BRASÍLIA – Dos 1800 presos por participarem de ataques no dia 8 de janeiro às sedes dos Três Poderes em Brasília, 35 foram candidatos a cargos públicos nas eleições municipais de 2020 e no pleito do ano passado.
Uma lista divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), identificou suplentes de deputados federais, vereadores, e uma parlamentar em exercício, além de políticos que disputaram prefeituras em 11 estados do país.
Os presos no ataque bolsonarista concorreram, pelo menos, em mais de uma eleição, sendo 27 candidatos a vereador, dois a prefeito, dois a deputado federal, seis a estadual e um na disputa para deputado distrital.
Lista dos políticos presos
O partido que mais aparece na lista dos políticos presos envolvidos nos ataque é do PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, com seis nomes. Outros ex-candidatos presos são filiados a partidos da base do ex-presidente.
Patriota (5), PSL (5), PRTB (3) e PTB (3) são as legendas dos presos. Paulo da Caçamba (Jaru-RO); Marcão Bola de Fogo (Pintangueiras-SP); Loirão da Taboca (São Félix do Xingu-PA); Roger Galetos (Teixeira de Freitas-BA) e Sargento Fernandes (Nuporanga-SP) estão entre os não eleitos e que foram presos.
A vereadora Odete Correa de Oliveira Paliano (PL), conhecida como Odete Enfermeira, de 55 anos, é uma das mulheres presas na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF). No ano passado, Odete se candidatou à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), mas não foi eleita. Odete é parlamentar em Bom Jesus, município de Santa Catarina.
Em nota, o presidente da Câmara de Bom Jesus, vereador Jorge Brinker, diz que repudia os atos de vandalismos na sede dos Três Poderes em Brasília e que o Legislativo do município está em recesso até 15 de fevereiro e que os membros da mesa diretora “desconhecem o envolvimento de qualquer representante do legislativo municipal em atos antidemocráticos”.
Advogado entre os detidos
O Partido Liberal (PL) teve seis filiados presos após os atos de depredação às sedes. Um deles é o advogado Thiago Queiroz, de 45 anos, que é presidente municipal do partido em Patos de Minas, em Minas Gerais, e foi candidato a deputado estadual no ano passado, porém, não foi eleito. Ele é suplente na Assembleia Legislativa do estado.
O advogado realizou uma live no momento da invasão aos prédios públicos nas redes sociais. Em vídeos publicados no Facebook, o advogado registra a invasão e questiona a ausência de militares das Forças Armadas no local.
“Tomamos o Congresso. Agora é nosso. Nós é que mandamos aqui. Quero ver esse mané, agora. Aqui não tem mané, não. Cadê o Exército? O Exército sumiu. O Exército somos nós, o Exército de Cristo”, diz nos vídeos, referindo-se ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A 45ª Subseção da OAB de Patos de Minas iniciou o procedimento ético-disciplinar contra o advogado. A seccional repudiou os ataques e disse que “as liberdades de expressão e manifestação, protegidas pela Constituição Federal, não incluem permissão para ações violentas nem para atentados contra o Estado Democrático de Direito”.
(*) Com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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