Manaus – A resistência sempre foi uma característica forte do povo indígena. E, nos anos de 2020 e 2021, com a pandemia do novo coronavírus, a palavra ganhou um sentido ainda maior, principalmente para a Associação de Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (AMISM).
A associação, que é sediada na capital amazonense, funciona desde 1992, e tem uma história também de luta. Tudo começou quando uma família de sete mulheres, formada por Zenilda Vilácio e suas seis filhas, foi trazida da terra indígena Andirá-Marau para Manaus, pelo antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI, atual Fundação Nacional do Índio – Funai).
Em Manaus, as sete mulheres foram submetidas a todos os tipos de violação de direitos. Para lutar por eles, foi necessária a organização, como lembra a secretária da associação, Sâmela Sateré-Mawé. “Diante disso, essas mulheres resolveram se organizar, e em 1992, a associação foi fundada. Três anos depois, em 1995, a associação foi institucionalizada. Hoje, além da parte do auxílio econômico, a associação trabalha na defesa dos direitos do povo Sateré-Mawé e na defesa dos direitos das mulheres”, afirma.
A resistência continua
A etnia Sateré-Mawé é uma das mais antigas da Amazônia. Seu território original fica na área compreendida pelos municípios de Barreirinha, Parintins e Maués, na região do Médio Amazonas. Embora grande parte dos saterés ainda viva em Andirá-Marau, muitos já residem em municípios maiores, como Manaus. Foi na cultura sateré-mawé que surgiu, inclusive, o cultivo do guaraná.
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Atualmente, a AMISM conta com mais de 50 associadas. Elas vivem das vendas dos artesanatos que fabricam, todos com a temática indígena, e entre os artigos vendidos, estão bolsas, colares, chaveiros, instrumentos musicais, entre outros. E, nesse ponto, as redes sociais são as maiores aliadas das mulheres sateré. Tudo o que é fabricado pelas artesãs é exposto nas redes sociais, principalmente no Instagram, @amism_sateremawe.
“Quando a gente passou a expor os nossos materiais nas redes sociais, principalmente com os grafismos, vimos que isso começou a atrair pessoas. Passamos a ter mais seguidores no Instagram, e as nossas vendas aumentaram consideravelmente. Então, nesse ponto, as redes sociais foram nossas maiores aliadas”, diz Sâmela.
Sobrevivência na pandemia
Durante a pandemia de covid-19, um novo artigo passou a ser comercializado pelas mulheres sateré-mawé: as máscaras de proteção facial. Tudo começou devido à necessidade do isolamento: com a medida, elas foram obrigadas a ficar em casa, sem poder fazer as vendas. Diante disso, começaram a fabricar as máscaras.
“A fabricação das máscaras foi um desafio proposto por uma Organização Não-Governamental (ONG) do Reino Unido. Foi um desafio pra [sic] nós, porque nunca tínhamos costurado, mas resolvemos tentar e conseguimos”, relembra.
O desafio principal consistiu em aprender a usar a máquina de costura para confeccionar as máscaras. Mas elas conseguiram e começaram a fabricar, inicialmente sem traços indígenas. Logo depois, começaram a fazer as máscaras com grafismos indígenas. O resultado foi um sucesso: em quatro meses, elas fabricaram mais de oito mil máscaras.
“Nós já mandamos as máscaras para o interior do estado e para outros lugares do Brasil, além de aldeias nos municípios de Lábrea, Jutaí e Santo Antônio do Içá. Além disso, várias empresas e entidades compraram a ideia e resolveram adquirir as máscaras. Pra [sic] gente, isso é gratificante, porque é daí que está começando a vir o sustento para essas mulheres tão aguerridas. Antes de fazer as máscaras, com a pandemia, achávamos que não íamos ter mais sustento, e agora temos”, completa Sâmela.
A sede da AMISM está localizada na rua Marçal, 288, no bairro Compensa. E para quem quiser adquirir os produtos produzidos pelas artesãs saterés pode entrar em contato pelo Instagram, pelo Facebook ou pelo WhatsApp: (92) 9 8159-2712. “Hoje, quem compra um artigo produzido pela AMISM ajuda um grupo de mulheres que está em busca do seu sustento”, salienta.
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