Manaus, 18 de abril de 2024
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Manaus, 18 de abril de 2024

Cidades

Quase cego e sem poder trabalhar, motorista faz apelo por cirurgia no AM: ‘Não me sinto mais digno’

Em meio à pandemia, a cirurgia que Marcos precisa fazer está suspensa no SUS e custa R$ 4, 6 mil na rede privada de saúde

Quase cego e sem poder trabalhar, motorista faz apelo por cirurgia no AM: ‘Não me sinto mais digno’

(Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

MANAUS, AM – Desempregado, sem auxílio emergencial, quase sem enxergar e na fila de uma cirurgia de catarata que está parada desde janeiro. Esta é a realidade do motorista Antônio Marcos Barbosa, 42, que viu sua renda cair de R$ 1,6 mil para R$ 140 em menos de 8 meses, no bairro Riacho Doce, zona Norte de Manaus. Ele e a esposa, Ana Rita Farias, 40, receberam a equipe de reportagem do Amazonas 1 para contar a realidade dos invisíveis da pandemia no Amazonas.

Desempregado e com cerca de 75% da visão comprometida por uma catarata, Marcos tem contado principalmente com a ajuda de parentes e amigos para sustentar a esposa e mais quatro filhos. Marcos mora em uma casa simples de alvenaria, ainda inacabada. O drama vivido pelo motorista iniciou após ele bater o carro da empresa que trabalhava em um acidente ocasionado pela perda da visão. A consequência foi arcar com todos os prejuízos e perder o emprego que garantia o sustento da família.

“Eu não tô [sic] nem mais me sentindo digno da minha família, porque não tô [sic] podendo trabalhar, pagar as contas e comprar alimento para os meus filhos”, desabafou o pai de família. Ele é apenas um, dos mais de 900 mil amazonenses que ficaram de fora da segunda rodada do auxílio emergencial, em 2021. Invisível aos olhos do poder público, Marcos conta que a pequena renda que ficou é de um benefício que sua esposa, Ana Rita.

(Foto: Márcio Sila/ Portal AM1)

“Eu entrei em uma rua escura, foi quando não vi o asfalto no escuro e bati o carro. Foi um estrago. Acabei pagando todo o prejuízo, tendo recebido nada”, contou.

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A cirurgia de catarata que Marcos precisa fazer está suspensa por tempo indeterminado, desde janeiro, no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o estado do Amazonas, por conta da pandemia. Na rede privada, o procedimento cirúrgico custa R$ 4,6 mil, mas como o casal não tem esse recurso, o motorista corre o risco de perder totalmente a visão.

(Foto: Portal AM1/ Márcio Silva)

Além dele, Ana Rita também não tem condições de trabalhar. A esposa do motorista tem tendinite e sofre com problemas na coluna e articulações – problemas de saúde que foram agravados após ela contrair covid-19 na segunda onda da pandemia, que atingiu Manaus no início deste ano.

“A covid me afetou muito. Eu sinto muitas dores, tem dia que eu não levanto da cama, porque as minhas pernas doem, já fiz raio-x e não deu nada, mas eu acho que é nervo ciático, como eu tenho problema de coluna, bico de papagaio, hérnia de disco”, relatou.

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Segundo ela, o sentimento por toda a situação que a família tem passado é de descaso e abandono. “Essa pandemia veio pra acabar com a gente. Não tem ninguém para olhar por nós, as pessoas que são mais carentes”, desabafou.

(Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

Para arrecadar alimentos e o dinheiro da cirurgia, o motorista chegou a fazer um apelo nas redes sociais, mesmo assim, a família ainda não conseguiu doações.

“Ele é um trabalhador, um homem honesto. Sempre trabalhou para manter a família, sempre trabalhou para se manter e eu faço um apelo para todas as categorias, para darem uma força para o meu marido, qualquer valor que contribuírem é bem-vindo”, finalizou Ana Rita.

Dados para doações:

Agência Itaú: 1410

Conta: 53452-1

Pix: (92) 99469- 7590 (Ana Rita)