Panorama: registros e histórias encontradas na 'Manaus Moderna'

Isabel da Silva vive há 18 anos na Manaus Moderna (Foto: Márcio Silva)

Porta de entrada e saída para pessoas e mercadorias, a Manaus Moderna é um lugar de contrastes. As embarcações que chegam dos municípios do interior e de alguns estados, ficam lado a lado de uma grande quantidade de lixo recolhida em uma balsa. Mas essa é apenas uma das cenas que parecem inconvenientes.

O odor do lixo incomoda quem passa pelo local (Foto: Márcio Silva)

O odor do lixo se mistura ao cheiro do peixe fresco que é oferecido aos gritos pelos vendedores do porto. Em meio a essa realidade a equipe do Amazonas1 conheceu as histórias de algumas pessoas que vivem ou estão de passagem no local.

Miguel Rojas, 36, é um imigrante venezuelano que há cinco dias está em Manaus com a esposa e os quatro filhos. “Não tinha mais condições de ficar na Venezuela, o pouco de dinheiro que a gente tinha não dava para comprar nenhum alimento. Agoracc a gente está juntando dinheiro para ir para Belém do Pará, porque nós temos família lá”, explica.

Em meio ao lixo da praia, a família de Miguel se reúne para fazer o almoço (Foto: Márcio Silva)

Ele conta que a família passa a noite no Terminal 1 e durante o dia vai para a praia, pois conseguem comida com mais facilidade no local. A praia também é o lugar onde os imigrantes se reúnem para fazer comida e lavar as roupas.

O mau cheiro do local, a sujeira, nem os urubus que se aproveitam das sobras impedem as filhas do imigrante de usarem a água do rio para tomar banho e lavar as roupas da família. Roselia Rojas, 14, e a irmã de 7 anos que tem o mesmo nome, disputam espaço com algumas aves.

A venezuelana Roselia e a irmã lavam roupa da família (Foto: Márcio Silva)

Já entre os que não estão de passagem pela Manaus Moderna, está Isabel da Silva, de 56 anos. A mulher, que há 18 anos vive no local junto com o marido, Raimundo Pereira, teve todos os documentos roubados há poucos dias e conta um pouco da realidade do local.

“Ixe (sic)! já vi muita coisa por aqui, morte, facada. Semana passada mesmo um carregador levou uma facada bem ali. A gente não pode nem sair daqui, tem que ficar de olho nas coisas toda hora, porque o pessoal vem rouba, não respeita nada que é da gente (sic)”, relatou.

Isabel mora em uma barraca com o marido, não recebe nenhum benefício social e sobrevive apenas do que consegue com a venda de comida. Entre os problemas apontados pela moradora, está a falta de segurança. Mas apesar das dificuldades e contrastes do local, a Manaus Moderna continua sendo sua casa.