Manaus, 5 de maio de 2024
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Manaus, 5 de maio de 2024

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Quase 100% dos municípios do AM têm problemas com consumo de crack

De acordo com os dados, as cidades de Fonte Boa, Carauari, Alvarães, Tefé, Coari e Novo Aripuanã apresentam níveis altos relacionados ao consumo da droga

Quase 100% dos municípios do AM têm problemas com consumo de crack

Um total de 98% das 61 cidades do Amazonas têm problemas pelo alto índice de consumo de ‘crack’. Segundo dados do ‘Observatório do Crack’, da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a droga está cada vez mais presente nas pequenas cidades e zonas rurais.

De acordo com os dados, as cidades de Fonte Boa, Carauari, Alvarães, Tefé, Coari e Novo Aripuanã apresentam níveis altos relacionados ao consumo de crack.

No Amazonas 11,4% das ações são voltadas para prevenção do uso de drogas. (Carlos Bolívar )

As cidades de São Gabriel da Cachoeira, Guajará, São Paulo de Olivença, Pauini, Boca do Acre, Humaitá, Apuí, Borba, Autazes, Manaquiri, Anori, Itacoatiara, Presidente de Figueiredo e Urucará apresentam nível médio de relacionado ao consumo da droga.

Os municípios de Barcelos, Amaturá, Benjamin Constant, Ipixuna, Envira, Itamarati, Juruá, Canutama, Manicoré, Manacapuru, Anamã, Silves, Nova Olinda do Norte, Urucurituba e Barreirinha apresentam o índice baixo relacionado ao consumo do crack.

Os índices estão no site da Confederação Nacional dos Municípios. (Reprodução)

 

Dados 

De acordo com os dados enfrentamentos no Amazonas, os números apresentam que 11,4% das ações são voltadas para prevenção do uso de drogas, 8,6% ao tratamento de dependentes, 8,3% de inserção social, 9,6% de capacitação de pessoal, 9,0% de atendimento a família e 10,2% de combate ao tráfico de drogas.

 

Em relação às áreas afetadas pelo problema com o crack, 25.71% representa a área da saúde, 22.86% assistência social, 28.57% educação e Segurança.

Especialista 

De acordo com o psicólogo e consultor Técnico pela Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (Febract) e Pós-Graduado em Dependência Química, Allan Campelo, a dependência química é uma doença progressiva, incurável e fatal, podendo levar a morte.

“O OXI é o crack do Norte, que nada mais é do que um subproduto da cocaína. Essa droga vai direto para o pulmão, que é o órgão responsável por oxigenar o cérebro. É uma droga que age rápida, mas que também tem o efeito rápido, trazendo com isso a ‘fissura’, a abstinência e a tolerância”, disse o especialista.

Melhor caminho

Allan Campelo disse que o melhor caminho para combater o uso das drogas é a prevenção primaria. Algo que, segundo o psicólogo, deveria acontecer nas escolas e nos programas de saúde dos municípios.

“Geralmente, existe em todo o país a Semana Nacional Contras Drogas, onde as pessoas fazem um grande barulho em todo o país, mas, passado esse período, não se fala mais nisso. Na nossa experiência, não adianta proibir, nem liberar, tem que tratar a prevenção”, explicou Allan Campelo.

O especialista informou que no Amazonas a única clínica especializada em tratamento é o Centro de Reabilitação de Dependência Química (CRDQ). “Isso só mostra que dependência química é pouca observada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois o CRDQ é o único centro do Brasil pelo Estado. O local não é nem um ambulatório, nem um hospital, foi uma coisa inventada pelo Estado do Amazonas”, explicou o especialista.

Unidades públicas de atendimento

Para atendimento, o Amazonas dispõe dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), inclusive, com um direcionamento para atendimento de pessoas envolvidas com álcool e drogas, além dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Entretanto, segundo Allan Campelo, esses locais fazem o atendimento em nível de prevenção terciária, quando a pessoa já tem o problema da dependência.

“O foco da política pública está em 90% para prevenção terciária, já quando existe o diagnóstico da dependência química”, constatou Campelo.

Segundo Allan Campelo, das pessoas que procuram ajuda apenas 5% vão conseguir abstinência total em três anos.

Tratamento

No Amazonas, Allan Campelo disse que existem as comunidades terapêuticas, a Fazenda Esperança que atuam no tratamento, além os AAs (Alcoólicos Anônimos), NA (Narcóticos Anônimos) e o Instituto Novo Mundo, que tem espaço para atender 90 pessoas, mas, quando firma convênio com o Governo do Estado. Também existe os centros religiosos.

 

Fundo Nacional Antidrogas aos Municípios

Destinar, no mínimo, 70% dos recursos do Fundo Nacional Antidrogas (Funad) a projetos realizados pelos Municípios é o que prevê o Projeto de Lei (PL) 304/2016. A matéria foi aprovada nessa terça-feira, 26 de março, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) acompanhou a votação e atuou junto aos parlamentares para aprovar o texto.

Os parlamentares seguiram o voto do relator, senador Otto Alencar (PSD-BA), e, com 13 votos, aprovaram por unanimidade o texto. Caso não haja recurso contra decisão terminativa, a proposição seguirá para apreciação da Câmara dos Deputados. Em relação ao mérito, no que depender do autor da matéria, o repasse ocorrerá em parcelas semestrais, nos meses de janeiro e julho de cada ano, e a divisão dos recursos entre os Munícipios será realizada segundo os mesmos critérios utilizados para a distribuição do Fundo de Participação dos Munícipios (FPM).

70% dos recursos do Fundo Nacional Antidrogas serão direcionados a projetos realizados pelos Municípios

A justificativa do projeto menciona o Observatório do Crack, iniciativa da CNM que aponta o uso do crack e outras drogas como problema nacional. Os números da primeira pesquisa da entidade sobre o tema, divulgada em 2011, também foram destacados no PL, principalmente a constatação de que 98% dos Municípios brasileiros pesquisados já apresentavam algum tipo de problema relacionado a essa temática.

Conheça o Observatório

O Observatório do crack é uma ferramenta da CNM criada para possibilitar o mapeamento e o acompanhamento da problemática das drogas, nas diversas localidades do país. No hotsite, vinculado ao portal da CNM, é possível encontrar os estudos produzidos pela entidade ao longo de quase oito anos e as normas vigentes que tratam do assunto. Os dados dos Municípios são cadastrados pelos próprios gestores locais e podem ser conferidos por meio de mapas. Conheça mais aqui

 

(*) Com informações da Agência CNM de Notícias