Manaus, 5 de junho de 2024
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Manaus, 5 de junho de 2024

Política

Projeto da bancada do AM contra Decreto de Temer passa por avaliação

Projeto da bancada do AM contra Decreto de Temer passa por avaliação

Senadores pelo Amazonas (Fotos: EBC)

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado decide nesta quarta, 20, se os decretos legislativos de autoria dos senadores Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Eduardo Braga (MDB-AM) possuem constitucionalidade para sustar os efeitos do decreto presidencial número 9.934, que reduziu os incentivos do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de 20% para 4% às indústrias de concentrados de refrigerantes do Polo Industrial de Manaus (PIM).

Na audiência pública para debater o assunto, realizada nesta terça,19, os representantes do setor, da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e os senadores da bancada questionaram a insegurança jurídica provocada pela medida a todos os segmentos do Polo Industrial de Manaus.

Para o superintendente da Suframa, Appio da Silva Tolentino, mantido o decreto de Michel Temer “é improvável e quase impossível” que o Amazonas continue atraindo empresas para o PIM. “Isso se não contarmos com uma segurança jurídica, se nós tivermos, num único ato, a nossa competitividade diminuída, como foi nesse caso concreto”, afirmou.

A senadora Vanessa disse que a questão tributária do Brasil não seria resolvida com o fim dos incentivos para as empresas de concentrados. “O alvo foi o único modelo legal de incentivos fiscais que tem o Brasil reconhecido no mundo inteiro, reconhecido pela União Europeia, reconhecido por todos os blocos econômicos. Por quê? Porque a Zona Franca hoje não apenas propicia o desenvolvimento de uma região muito distante dos grandes centros consumidores; mas propicia a possibilidade da preservação ambiental”.

“Quando o constituinte estabeleceu a Zona Franca não o fez para beneficiar a Coca-Cola ou a Ambev. Fez para beneficiar brasileiros esquecidos e abandonados na Amazônia, sem oportunidade de emprego e renda porque a eles é proibido explorar as riquezas e recursos naturais. Em contrapartida, constitucionalizou direitos ambientais severíssimos contra quem tenta desmatar a Amazônia” afirmou o senador Eduardo Braga.

O diretor-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não-Alcoolicas (Abir), Alexandre Jobim, revelou que o decreto presidencial põe em risco 15 mil empregos diretos, o aumento da ociosidade de 35% para 50% e no valor do produto em 80%. Segundo ele, o decreto é o primeiro passo para acabar com o pacto que o Estado fez para defender a Amazônia Ocidental.

O subsecretário de Fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil, Iágaro Jung Martins, minimizou o impacto na geração de empregos no Amazonas. “Nós fizemos um levantamento em relação a todas as folhas de pagamento das empresas situadas nesse setor na Zona Franca de Manaus. São 798 empregos diretos. O total de fabricantes no Brasil é 47.502”, declarou. ; presidente da Associação dos Fabricantes de refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Barros

Já o presidente da Associação dos Fabricantes de refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Barros, que representa as empresas que estão fora do Amazonas, afirmou que sem o decreto “a concorrência no mercado brasileiro fica impossível”. “Eu desafio qualquer um dos senhores a empreender no mercado de bebidas”, disse.