Manaus, 27 de abril de 2024
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Cidades

Presidente da FMT pede prudência em vez de festa: ‘para não lamentarmos novas mortes’

Prefeito afirma que vai esperar até o dia 10 de dezembro para se pronunciar sobre realização do Réveillon; infectologista fala em prudência

Presidente da FMT pede prudência em vez de festa: ‘para não lamentarmos novas mortes’

Foto: Reprodução

MANAUS, AM – Com a ameaça de uma nova onda da covid-19, provocada pela cepa Ômicron, que já foi detectada em todos os continentes, o prefeito David Almeida (Avante) insiste em promover um megaevento de fim de ano na Praia da Ponta Negra, zona Oeste de Manaus.

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A previsão dos gastos com as festividades é de R$ 10 milhões, parte desse orçamento vindo da iniciativa privada, com direito a show do cantor Luan Santana, com cachê de R$ 600 mil – o dobro do que normalmente o artista cobra nos demais shows Brasil afora.

Em Brasília, na tentativa de conseguir mais recurso para o município e que, segundo o prefeito, o valor é de R$ 1,1 bilhão prometido pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, David afirmou que vai esperar chegar o dia 10 de dezembro para avaliar a situação sanitária da cidade, para assim, definir se mantém ou não o Réveillon em Manaus.

“Nós já temos a contratação de um evento para o Réveillon, mas estamos analisando a possibilidade da liberação ou não do Réveillon e também do Carnaval na nossa cidade”, afirmou.

David já é pressionado a cancelar as festividades da virada de ano, inclusive pelos deputados estaduais, uma vez que a festa realizada vai gerar aglomeração na praia.

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Para o infectologista e diretor-presidente da Fundação de Medicina Tropical (FMT), Dr. Marcos Guerra, o momento é de prudência para realizar grandes eventos na cidade de Manaus. Isso porque, há quase um ano, a cidade sofria com a segunda onda da covid-19 e muitas pessoas morreram à época.

“Por enquanto, o mais prudente seria isso, para que a gente não tenha que lamentar mais na frente. É como eu digo: o SARS-CoV-2, a cada dia, a gente aprende alguma coisa, algum detalhe e nós não temos o domínio total [..] porque é um vírus e os vírus têm essa capacidade de mutação, ligada à adaptação de espécime muito mais rápida que qualquer outro micro-organismo”, afirmou o especialista.

Quanto a uma possível nova onda, como foi registrado em dezembro e janeiro e com a variante em circulação, o médico alerta sobre o período sazonal enfrentado nessa época no Amazonas, em que o período chuvoso é favorável para a proliferação dos vírus, principalmente o coronavírus.

“Veja bem, ele é um vírus de transmissão respiratória e nós estamos em um momento favorável a essa transmissão de vírus, claro que ele tem competidores aí, mas como ele tem maior transmissibilidade, o risco é maior para o coronavírus. Então, nós temos que ter ainda mais cautela em função desse período, que favorece a transmissibilidade do vírus”, alertou Marcos Guerra.

Outro alerta do infectologista é quanto à continuidade das medidas preventivas individuais, as quais ele considerou que em grandes eventos não há esse controle e as pessoas que devam ir a essas festas não vão portar máscaras, por exemplo.

“O que nós não podemos é ficar eufóricos e abandonar todas as medidas de proteção, principalmente as de natureza individual. Se as medidas de proteção individual forem relaxadas totalmente, podemos, sim, ter um avanço de casos, até com a nova cepa!”, finalizou o infectologista, afirmando que além do coronavírus, há em circulação os vírus Influenza, Adenovírus, Pneumovírus e outros – o que tem contribuído para aumentar o número de casos de internação por doenças respiratórias, principalmente em crianças.

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