Manaus, 17 de maio de 2024
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Cidades

Pais devem falar com filhos sobre violência na escola sem gerar pânico, diz psicóloga

Considerar a faixa etária dos filhos e buscar ajuda de profissionais são algumas das recomendações na hora de tratar o assunto

Pais devem falar com filhos sobre violência na escola sem gerar pânico, diz psicóloga

Atos violentos em escolas têm gerado medo entre estudantes, professores e responsáveis (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Manaus (AM) – O ataque ocorrido em um colégio Adventista de Manaus, na última segunda-feira (11), foi mais um episódio da onda de violência que atinge escolas do Brasil. Somente em 2022 e 2023, o número de ataques em escolas no país já supera o total registrado nos 20 anos anteriores, segundo pesquisadores.

A falta de segurança nas escolas, bem como as questões de saúde mental que envolvem os fatos, acenderam o alerta de pais e responsáveis sobre como tratar o assunto com os filhos e prevenir que tais ações violentas sejam reproduzidas. Mas, afinal, qual seria a melhor forma de tratar a questão?

Ao Portal AM1, a psicóloga clínica e especialista em saúde mental, Raquel Lemos, destacou alguns pontos importantes que os pais e responsáveis devem considerar na hora de falar com os filhos sobre os últimos acontecimentos. Segundo a profissional, é importante que a família não negue os fatos, mas adéque as informações à faixa etária dos estudantes.

“A gente precisa levar em consideração a idade, a faixa etária daquela criança. Você vai falar para uma criança de 4 anos, não é a mesma coisa para uma criança de 10. Isso vai depender também de cada dinâmica familiar. Então não há uma resposta pronta”, afirmou.

A psicóloga afirma que não há problema em não ter respostas para todas as questões, mas os pais precisam ser honestos com os filhos, explicando quais as consequências negativas das ações violentas e o porquê de elas serem proibidas. Além disso, é importante deixar claro que, caso o filho não esteja bem, ele pode pedir ajuda.

A especialista recomenda, ainda, que não se dê detalhes sobre os atentados, a fim de evitar o “comportamento copiado”, dinâmica parecida com o “efeito Werther“, quando o relato de um suicídio faz com que pessoas predispostas se matem.

“O que a gente não pode é trazer o pânico, a gente precisa levar informação e não trazer o pânico. Não precisa dizer o que ele [agressor] fez, como ele machucou, o que ele usou. […] Esses eventos são copiados, são reproduzidos. A gente precisa falar sobre o caso, mas a gente não precisa promover o evento em si”, frisou.

Além disso, Raquel Lemos ressalta que os pais precisam estar inteirados da realidade dos filhos no ambiente escolar e devem procurar ajuda de especialistas ao ter dificuldades de enfrentar problemas de comportamento.

“Se estou sentindo dificuldade quanto pai, para isso que existem profissionais. Para isso que a gente pode encontrar um pedagogo. O contato com a escola é muito importante. Ir na escola do seu filho para saber como está o comportamento dele, se está com dificuldade de aprendizado, se está sofrendo bullying, por exemplo”, disse.

“Quanto mais os pais e responsáveis estiveram presentes na educação e criação, mais difícil disso acontecer. Não há uma única causa, mas quanto mais estou próximo, posso evitar muita coisa”, completou.

Sinais que os filhos podem apresentar

A especialista aponta alguns comportamentos que uma criança ou adolescente com predisposição a atos violentos podem apresentar. Entre eles estão o isolamento e a reprodução de conteúdos depreciativos ou de ódio nas redes sociais.

“É importante que os responsáveis estejam de olho no que ele está escrevendo na rede social. O que está escutando, que tipo de música ele gosta. O que aquela banda, por exemplo, musical, ela traz. A gente acaba esquecendo de coisas simples, mas tudo isso pode sinalizar algo”, afirmou.

A psicóloga também recomenda que os responsáveis estejam atentos ao quarto dos filhos, às amizades e, mais, uma vez, ao comportamento na escola. O monitoramento, contudo, deve ser equilibrado, para que a criança ou adolescente não se sinta sufocado. Ações de automutilação também sinalizam problemas mentais que devem ser tratados.

“Não invalidar se ele estiver triste. Saúde mental não é frescura. Pode ser que, naquele momento, ele esteja em um momento difícil de se encontrar. Então se aquele adolescente encontra apoio dentro de casa, dificilmente ele vai se rebelar”, frisou.

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