Manaus, 13 de maio de 2024
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Manaus, 13 de maio de 2024

O Brasil em estado de emergência

A miséria tem crescido, a inflação avançou, o desemprego continua grande, a política do 'toma lá dá cá' ficou mais exposta

Por Carlos Santiago*

A incompetência, a corrupção, o autoritarismo, o patrimonialismo, a política do ódio e a luta fratricida de grupos políticos levam o Brasil a terminar o ano de 2022 em estado de emergência, na “UTI” dos absurdos, uma demonstração de como as decisões erradas fazem muito mal ao país.

Há treze anos, por exemplo, o país não tem crescimento econômico. A miséria tem crescido, a inflação avançou, o desemprego continua grande, a política do “toma lá dá cá” ficou mais exposta, a máquina pública ficou mais cara e o Congresso Nacional está a todo vapor aprovando leis para livrar malfeitores.

Nesse período, o Brasil foi governado por partidos e políticos de ideologia de esquerda (Dilma), de centro (Michel Temer) e de direita (Bolsonaro), com desastres econômicos e sociais, causados por decisões políticas. Agora, o Congresso Nacional corre para aprovar a Proposta de Emenda Constitucional – PEC do Estado Emergência, com forte apelo eleitoral e uma tentativa de salvar o ano de 2022 que caminha para uma retração econômica.

Segundo o site do Senado Federal, entre os benefícios trazidos pela PEC do Estado de Emergência, que durará até o final do ano, com gasto de recursos estimado em R$ 41,25 bilhões, estão: a expansão do Auxílio Brasil e do vale-gás de cozinha; a criação de auxílios aos caminhoneiros e taxistas; a gratuidade de transporte coletivo para idosos; a concessão de créditos tributários para o etanol; e para reforçar o programa Alimenta Brasil.

O Estado de Emergência, via PEC, objetiva, também, driblar o teto de gastos definidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, inclusive, para um governo no fim de mandato; e os impedimentos impostos pela legislação eleitoral que visa o equilíbrio na disputa eleitoral entre os candidatos, pois o estado de emergência é uma excepcionalidade.

Nos últimos treze anos, aconteceram crises econômicas internacionais, pandemia de Covid-19 e conflitos políticos internos, com mudanças de investimentos do capital internacional, com o impedimento da Presidência da República, com mortes de milhares de pessoas por Covid-19 e com prisões de políticos por membros do Poder Judiciário. Mas será que isso tudo é responsável pela grave situação do país?

A maioria do eleitorado buscou acertar, nas últimas décadas. Votou em candidatura de esquerda, de centro e de direita. Votou em políticos jovens e em políticos antigos. Votou no discurso do novo, no discurso do diferente, no discurso da antipolítica e no discurso do combate à corrupção. Novos quadros políticos foram eleitos para as casas legislativas. Então, por que estamos nessa situação?

É preciso ir fundo nas raízes do Brasil. Entender o país de ontem e de hoje. Um Brasil de tradição autoritária, elitista, violenta, excludente, preconceituosa, intolerante e machista que está na política, na econômica, nas religiões e nas relações entre pessoas no cotidiano.

Novas eleições em 2022, bandeiras, bandeirolas e velhas narrativas estão nas ruas e nas casas. O Estado de Emergência, em plena eleição, pode ser o estágio terminal de um período e até de uma tradição para que haja o início de novos tempos. Talvez… um dia o Brasil poderá ser um país melhor para qualquer brasileiro viver.

Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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