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Presidente Pedro Castillo é preso no Peru

Com o golpe frustrado, Castillo tentou uma última cartada para impedi-la com a dissolução do Congresso e a instauração de um governo de emergência

Presidente Pedro Castillo é preso no Peru

Castillo foi preso enquanto se preparava para deixar o Palácio do Governo. (Foto: Reprodução/ Instagram)

LIMA- O presidente do Peru, Pedro Castillo, foi preso após ser destituído do cargo pelo Congresso do país nesta quarta-feira (07). A decisão veio após o mandatário dissolver o Congresso e instituir “um governo de emergência excepcional” a fim de convocar novas eleições.

O Ministério Público do Peru anunciou que vai tomar ações legais após os decretos do presidente do Peru, que mandou fechar o Congresso:

“O Ministério Público adotará as ações legais correspondentes frente à quebra da ordem constitucional”, disse a procuradora Patricia Benavides.

Castillo foi preso momentos depois, enquanto se preparava para deixar o Palácio do Governo. O Congresso convocou Dina Boluarte, vice-presidente de Castillo, para assumir a presidência do país ainda nesta quarta-feira.

Entenda a crise

A dissolução do Congresso peruano não é uma prática incomum no país nas últimas décadas, já que a Constituição elaborada durante o governo de Alberto Fujimori (1990-2000) permite ao presidente dissolver o Parlamento e convocar novas eleições.

Em 2019, o então presidente do país, Martín Vizcarra, por exemplo adotou uma medida similar para ampliar seu capital político, mas não instaurou um governo de emergência, nem falou em alterar a Carta Magna, ambas medidas anunciadas por Castillo nesta tarde.

Tentativa de golpe

A tentativa de golpe de Castillo foi feita poucas horas antes de o Congresso, no qual o presidente não tem maioria, debater uma moção de censura que poderia retirá-lo do cargo. Castillo foi eleito em 2021 por uma pequena margem contra a conservadora Keiko Fujimori com uma plataforma de esquerda e com forte apoio das zonas rurais do país.

Desde então, a oposição já tentou em outras duas oportunidades tirá-lo do cargo por meio de um impeachment, ainda que sem sucesso.

O governo de Castillo foi marcado por escândalos de corrupção e investigações criminais, bem como pela instabilidade política, com trocas constantes de ministros. Os promotores o acusaram de liderar uma organização criminosa com legisladores e familiares para lucrar com contratos do governo e de repetidamente obstruir a Justiça.

No mês passado, o líder peruano ameaçou dissolver o Congresso usando uma manobra constitucional controversa, e meios de comunicação locais relataram recentemente que ele tentou entrevistar líderes militares sobre o apoio a tal medida.

Durante seu mandato, ele passou por mais de 80 ministros e ocupou muitos cargos com aliados políticos sem experiência relevante, alguns dos quais enfrentaram investigações por corrupção, violência doméstica e assassinato.

Leia mais: Congresso do Peru aprova impeachment de Pedro Castillo

Do sindicato à presidência

Castillo, um ex-agricultor, professor e ativista sindical sem experiência anterior em governo, prometeu na campanha para apoiar os peruanos mais pobres. Sua vitória refletiu a crescente desilusão no Peru de uma classe política de elite que foi manchada por anos de escândalos de corrupção e lutas internas.

O presidente deposto alega que moção de impeachment faz parte da mesma tentativa de impedi-lo de governar que o perseguiu desde sua vitória sobre Fujimori, que liderou uma campanha de semanas para anular os resultados da eleição com base em alegações infundadas de fraude.

“Ao longo dos 17 meses de minha gestão, um determinado setor do Congresso se concentrou apenas em me destituir do cargo, porque nunca aceitou o resultado de uma eleição que vocês, queridos peruanos, definiram com seus votos” disse Castilho. “Não sou corrupto”, acrescentou. “Sou um homem do campo que vem pagando os erros da inexperiência, mas que nunca cometeu crime.”

(*) Com informações da Agência Estado