Manaus, 5 de maio de 2024
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Manaus, 5 de maio de 2024

Política

Prestígio, poder e dinheiro: mesmo sem ameaçar Bolsonaro e Lula, partidos mantêm candidaturas

O cientista político Helso Ribeiro explica que é interessante para os partidos políticos terem candidatos ao cargo majoritário, porque aumenta o fundo eleitoral

Prestígio, poder e dinheiro: mesmo sem ameaçar Bolsonaro e Lula, partidos mantêm candidaturas

A preocupação dos partidos políticos que desejam passar a imagem de democracia e igualdade entre os gêneros tem cada vez mais ganhado forças. As mulheres, por sua vez, também estão mais atuantes e buscam mecanismos para driblar o cenário notadamente patriarcal, somam forças e se lançam às eleições para cargos majoritários, na guerra de braços com os homens, que ainda são a maioria.

Os partidos, por sua vez, precisam aumentar o valor do fundo eleitoral lançando nomes aos cargos majoritários ao passo que buscam maior bancada no cenário nacional.

Para acirrar ainda mais a disputa, os partidos usam a imagem da mulher, da guerreira, da mãe dedicada, de forma sutil, para reunir adeptos e assim fortalecer ainda mais o partido.

Seja por qual motivo for, o fato é que com as cotas e para preencher o número mínimo com mulheres e para obedecer à lei e permitir ao partido a sua participação na eleição, as últimas eleições têm sido marcadas pela maior representatividade feminina, além de cada vez mais lançar candidatos diversos.

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Outro cenário que vem se modificando também ao longo dos pleitos é o fato de cada vez mais surgirem novos partidos e, com isso, o número de candidatos também aumentam a cada eleição, além dos velhos conhecidos da política, que não abrem mão da ‘mamata’, no dito popular, “não largam o osso nem com reza”.

Fato esse que, nas eleições deste ano, diversos nomes já foram oficializados para as pré-candidaturas à presidência, mesmo que muitos sejam “figurantes”: o PDT, com Ciro Gomes; o PSDB, com João Doria; o Novo, com Luiz Felipe D’Ávila; o MDB, com Simone Tebet; Andre Janones, do Avante; e o Unidade Popular, com Leonardo Péricles. Temos ainda o desejo do PSD de ter Eduardo Leite. No último sábado (19), o PSTU anunciou a pré-candidatura de Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado.

Vera Lúcia

O partido já informou que vai registrar a candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com Vera e ela vai concorrer à Presidência da República. A pernambucana, formada em Ciências Sociais, também concorreu à Prefeitura de São Paulo em 2020 e foi pré-candidata do partido na disputa à Presidência em 2018 e recebeu 55 mil votos.

Há ainda mais quatro nomes, que ainda não oficializaram as pré-candidaturas, mas são certos: o PL, com Jair Bolsonaro; o PT, com Lula; o Podemos, com Sergio Moro.

Sinal de democracia?

O cientista político Helso Ribeiro destaca que é interessante para os partidos políticos terem candidatos ao cargo majoritário, ou seja, para a Presidência da República, porque isso atrai mais votos, principalmente, para os candidatos que estão concorrendo ao cargo de deputado estadual e deputado federal, além do fundo eleitoral que aumenta.

“Eu vejo mais um personalismo e uma política eleitoreira para adquirir verba. O Brasil tem atualmente 32 partidos, e ainda uns outros 40 na fila aguardando para serem regulamentados. No Parlamento brasileiro, tem uns 30 sendo representados e isso você nunca vai ver em nenhum outro lugar do mundo. Só mesmo no Brasil”, destacou o cientista político, que também é professor universitário.

Para ele, somente após as conveções partidárias que tudo irá ficar mais claro para os eleitores. Ele lembra que, até o momento, e por conta das prazos, o cenário ainda pode ser modificado.

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É bom lembrar que a janela partidária vai de 3 de março a 1º de abril. Nesse período, deputadas e deputados podem trocar de partido sem perder o mandato.

Foto: Divulgação/TSE

Já no caso do presidente da República, dos governadores de Estado que pretendam concorrer à reeleição ou até outros cargos em 2022 devem renunciar a seus mandatos até o 2 de abril.

Também até 2 de abril, as legendas e federações partidárias devem ter obtido o registro dos estatutos no TSE para participar das eleições. Este também é o prazo final para que candidatas e candidatos tenham domicílio eleitoral na circunscrição e filiação deferida pelo partido pelo qual pretende concorrer.

“Nesse momento tem muito balão de ensaio. As convenções partidárias que determinarão, de fato, quem serão os candidatos desse pleito. Tem alguns nomes sendo divulgados que pretendem ser candidatos, mas que nem filiados estão. Temos que esperar até o dia 2 de abril”, pontuou Helson Ribeiro, que lembrou ainda o nome da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) que vai ser candidata ao Senado na eleição de outubro e não está filiada a nenhum partido atualmente.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Cada agremiação partidária precisa ter um número mínimo de votos, esse, inclusive, é um dos motivos de se atribuir o mandato ao partido e não ao político.

O sistema proporcional, para se chegar ao resultado final, aplicam-se os chamados quocientes eleitorais (QE) e partidário (QP). O quociente eleitoral é definido pela soma do número de votos válidos e dividido pelo número de cadeiras em disputa.

Outras etapas e somas são verificadas para dentro de cada partido isolado ou coligação definir o nome do vencedor. Disso decorre a importância de se pensar a conveniência ou não de formar coligações.

Mulheres
Mais de 187 mil mulheres candidatas em todo o país, ou seja, cerca de 28,5 mil a mais do que em 2016 oncorreram nas eleições de 2020. Também mais mulheres foram eleitas. Ao todo, 658 prefeitas contra 641 do pleito anterior.