Manaus, 18 de maio de 2024
×
Manaus, 18 de maio de 2024

Esportes

Profissional aos 14 e capitão aos 23, precoce James guia Colômbia

Apesar dos 27 anos, o meio-campista já tem duas Copas do Mundo com a seleção e uma carreira que iniciou de forma bastante precoce

Profissional aos 14 e capitão aos 23, precoce James guia Colômbia

Vinte e três anos, quatro meses e dois dias. Era a idade que James Rodríguez tinha quando usou a braçadeira de capitão da Colômbia pela primeira vez, em novembro de 2014, num amistoso contra os Estados Unidos, em Londres.

Nesta Copa América, o camisa 10 vestiu a faixa nos três jogos da fase de grupos, sempre que o atacante Falcao García, dono do adereço, esteve do lado de fora do campo, seja substituído ou iniciando a partida do banco. Nesta sexta-feira (28), contra o Chile, pelas quartas de final, é Falcao, 33, quem deverá seguir comandando de dentro do gramado a equipe colombiana. Mas ele tem em James um importante aliado.

James Rodriguez. (Foto: FCF/Divulgação)

Apesar dos 27 anos, o meio-campista já tem duas Copas do Mundo com a seleção e uma carreira que iniciou de forma bastante precoce, o que ajudou o jogador a amadurecer muito cedo, tornando-o mais que um líder técnico.

Foi em maio de 2006 que James, aos 14 anos, fez sua estreia com a camisa do Envigado Fútbol Club na primeira divisão colombiana. Ele entrou no lugar de Cristian González no fim da partida e não pôde evitar a derrota de sua equipe para o Deportivo Cúcuta, por 2 a 1.

Hoje aposentado, o ex-atacante González, 34, ainda lembra do dia em que deu lugar ao debutante adolescente.

“Ele entrou no meu lugar no minuto 77 mais ou menos, e quase fez um gol de falta. Durante a semana, ele foi sendo preparado para a sua estreia, mas nem dava para perceber que estava estreando. Entrou com muita personalidade, buscou a bola, driblou. Foi muito bem”, lembra o ex-companheiro à reportagem.

O responsável por dar a primeira chance a James Rodríguez foi o técnico Hugo Castaño, que já conhecia o atleta da base. Ele e outros jogadores das categorias inferiores participavam eventualmente dos treinos com o time principal do Envigado.

Recém-promovido à equipe de cima, o meia deixava para se soltar nos treinos e nos jogos. No vestiário, diz González, procurava respeitar o espaço dos mais velhos e maneirava nas brincadeiras com o elenco. Bem diferente de hoje, em que é um dos mais brincalhões no grupo da seleção.

Quando entrou nos minutos finais da derrota para o Cúcuta, o clube já vivia situação financeira e esportiva bastante complicada, o que culminaria com o rebaixamento ao final da temporada.

Para deixar o quadro ainda mais dramático, no segundo semestre daquele ano foi assassinado o maior acionista do clube, Gustavo Upegui, ex-funcionário de Pablo Escobar no cartel de Medellín e morto a tiros em uma de suas fazendas.

Fazia pouco mais de uma semana que James Rodríguez havia completado 15 anos. Sob esse clima de violência e incertezas, o Envigado enfim caiu para a segunda divisão.

Com o rebaixamento consumado, o time se viu obrigado a apostar nos jovens. Foi aí que James assumiu maior protagonismo e conseguiu se destacar no grupo que em 2007 conseguiu novamente o acesso à elite do país. No total, foram 30 jogos e nove gols pelo clube colombiano.

No ano seguinte, o meia arrumou as malas e partiu para Buenos Aires defender o Banfield (ARG) e dar o salto em uma carreira que, até aqui, registrou passagens importantes no Porto (POR) e no Monaco (FRA), além de períodos mais discretos no Real Madrid (ESP) e no Bayern de Munique (ALE).

Apesar dos altos e baixos recentes, James Rodríguez já vestiu algumas das camisas mais importantes do futebol mundial e, aos 27 anos, ainda é um jogador com mercado na Europa. Um destino que Cristian González confessa não ter imaginado para o colega quando ele começou sua trajetória.

“Eu pensei que ele pudesse ser um jogador que se sustentasse e até que chegasse à seleção colombiana, mas não que se tornasse esse craque que hoje vemos, é um top”, afirma.

Veja também

Técnico da seleção feminina de basquete quer resgatar ‘fome por vitórias’

‘Um absurdo’, diz Tite sobre gramado de Arena do Grêmio

Desbocado, Dudamel é cabeça da evolução do futebol venezuelano

González se diverte ao contar ao lembrar do desfalque que tinha na geladeira de sua casa quando recebia visitas do camisa 10 da Colômbia.

“Ele ia à minha casa com Camilo, meu sobrinho, e iam jogar PlayStation. Quando eu me dava conta, já tinham esvaziado minha geladeira. Depois de um tempo, assim que os dois chegavam em casa, eu já perguntava: ‘Fizeram um bom mercado ou não? Estão bem alimentados?'”, conta o ex-colega do então adolescente, hoje capitão da Colômbia.

 

(*) Com informações da Folhapress