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Manaus – Além da escolha para presidente, o eleitor acaba levando a primeira-dama, que representa a figura feminina no poder. Com as eleições voltadas para o duelo entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), o eleitor tem sob a mesa duas figuras diferentes de primeira-dama, mas que devem exercer o mesmo papel, Michelle Bolsonaro e Rosângela Silva, conhecida como Janja.
De um lado, o eleitor tem os representantes da “família tradicional brasileira”, com Michelle e Bolsonaro agradando os apoiadores da direita. Do outro, o casal militante vestido das cores vermelhas e querendo dar mais visibilidade para a minoria, Janja e Lula.
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Os dois pré-candidatos à Presidência têm usado as imagens das mulheres no período de pré-campanha. Enquanto Michelle se caracteriza por completo para estrelar as campanhas do governo federal, Janja investe em ser a voz ativa do PT nas articulações com o eleitorado feminino.
Primeira-dama de direita
De vestidos longos, blusas de mangas compridas e uma personalidade recatada, a primeira-dama Michelle Bolsonaro pode ser considerada o retrato das mulheres que apoiam as ideologias dos partidos de direita. Evangélica e casada com o presidente Bolsonaro, Michelle se tornou uma celebridade para os bolsonaristas do tipo ideal de mulher com quem as pessoas devem confiar.
Logo no primeiro dia de governo do esposo, Michelle Bolsonaro roubou a cena ao se tornar a primeira primeira-dama a realizar o discurso na Linguagem Brasileira de Sinais na posse presidencial. Libras é um dos dotes de Michelle, que precisou aprender a linguagem por conta do tio que é surdo de nascença.
Michelle Bolsonaro é a estrela do governo federal, tendo se vestido de diversos personagens para campanhas da gestão. Entre as campanhas, a primeira-dama já se fantasiou de palhaça, Branca de Neve e até mesmo de agente federal.
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Agora, para tentar reeleger o marido, a garota-propaganda só deve aparecer em eventos em ambientes fechados, como entregas de honraria, lançamentos de honraria, eventos religiosos, entre outros. Já em comícios, a imagem da primeira-dama deve ser preservada, uma vez que grande parte do eleitorado de Bolsonaro é composto por homens
A primeira-dama veio de uma família sem condições financeiras, mas se casou com o político que se tornaria o presidente do Brasil anos depois. Michelle tentou seguir carreira de modelo, mas logo entrou na igreja e deixou de lado.
Atuou como secretária na Câmara dos Deputados do Partido Progressista, onde assessorou o deputado Vanderlei Assis. Já em 2007, ela aceitou o pedido de casamento de Jair Bolsonaro e três anos depois tiveram a primeira filha do casal, Laura.
‘Primeira-dama’ da esquerda
Militante do PT, a possível futura primeira-dama do Brasil, Janja, tem tomado a frente da pré-campanha de Lula. A própria noiva de Lula se descreve como “petista de carteirinha”, e usa as redes sociais para compartilhar e divulgar a imagem do ex-presidente.
Não muito diferente do papel desempenhado por Michelle Bolsonaro, a companheira de Lula articulou a regravação do do jingle “Sem Medo de Ser Feliz”, usando pela primeira vez na eleição de 1989. O destaque de Janja dentro do partido ficou nítido quando ela foi nomeada “embaixadora” dos direitos animais, recebendo um diploma assinado com as patinhas do cachorro adotado pelo casal.
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Janja tem estado presente na agenda oficial do ex-presidente, participando ativamente de cada compromisso. Nos bastidores, aliados reconhecem que a noiva do ex-presidente traz certa jovialidade e virilidade para a imagem de Lula.
Essa jovialidade foi citada por ele em entrevista à revista norte-americana Time. “Estou apaixonado como se eu tivesse 20 anos de idade, como se fosse minha primeira namorada. Vou casar da forma mais tranquila possível e vou fazer a campanha feliz”, disse.
Em alguns discursos recentes, Janja tem apostado em falas voltadas para a economia com foco no preço dos alimentos. Além disso, a bandeira levantada por ela tem feito o PT caminhar cada dia mais por essa pauta.
Mulheres na política
Segundo o cientista político Carlos Santiago, o Brasil tem uma tradição na política em que a mulher está em segundo plano, quando aparece ao lado do marido em uma campanha eleitoral. Ainda de acordo com ele, a figura feminina é usada por “caciques políticos” para “embelezar” a chapa, e reforçar a figura masculina para passar uma imagem positiva para a população.
“A mulher continua com a figura de mãe acolhedora e da assistência social, em um país que apenas uma mulher se coloca como candidata à Presidência da República, sendo que 50% do eleitorado brasileiro é composto de mulheres. É muito pouco uma só candidata diante da importância social, política e econômica da mulher”, disse.
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Em relação a estratégia adotada por Lula e Bolsonaro, o cientista afirmou que é uma forma mais de reforçar a imagem do candidato como um bom marido, um bom pai, do que realçar as qualidades da mulher.
“Quando o Lula e Bolsonaro utilizam as suas mulheres, tem um fundo muito de marketing em torno disso. Até porque, uma vez eleitos, as suas companheiras serão a primeira-dama do país, simbolizando uma figura materna, de acolhimento e de pregação do social. São essas as características que sempre foram das primeiras damas do país”, explicou.
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