Manaus, 3 de maio de 2024
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Manaus, 3 de maio de 2024

Política

“Amazonino pagou para saber o óbvio”, dizem deputados sobre relatório de Giuliani

“Amazonino pagou para saber o óbvio”, dizem deputados sobre relatório de Giuliani

Com um plenário praticamente esvaziado na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), durante a sessão desta quinta-feira, 28, alguns deputados criticaram o governador Amazonino Mendes (PDT) e o trabalho desenvolvido pela empresa Giuliani Security & Safety, do ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, que na quarta-feira, 27, entregou um relatório ao governador e anunciou o encerramento da primeira fase da consultoria de segurança que presta ao Estado.

Amazonino contratou os serviços de Rudolph por R$ 5,6 milhões e pagou adiantado R$ 1,7 milhão, tendo apenas um relatório de 30 páginas como o resultado dessa primeira fase. De acordo com os parlamentares, o diagnóstico feito pela empresa norte-americana não apresentou nenhuma novidade, e apontou apenas o óbvio.

Amazonino recebeu o relatório nesta quarta-feira, 27. (Foto: Divulgação)

Para o deputado Serafim Corrêa (PSB), o primeiro relatório de Giuliani, sobre a situação da segurança no Amazonas repetiu o que secretários de segurança e comandantes do Exército já haviam divulgado – que a diminuição na criminalidade depende do combate ao tráfico de drogas na fronteira.

 “Todos nós já sabemos disso. Isso foi cantado em prosa e verso pelo ex-secretário de Segurança, Sérgio Fontes, que com muita competência conseguiu aumentar o nível de apreensão de drogas na cidade de Manaus. Isso também foi demonstrado para nós, e com riqueza de detalhes, pelo general Theophilo, quando esteve à frente do Comando Militar da Amazônia”, declarou.

“O governador gastar R$ 5,6 milhões para que o Rudolph Giuliani diga aquilo que já sabemos, convenhamos, é desperdício de recurso público. Eu continuo entendendo que essa contratação teve apenas um objetivo: marketing eleitoral. Eu diria até, que o objetivo é marketing eleitoreiro”, avaliou Serafim.

Ao fazer uma breve análise da primeira fase da consultoria, o deputado José Ricardo (PT) afirmou que o Governo do Estado está gastando para ter estudos e diagnósticos que já existem e que são de conhecimento público.

“Já temos instituições no país que fazem análises e indicadores da violência. Enquanto deputado, fiscalizo instituições públicas estaduais, tanto na capital quanto nos municípios do interior, que inclui as delegacias e postos policiais. E sempre denuncio a precária situação das delegacias e das condições de trabalho dos policiais civis e militares. Isso não é novidade para ninguém. Agora fazer análise de fronteiras e ter acesso a estratégias sigilosas que envolve as forças militares, é ter mesmo informações privilegiadas”, pontuou.

No Brasil, de acordo com o deputado, já existem duas instituições que fazem anualmente estudos sobre a violência no país, com recortes para todos os estados: Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada (Ipea); e Mapa da Violência, do Ministério da Justiça. “Qual a novidade nisso?”, disparou.

Criação de um banco de DNA é outra sugestão do especialista para ajudar a solucionar os crimes. Mas José Ricardo lembrou que essa necessidade é um antigo pleito dos peritos da polícia técnica científica, que foi até externado em audiência na Assembleia Legislativa. “Sabemos que hoje a Polícia Civil não utiliza dessa tecnologia. É uma necessidade antiga”.