A retirada dos subsídios sobre o diesel utilizado nos ônibus do transporte coletivo de Manaus, aumentando em 26,67% a tarifa, no início deste ano, mostrou que o Poder Público precisa buscar alternativas de combustível para o sistema. Alternativa essa que além de econômica precisa ser acima de tudo sustentável.
Amplamente utilizado em vários países no serviço de transporte coletivo, o Gás Natural Veicular (GNV) foi uma das principais opções de combustível para o sistema em Manaus, apresentada por mim durante a minha legislatura (2013-2016). Uma alternativa que pode reduzir em até 80% os gases poluentes e baratear em até 50% o custo da passagem de ônibus para o usuário.
No Brasil, o GNV foi testado e aprovado, no ano passado, em uma capital que tem o 10º. Produto Interno Bruto (PIB), Recife (PE), quatro posições abaixo de Manaus (capital com o 6º. PIB brasileiro). Recife até então não tinha histórico de inovação no transporte coletivo como Curitiba (PR) e também não está entre as capitais mais ricas do Brasil, contudo, teve a coragem de ousar e antecipar a necessidade mundial imposta pelas mudanças climáticas, cujo o Estado do Amazonas foi o primeiro a publicar uma legislação que trata do tema (Lei Estadual 3.135/2007).
Porém antes de se falar a respeito da economia que o GNV pode trazer ao bolso do usuário de transporte coletivo, é preciso se explicar os tipos de gases poluentes gerados pelos ônibus que usam o combustível convencional e os malefícios que eles causam, como monóxido de carbono (CO), gás sem cor ou cheiro que provoca dor de cabeça e redução da capacidade respiratória; hidrocarbonetos (HC), são compostos orgânicos como metano e benzeno, que podem ser cancerígenos em grande concentração.
O dióxido de enxofre (SO2), resulta da queima do enxofre, que está em maior concentração no diesel. Reduz a visibilidade e causa a chuva ácida, que provoca a corrosão de construções e a destruição da vegetação; óxidos de nitrogênio (NOx), formam oxidantes como o ozônio (O3), que provoca irritação nos olhos e no sistema respiratório. Contribuem para o efeito estufa; e o material particulado (MP), inclui fuligem, poeira, a fumaça e todo material suspenso no ar, gerados principalmente pelo motor a diesel.
Somente com as constatações dos graves problemas que os gases poluentes podem causar ao ser humano e ao meio ambiente já obrigaria – pela legislação ambiental de mudanças climáticas – o Poder Público a rever novas alternativas de combustível para os ônibus, porém, temos também a economia que a conversão do sistema pode gerar no custo do serviço e, consequentemente, no preço da tarifa.
Dependendo da localização do posto de combustível, o litro do diesel custa, atualmente, em Manaus, aproximadamente, R$ 3,20, pelo menos 20% mais caro que o GNV, que na capital amazonense você encontra de até R$ 2,60. Considerando, também, que a manutenção de um veículo a gás é 30% mais econômica que um veículo movido a diesel, as empresas teriam pelo menos 50% de custo cortado e isso poderia ser repassado ao consumidor final do serviço.
Agora, ficam as grandes questões: por que até hoje as empresas de ônibus não levantaram um debate mais concreto sobre a possibilidade de utilização do GNV? O que faz os empresários e o município insistirem em um combustível tão caro e poluente se existe uma alternativa cessível sendo utilizada, inclusive, por uma capital brasileira com uma economia inferior a de Manaus? Essas respostas precisam ser cobradas pelo cidadão que não suporta mais pagar tanto por um serviço que além de ser ineficaz atua contra a sua própria vida.
*Everaldo Farias é dirigente nacional do Partido Verde (PV), ex-parlamentar e militante das questões socioambientais. Contato: [email protected]
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