O que Jesus comia? Bíblia aponta que Messias poderia ser pescetariano

Filme: A vida de Jesus Cristo/ Reprodução/ YouTube

Manaus (AM) – Na Sexta-Feira Santa, quem é católico segue a recomendação da Igreja de não consumir carne vermelha ou de frango, sendo permitido apenas o consumo de peixe. A tradição, que teve origem na Idade Média, no pontificado de Nicolau I, surgiu devido à prática de jejuar todas as sextas-feiras. Mas e Jesus, do que ele se alimentava nessa época?

O peixe foi a única proteína animal que Jesus comeu de acordo com a Bíblia, aparecendo também como parte de milagres conhecidos pela comunidade cristã.

Quando relacionamos as escrituras sagradas com o contexto histórico da época, encontramos a tilápia, peixe relatado em muitos estudos históricos como sendo encontrado com facilidade na região.

Até hoje, o peixe é comercializado aos turistas que visitam o Mar da Galiléia e apelidado como “Peixe de São Pedro”, com alusão ao pedido de Jesus a Pedro relatado em Mateus 17, quando o Messias solicita que o discípulo que pescasse um peixe, dito pelos historiadores como sendo a tilápia, que na ocasião estaria com uma moeda em boca, que posteriormente poderia arcar com os impostos cobrados aos estrangeiros, em Cafarnaum, onde Cristo passaria em uma de suas missões.

O peixe era a matéria-prima da economia pesqueira da Galiléia, e só em momentos de celebração que se comia o peixe inteiro. Nos demais dias, comia-se farinha de peixe misturada com trigo, uma espécie de pirão, o que reforça a ideia de que não apenas Jesus era pescetariano, mas grande parte da população da época.

Além de peixe, a Bíblia também afirma que Jesus também consumia frutas, verduras, legumes, leguminosas (feijão, lentilha), pão integral, óleos vegetais, especialmente o azeite, além do consumo moderado de vinho.

Mas e o cordeiro servido na Páscoa?

É uma tradição judaica que cada família sacrifique e asse um cordeiro, servindo-o com ervas amargas e pão sem fermento, conforme recomendado no livro de Êxodo. E na época de Jesus, mesmo com a carne de cordeiro sendo cara, é possível que mesmo uma vez ao as famílias fizessem a refeição no período da Páscoa.

Entretanto, a Bíblia relata, em Lucas 22, que a Santa Ceia realizada entre Jesus e seus 12 discípulos foi realizada à base de pães e vinhos, simbolizando o corpo e o sangue de Cristo como o próprio cordeiro, que no dia seguinte fora sacrificado.

No versículo 8, por exemplo, Jesus fala para Pedro e João irem preparar a refeição da “Páscoa”. Mais adiante, no versículo 15, o Messias afirma que desejou ansiosamente “comer a Páscoa” com os discípulos “antes de sofrer”.

Há estudiosos que também defendem que Jesus era contra o sacrifício de animais, com base no livro de Isaías 66, que diz:

“Mas aquele que sacrifica um boi, é como quem mata um homem; aquele que sacrifica um cordeiro, é como quem quebra o pescoço de um cachorro”.

Peixes não sangram como o ‘Cordeiro’

Quanto à separação do peixe para os demais animais, de acordo com a Paróquia São Sebastião, da Bahia, se difere pela temperatura do sangue de cada bicho, pois os peixes, diferentemente das outras espécies, não têm o “sangue quente”.

“Por sua vez, os animais de carne vermelha e as aves são homeotérmicos. Ou seja, o sangue deles é quente, assim como o sangue que Nosso Senhor derramou na cruz. Peixes também, em geral, não morrem derramando sangue, como Jesus”, explica a paróquia.

O que a Igreja Católica recomenda?

Nos dias atuais, a Igreja Católica recomenda o jejum à base de peixe; os feriados de Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa. Além disso, a igreja diz que a carne vermelha deve ser evitada em todas as sextas-feiras da Quaresma. Mas isso não quer dizer ficar sem comer. O jejum é recomendado para pessoas de 18 a 58 anos e representa fazer apenas uma refeição completa durante o dia, até a saciedade.

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