Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Cidades

Pacientes são tratados com descaso por servidores de UBS de Manaus

Usuária do sistema de saúde relatou que foi tratada com descaso junto com a avó e a mãe, idosas, por servidores de UBSs de Manaus

Pacientes são tratados com descaso por servidores de UBS de Manaus

Na primeira imagem, é possível ver o momento em que uma servidora debocha do vídeo gravado. Foto: Reprodução

MANAUS, AM – Não bastasse o caos na alta procura pela testagem da covid-19 em Manaus, os usuários do sistema público de saúde ainda precisam conviver com o mau atendimento prestado por servidores da rede municipal de saúde. Foi o que aconteceu na última terça-feira (18) e nesta quarta-feira (19), com a população que procurou atendimento e testagem nas unidades básicas de Saúde (UBS’s) da zona Sul de Manaus.

A atleta Tayrine Lacerda, de 33 anos, procurou atendimento na UBS Vicente Pallotti, no bairro Praça 14 de Janeiro, mas foi tratada com rispidez e deboche pelas servidoras da unidade. Ela relatou sintomas que apontavam para a covid-19, e foi junto com a avó, de 75 anos, e a mãe, de 57 anos, para procurar atendimento tanto para ela como para as duas senhoras, que estão no grupo de risco da doença.

Tayrine, no entanto, relatou que ao chegar na UBS, por volta das 15h de terça-feira o cenário foi de completo descaso por parte das técnicas e enfermeiras. Segundo ela, uma das técnicas chegou a chamar uma paciente que estava no local em busca de atendimento de “doida”, e disse que se os pacientes quisessem ficha de atendimento, era para terem ido na parte da manhã.

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“Elas trataram a gente com um deboche tão grande que eu me senti muito mal. Faziam caras e bocas para os pacientes, tratando com rispidez. Disseram que estavam cansadas fisicamente, e que não iam mais atender ninguém. Só que da feita que os pacientes viraram as costas, elas começaram a ficar rindo da cara de todo mundo, num descaso infinito. Eu me senti extremamente desrespeitada”, afirmou a atleta.

Veja o vídeo

Vídeo: Arquivo pessoal/Tayrine Lacerda

Suposta falta de testes

A peregrinação de Tayrine com a avó e a tia continuou nesta quarta-feira, mas desta vez, na UBS do Morro da Liberdade. A usuária chegou pela manhã à unidade de saúde, e foi informada que, no local, não estavam sendo realizados testes de covid-19.

No entanto, ela se deparou com uma situação estranha: ela viu o momento em que um senhor e dois jovens, supostamente filhos dele, entraram pela porta dos fundos da unidade e se dirigiram para a sala de testes. Minutos depois, eles saíram da sala e se dirigiram para uma sala de espera, e logo em seguida, uma servidora lhes entregou o que parecia ser um resultado do teste de covid-19.

“Eu achei surreal, e só depois que me dei conta do que estava acontecendo. A gente foi informado que não tinha teste, que não tinha nada disponível, e do nada, aparece um homem, entra pela porta dos fundos, faz o teste e sai já com o resultado? Foi uma falta de respeito tremenda com quem estava precisando, que não tem condições de fazer o teste nem nada”, lamentou.

Tayrine flagrou o momento em que o homem sai acompanhado por dois jovens pelos fundos da UBS. Foto: Arquivo pessoal/Tayrine Lacerda

Ainda na UBS do Morro, Tayrine disse ter passado por outras situações mais constrangedoras. Ela relatou que conseguiu ser atendida por um médico, mas este teria dito que não avaliaria sua tomografia de tórax, mesmo ela relatando falta de ar. O sintoma, inclusive, é um indicativo de gravidade de covid-19, e durante a segunda onda, foi um dos mais relatados por pacientes.

“Eu não tinha dinheiro pra fazer o exame, e resolvi fazer uma cota entre os meus amigos pra que eu pudesse fazer, porque estava bastante preocupada. O resultado saiu, entreguei para o médico, e ele simplesmente se recusou a ver a tomografia. Disse que só ia olhar se eu estivesse internada, e que se eu quisesse uma avaliação da covid-19 pela tomografia, que eu fosse num hospital particular”, disse ela, desanimada.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), pedindo esclarecimentos a respeito do assunto. A pasta informou que “não coaduna com práticas que não condigam com as orientações da gestão de acolhimento e atendimento aos usuários”.

“A orientação, em casos dessa natureza, é que o usuário abra manifestação junto à Ouvidoria Municipal do Sistema Único de Saúde (SUS) e/ou ao Serviço de Informações ao Cidadão – SIC/SEMSA pelos números de WhatsApp: Ouvidoria 98842-6835 / SIC 98842-8482 e pelo email: [email protected], para que sejam apuradas a fim de que sejam adotadas as medidas cabíveis”, diz o restante da nota.

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