Manaus, 18 de abril de 2025
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Opinião

Giovanni Cesar

Por que advogados precisam aprender a se comunicar?

Advogar hoje também é saber se posicionar. Não basta ter técnica, é preciso deixar que o mundo saiba disso.

Por que advogados precisam aprender a se comunicar?

(Foto: Reprodução/Freepik)

Por Giovanni Cesar*

Na advocacia, vencer não depende apenas de ser o melhor. Em muitos casos, quem se torna mais conhecido é quem conquista mais espaço, inclusive no mercado. Isso pode parecer injusto, mas ignorar essa realidade é como entrar em campo já derrotado. Advogar hoje também é saber se posicionar. Não basta ter técnica, é preciso deixar que o mundo saiba disso.

Durante muito tempo, falar de marketing jurídico soava como uma tentativa vazia de autopromoção. Muitos colegas ainda torcem o nariz para qualquer iniciativa de exposição profissional. Mas a verdade é que o jogo mudou. A advocacia atual exige visibilidade, e quem não se comunica, não é lembrado. Isso não significa desrespeitar a ética da profissão, e sim entender que o advogado é, sim, uma marca. E essa marca precisa ser respeitada, reconhecida e coerente.

O medo da exposição ainda trava muitos profissionais brilhantes. E, na maioria das vezes, esse medo não é de falar — é de ser julgado. É o medo do que os outros vão pensar. Isso se acentua em profissões com uma carga simbólica forte, como o Direito. Há uma expectativa de sobriedade, de distanciamento, que muitas vezes é confundida com silêncio. Mas não há contradição entre autoridade e acessibilidade. O advogado pode, e deve, comunicar com clareza, sem perder a seriedade.

Quando um profissional decide se posicionar nas redes, ele precisa entender que o foco deve ser a mensagem, não o engajamento. O like é secundário. A missão é informar, orientar, compartilhar vivências e refletir sobre o que realmente importa para a sociedade. Excesso de autopromoção, conteúdos genéricos ou a tentativa de viralizar a qualquer custo enfraquecem a credibilidade. Por outro lado, quem fala com consistência e verdade constrói reputação.

Existe, sim, uma linha ética no digital. E ela começa pelo cuidado com o que se fala, como se fala e sobre quem se fala. Não sabemos até onde um vídeo ou post pode chegar. Uma opinião pode alcançar milhares de pessoas e impactar a imagem de terceiros. Por isso, prudência é uma responsabilidade. Não se trata de evitar a exposição, mas de compreender que toda comunicação pública carrega consequências.

A advocacia não acontece apenas das 9h às 18h. O advogado é observado o tempo todo, mesmo fora do fórum. Redes sociais, rodas de conversa, eventos sociais, tudo comunica. A imagem profissional vai além do blazer usado em uma audiência. Por isso, é essencial que todos ao seu redor saibam que você é advogado, e mais do que isso, saibam que podem confiar em você como tal.

Marketing jurídico não é sobre vaidade. É sobre coerência, presença e responsabilidade. É sobre usar a comunicação como instrumento de posicionamento profissional e de serviço público. Quem entende isso sai na frente. Quem ignora, corre o risco de ser invisível, mesmo sendo excelente.

*Mestre em Direito e advogado trabalhista

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