Com as medidas restritivas impostas para impedir o avanço do novo coronavírus no Amazonas, o turismo na região foi amplamente atingido. Entre os setores mais afetados desse mercado está a hotelaria.
Segundo o estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o setor de Turismo no Brasil perdeu R$2,2 bilhões de reais na primeira quinzena de março e, acompanhando essa queda, o setor hoteleiro na região Norte vive uma de suas piores crises, como explica o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Amazonas (Abih-AM), Roberto Bulbol.
“Vários hotéis já demitiram, estão fechados. Pela associação, nós temos 127 hotéis, devemos ter só uns dez funcionando. A nossa taxa de ocupação hoje não chega em 8%, isso nos hotéis que estão funcionando, e temos uma oferta de no máximo 1.000 apartamentos. Nós tínhamos uma oferta no mercado de quase 5.200 apartamentos”, disse.
Para Bulbol, devido à distância do Amazonas, o setor sofre principalmente com a suspensão de voos.
“Outras cidades você tem acesso pela estrada, embora nessas circunstâncias tenham limitações. O Nordeste todo é ligado pela estrada, o Sul e Sudeste é ligado por estrada, e o Amazonas? A cidade mais próxima de Manaus é Belém e nós estamos a três dias de barco de lá para cá”, disse.
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Como muitos hotéis oferecem serviços de restaurante, lavanderias, eventos, entre outros, Bulbol estima que cerca de 2.500 empregos estejam comprometidos.
Um dos hotéis que sentiu o forte impacto da pandemia e busca estratégias para se manter aberto é o Hotel Tropical Business, localizado na Ponta Negra, zona Oeste de Manaus.
Segundo o diretor-executivo do hotel, Leocádio Lopes, os prejuízos remontam milhões em investimentos e faturamento. Ele afirma que 70% dos funcionários foram demitidos da empresa.
“Perdemos o ano de 2020, saímos de um crescimento fantástico, em que tínhamos uma ocupação de 100% de nossos apartamentos, mês a mês subindo, para 0% de ocupação. Isso, de agora até julho com todas as reservas canceladas”, afirmou.
Lopes explica que para superar a crise, o hotel está fechado para receber diárias e trabalha apenas com mensalistas, por meio de contratos, cedendo a estrutura para empresas ou pessoas que desejam um ambiente diferenciado a preços populares.
Recuperação lenta
O setor hoteleiro que vinha tendo bons resultados antes da pandemia, com uma boa taxa de ocupação e previsão de crescimento em todo o país, terá uma recuperação lenta, segundo o diretor-executivo do Tropical Business e o presidente da Abih.
“As próprias companhias aéreas dizem que só vão normalizar os voos a partir de 2022. 2020 praticamente nós já perdemos, 2021 vai ser uma coisa muito lenta e a nossa maior dificuldade é a distância, o acesso para chegar a Manaus”, afirmou Bulbol.
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