Manaus, 4 de maio de 2024
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Brasil

Planos de Saúde lideram ranking de reclamações em Manaus

As operadoras de planos de saúde foram líderes de reclamações nos últimos nove anos.

Planos de Saúde lideram ranking de reclamações em Manaus

(Foto: Divulgação/ Assessoria do deputado Mário César)

Manaus (AM) – Agendar um exame no laboratório e descobrir que ele não está mais credenciado no plano de saúde; marcar uma consulta e só conseguir agendar para meses depois; tomar um susto com o valor do reajuste do plano, dúvidas sobre contrato e cobertura são algumas de muitas das reclamações dos usuários de plano de saúde em Manaus.

Segundo um levantamento recente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), em nove dos últimos dez anos, as operadoras de planos de saúde foram líderes de reclamações no Brasil. O país tem cerca de 50 milhões de beneficiários de planos de assistência médica.

“A questão é somente com a demora de um exame importantíssimo e urgente, mas que infelizmente, só poderei realizá-lo ano que vem, que é quando terá vagas disponíveis”, reclama a industriária Keice Guerreiro, 32 anos, que está há três anos em tratamento de saúde em decorrência a uma gastrite crônica.

Para o estudante universitário Ives Higino, 22 anos, o problema é o preço alto e as limitações de cobertura dos serviços. “É muito caro para mim e ainda assim, me deixa com opções muito limitadas. Não tenho direito a obturação ou extração no dentista, apenas limpeza. Não tenho direito à cirurgia, e caso algum acidente aconteça comigo eu só poderei permanecer até 48h na enfermaria”, aponta.

Ele também destaca sobre a demora de agendamento em qualquer especialidade médica. “Às vezes demora mais de um mês para acontecer, e as consultas não duram mais que 10 minutos”, completou ao dizer que pretende cancelar o plano de saúde.

“As clínicas estão sempre lotadas, você não consegue retornar com o mesmo médico, e quando vai marcar uma especialidade só tem vaga para daqui a dois meses, isso quando tem agenda. Enfim péssimo”, acrescentou a técnica de nutrição Rebeca Sousa, 26 anos, que recentemente trocou de plano de saúde, pois ao solicitar um exame de genética importante, a operadora do plano negou o procedimento.

Manifestação

Na última quarta-feira (13), centenas de mães de pacientes assistidos por plano de saúde, insatisfeitas com a empresa UnimedFamao, foram para a frente da instituição reivindicar os direitos dos filhos.

A ação foi desencadeada após denúncias formalizadas na Comissão de Defesa do Consumidor, onde as mães relataram que a empresa havia suspendido o tratamento para pacientes atípicos em clínicas terceirizadas. Além disso, as mães também reclamaram da falta de atendimento presencial na sede da Unimedfama.

Durante a manifestação, Alessandra do Vale enfatizou a dificuldade que enfrenta com seu filho autista de 5 anos: “Para mim, é difícil essa situação. A empresa faz descaso e não presta o serviço adequado. A falta de atendimento especializado para o Arthur pode fazer com que ele tenha uma regressão no quadro”.

Em uma reunião realizada a portas fechadas, as mães questionaram os representantes da UnimedFama sobre a falta de atendimento presencial e a interrupção do tratamento de seus filhos devido ao não pagamento da empresa às clínicas terceirizadas.

O deputado Mário César Filho, presidente da Comissão, juntamente com o Procon Amazonas, esteve acompanhando as mães dos pacientes. Em resposta às denúncias, a empresa foi autuada pelo Procon e terá um prazo de 10 dias para apresentar soluções.

Durante a reunião, os representantes da UnimedFama alegaram a falta de recursos devido ao alto custo do tratamento dos pacientes assistidos.

“Decorrido o prazo, se nada for resolvido, vamos adotar as medidas cabíveis”, afirmou o deputado.

Apesar de as empresas serem obrigadas por lei a manter o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) e ouvidoria, é comum os problemas não serem resolvidos no contato direto com as operadoras.

O Idec orienta que, se o contato direto não resolver o problema, os consumidores devem procurar os órgãos de defesa e, em último caso, a Justiça.

“O que se espera do mercado em geral é que ele leve em consideração o que determina a lei para resolução dos problemas, e, para os contratos de planos de saúde, existem duas leis que se aplicam: a dos planos de saúde, que é de 98, e o Código de Defesa do Consumidor”, explica Marina Paullelli, advogada do Programa de Saúde do Idec.

Regulação

Pelo lado dos hospitais privados, também há reclamação em relação às operadoras. Uma pesquisa da Associação Nacional de Hospitais Privados mostra que os planos de saúde devem aos 48 hospitais associados mais de R$ 2,3 bilhões. O número representa mais de 15% da receita bruta desses estabelecimentos. A associação de hospitais reclama que as operadoras dos planos vêm aumentando cada vez mais os prazos para pagar os procedimentos.

O setor é regulado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que estipula o teto para reajustes anuais. Neste ano, o aumento não pode passar de 9,63%, mas o índice vale apenas para quem tem plano individual. Beneficiários de planos coletivos ficam sujeitos a reajustes que podem chegar a 20% ou 30% de aumento. Por isso, a necessidade de regulação também para quem tem plano coletivo.

Em nota, a ANS informou que estuda mudanças nas regras de reajuste de planos coletivos, mas que não pretende regular da mesma forma que os individuais. A agência também monitora a garantia de atendimento.

Sobre o valor devido aos hospitais, a Associação Brasileira dos Planos de Saúde informou que as operadoras vêm fazendo análises mais amplas dos serviços já prestados, devido ao grande número de fraudes. A associação afirma que só este ano as operadoras já tiveram prejuízo operacional superior a R$ 4 bilhões, em grande parte devido a essas fraudes. Segundo a entidade, todos os procedimentos realizados estão provisionados e vão ser pagos.

(*) Com informações da assessoria e Agência Brasil

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