(Carlos Bolívar/Amazonas1)
A procuradora-geral de Justiça do Amazonas, Leda Mara Albuquerque, explicou nesta quinta-feira, 26, que as fraudes em licitações que resultaram na deflagração da operação “Patrinus” do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), ocorreram em diversos contratos, com empresários envolvidos no esquema de corrupção.
Segundo a procuradora, os desvios aconteciam em várias frentes, como os da Educação e Saúde. “É importante compreender que na medida em que há o desvio de verbas públicas para outros fins, que não àqueles previstos na Lei, a sociedade perde e não perde só em uma área não, perde em várias […] Não tenha dúvida de que nós vamos chegar a conclusão que parte desses recursos que deveriam ser investidos em favor da população, foram desviados para outros fins”.
As empresas e os empresários estavam sendo beneficiados por meio de fraudes a licitações. Leda Albuquerque disse, ainda, que os empresários eram apadrinhados através de processos licitatórios. “Era flagrante ali a existência de favorecimento a essas empresas e a alguns empresários”, diz Leda, explicando o porque da operação focar a investigação para esse formato de fraude e prática ilegal.
Algumas das empresas investigadas, de acordo com a procuradora, foram apoiadoras da campanha eleitoral do prefeito Adail Filho em 2016. “Nós fizemos um levantamento por alto. É claro que isso ainda vai arremeter a um aprofundamento na investigação. Todos os envolvidos vão ter direito ao contraditório e a ampla defesa. E pode ser que esse número possa aumentar ou se aproximar do valor apontado. O certo é que nós fizemos um levantamento de todos contratos e isso nos remete a supostamente nesse montante de R$ 100 milhões”, diz.
Material apreendido
Durante a operação, uma grande quantidade em dinheiro foi apreendida na casa de um servidor público do município de Coari. Segundo a procuradora, o montante em espécie foi encontrado na casa do sargento da polícia militar, Fernando Lima, assessor de Adail Filho e que também foi preso nesta manhã.
Presos
Foram presos, por meio de mandados de prisão preventiva, o prefeito Adail Filho, o empresário Alexsuel Rodrigues, sócio-proprietário do Supermercado Rodrigues; o sargento da Polícia Militar, Fernando Lima, assessor do prefeito; e do presidente da Câmara Municipal de Coari, Keiton Batista, primo de Adail Filho.
Eles passam por exame de corpo de delito na tarde desta quinta-feira, 26, e devem ser levados para uma das unidades prisionais de Manaus, onde permanecerão à disposição da Justiça.
Mayara Pinheiro
Contra a deputada mais votada do Amazonas, Mayara Pinheiro, foi cumprido apenas mandado de busca e apreensão em sua residência. As investigações são referentes apenas ao período em que a parlamentar atuou como vice-prefeita de Coari. Na condição de deputada estadual, não há nenhuma diligência por parte do Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
A operação
Deflagrada no início desta manhã, a operação “Patrinus”, nome latim, que significa padrinho, cumpriu quatro mandados de prisão temporária e 70 mandados de busca pessoal e de busca e apreensão, cumpridos em domicílios, órgãos públicos e em sedes de empresas, na cidade de Manaus e Coari ao mesmo tempo.
O MP-AM explica que o nome da operação se justifica porque as contratações e os pagamentos da prefeitura municipal de Coari eram realizados mediante o auxílio de amigos influentes do chefe do Poder Executivo municipal. Os valores foram desviados entre os anos de 2018 e 2019, e envolvem fraudes à licitações, dispensas indevidas de licitações, contratos superfaturados, dos quais serão aferidos os valores efetivamente desviados.
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