Manaus, 3 de maio de 2024
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Cidades

Quadro grave: irmãos encontrados após quase 30 dias no AM só tomaram água da chuva na mata

As crianças relataram que não conseguiram encontrar nenhum rio por perto; elas seguem em tratamento no Hospital Regional de Manicoré

Quadro grave: irmãos encontrados após quase 30 dias no AM só tomaram água da chuva na mata

Foto: Divulgação

Manaus/AM – Os irmãos Glauco e Gleison, de 6 e 8 anos, que estavam desaparecidos há 26 dias, estão com um quadro grave de desnutrição e desidratação, segundo informou, nesta quarta-feira (16), a Dra. Suzy, do Hospital Regional Hamilton Cidade, que está responsável pelo tratamento das crianças. De acordo com as informações, as crianças não comeram e não beberam nada além de água da chuva.

Eles estavam desaparecidos desde o dia 18 de fevereiro, quando foram caçar pássaros na mata e não retornaram. As buscas por eles foram encerradas pelo Corpo de Bombeiros, mas indígenas de aldeias que ficam em Capanã Grande, uma área indígena de Manicoré, continuaram a procurar pelas crianças na região.

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Segundo a Dra Susy, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais da Prefeitura de Manicoré, o quadro clínico das crianças é bastante grave, mas elas encontram-se estáveis. Entre os problemas estão infecções generalizadas e lesões.

“As crianças chegaram ontem com um caso de desnutrição grave, proteico calórica e quadro de desidratação grave também. Como esse quadro também acaba agravando a questão renal, eles chegaram com uma insuficiência renal e pré-renal por falta de ingestão adequada de líquidos e também com infecção generalizada, muitas lesões internas, na pele”, disse.

De acordo com a médica, inicialmente, o Glaucon, que é o mais novo, era considerado mais grave.
“O Glauco, de 7 anos, chegou com um caso de desequilíbrio hidroeletrolítico, além dos outros quadros citados anteriormente, e bem mais descompensado que o menino Gleison. O Glauco era inicialmente o que preocupava mais, e o que a gente tentou ser mais rigoroso na questão da nutrição e no ajuste dos eletrólitos dele”, afirmou.

A Dra Suzy destacou que as crianças ainda não podem ingerir alimentos comuns porque eles ficaram bastante tempo sem ingerir qualquer tipo de alimento, sendo apenas a água da chuva a única fonte de alimentação deles, nesses 26 dias desaparecidos na floresta. Com isso, o organismo de Glauco e Gleison precisa de um tratamento especial.

“Nós temos uma ansiedade de introduzir alimentos para eles, nesse momento eles não podem receber este tipo de dieta, tem que ir com calma, eles não podem receber uma caloria muito aumentada, devido ao período que eles ficaram sem se alimentar. Segundo o Gleison, eles não comeram nada, somente tomaram água da chuva, não encontraram nenhum rio por lá, não tinham como se alimentar. É difícil para eles entenderem que eles não podem comer um pedaço de bolo, um peixe, como eles querem, eles estão com essa ansiedade, e até os pais também. Por isso é necessário ao poio psicológico para explicar para eles que não é possível nesse momento”, explicou.

Embora o quadro dos irmãos seja grave, eles apresentam melhoras. “Nesse momento, eles estão estáveis, com melhora dos exames clínicos, exames laboratoriais, e isso vai será a cada dia que vamos acompanhar. O que for necessário, a secretaria de estado está nos dando a poio, a secretaria municipal também”, disse a especialista.