a realização de cursos técnicos durante os estudos. 

A reforma propõe que parte das aulas será comum a todos os estudantes, tendo como formato a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A outra parte da formação será de escolha dos próprios alunos, que criarão um itinerário para aprofundar o aprendizado, podendo enfatizar suas áreas de interesse.

As opções para essa ênfase abraçam atualmente às áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico.  

Educadores questionam 

De acordo com Arison Santos, professor de Química na rede pública estadual, a reforma prejudicaria o aprendizado, principalmente pela readequação do tempo de aula exigido para cada disciplina e a falta de capacidade das escolas em fornecer equipamentos e laboratórios adequados a essas práticas. 

“É complicado, trabalho com disciplina de química, enquanto a quantidade de aulas se reduz, a quantidade de conteúdo, não. Para completar a carga horária, estão nos dando outras disciplinas como trilhas eletivas e outras. Se o estudante já tinha dificuldades com três aulas de química no 2⁰ ano, imagina agora, com apenas uma?” questiona o professor.

Ainda na opinião de Santos, faltou uma consulta à população e mais esclarecimentos sobre o projeto com um viés mais profissionalizante. “Acredito que a comunidade não participou da elaboração deste projeto chamado Novo Ensino Médio. A estória de dizer que estudante vai escolher o que estudar, não está acontecendo para as disciplinas da BNCC”, disse. 

Para a professora Andreza Pedroso, o  Novo Ensino Médio é a oportunidade do aluno tornar-se o protagonista da sua própria vida ainda no ensino regular. Segundo a professora, para isso foram necessárias várias mudanças no currículo, tornando-o flexível, permitindo uma reflexão pessoal, social e profissional.

“Isso torna o Novo Ensino Médio diferenciado. As mudanças também aparecem em forma de qualificação profissional, o que é muito importante porque a maioria dos jovens precisa entrar no mercado de trabalho logo após o Ensino Médio e essa capacitação os ajudará nesse processo”, disse a educadora. 

Andreza também elenca a falta de esclarecimento como gerador de críticas ao novo modelo de ensino.

“O que se percebe é que a maioria das pessoas está atenta somente para o resultado final, que é o aluno formado no ensino médio com uma profissão. Porém, para que isso aconteça, é preciso que mudanças ocorram no processo, como o autoconhecimento, que passa a ser essencial, assim como a necessidade de ser autocrítico e a capacidade de tomada de decisões”, encerra. 

Mudança gradual e escalonada 

A implementação do Novo Ensino Médio ocorrerá de forma escalonada até 2024. A ampliação da carga horária para, pelo menos, cinco horas diárias iniciou em 2022, a partir do 1º ano do ensino médio. Pela lei, para que o novo modelo seja possível, as escolas devem ampliar a carga horária para 1,4 mil horas anuais, o que equivale à sete horas diárias. 

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