Foto: Divulgação Semed
MANAUS, AM – O retorno das aulas presenciais ainda é um caso que está sendo avaliado. Havia sido estudado a possibilidade do retorno das aulas, de forma híbrida, no dia 3 de maio, entretanto, de acordo com a Semed (Secretária Municipal de Educação), essa data foi adiada para o dia 18. O Secretário Municipal de Educação de Manaus, Pauderney Avelino, disse que o retorno foi adiado por mais 15 dias.
“Vamos adiar o retorno por 15 dias para não causar problema a ninguém da comunidade escolar. Estamos fazendo tudo com critérios e bom senso para não meter os pés pelas mãos e criar dificuldades futuras”, informou o secretário.
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Ele ainda destacou que a atual gestão (David Almeida) procura formas de vacinar os profissionais da educação o mais rápido possível.
“Estou junto com o prefeito David Almeida e o procurador-geral do Município, para conseguir a vacina para os professores. Se não for de forma natural, vamos tentar de forma judicial. Estamos trabalhando para imunizar os nossos educadores antes do retorno”, falou Pauderney.
O que a ciência pensa sobre o retorno das aulas presenciais
Em conversa com a especialista em Saúde Pública da Fiocruz AM, Sophia Livas, o retorno das aulas nesse momento não é recomendável, pois o Estado está se recuperando de uma onda de contaminação.
Segundo Sophia, mesmo que haja um plano de educação e restrições, o retorno pode causar uma disseminação do vírus.
“Caso esse protocolo não seja respeitado, há possibilidade de novas variantes surgirem, inclusive, resistentes à vacina, o que coloca em risco todos os esforços até aqui já alcançados”, esclareceu.
A profissional afirmou que há estudos que especulam uma terceira onda de contaminação para o Amazonas, entre os meses de junho e julho. Ela ainda destacou que o melhor, no momento, é evitar e continuar o ensino remoto on-line.
“É na escola o foco do contágio e pode aumentar de forma demasiadamente rápida, pois é um sistema que envolve a colaboração de muitas pessoas. Professores, alunos, e é extremamente grave o risco de contaminação de suas famílias. Por isso, nesse momento, qualquer atividade que precise da colaboração de várias pessoas, é necessário esperar”, alertou Sophia.
Professores e pais
As opiniões, nesse caso, divergem. Para o professor Gabriel Mota, o retorno das aulas, agora, não é uma boa opção.
“Parto do princípio que só é seguro o retorno às aulas quando todo o corpo docente da Semed e Seduc estiver vacinado. O governo precisa entender que não se trata apenas de imunizar os professores para retornar às aulas, mesmo vacinados, ainda podemos carregar o vírus conosco para outros lugares e nesses lugares pode ter pessoas que ainda estão vulneráveis a uma infecção mais grave”, informou o educador.
Já para a mãe de duas meninas, Lucimara Xavier, as aulas on-line têm prejudicado o aprendizado dos alunos. Ela entende todos os perigos do vírus, mas é a favor do retorno das aulas presenciais com as medidas restritivas adequadas.
“A volta às aulas durante a pandemia é um assunto muito crítico, pois temos conhecimento do vírus e sabemos que não podemos perder o cuidado. Por outro lado, os alunos estão sendo prejudicados com as aulas on-line porque, apesar de todo esforço dos professores e alunos, o desenvolvimento do assunto não tem a mesma relevância quando explicado dentro de uma sala de aula. Sendo assim, sou a favor do retorno das aulas, mas com ajuda de todos os pais e a educação de seus filhos para combate ao vírus”, contou Lucimara.
Aulas on-line
As aulas on-line foram adotadas para não prejudicar a educação dos jovens amazonenses. Entretanto, nem todos os alunos da rede municipal e estadual possuem um bom acesso à internet.
Gabriel contou ao Portal Amazonas 1 que a ideia é boa, contudo, para aqueles que têm acesso à internet. Porém, a realidade de muitos de seus alunos é outra e isso acaba prejudicando o desenvolvimento educacional.
“Alguns alunos não têm televisão, outros não têm smartphone e a maioria não tem acesso à internet. Em alguns casos, quando tem internet, o acesso permite apenas o uso para o WhatsApp. Esses fatores, além de tornarem a educação pública mais difícil por não conseguir alcançar os alunos com uma boa produtividade, ainda triplica o trabalho do professor, que aumentou substancialmente nesse regime de aula remotas”, contou o professor.
A professora de educação infantil, Adria de Assis, acredita que aulas on-line têm prejudicado o ensino, entretanto, também acredita que agora não é o momento adequado para retornar às aulas presenciais.
“Eu trabalho em escola pública e com crianças de 4 a 5 anos e sabemos o quanto de atenção e cuidados os pequenos precisam. Pensando nisso, e também na realidade de muitas famílias, só consigo pensar que essas crianças podem estar se expondo ao risco. Seria ótimo se as aulas voltassem, para que um trabalho melhor fosse realizado com essas crianças, mas, infelizmente, nossas escolas também não possuem estrutura para que voltem agora”.
Adria ainda contou que o home office tem sido mais cansativo e exige bem mais. Além disso, ela precisa contar com o apoio dos pais durante todas as aulas porque trabalha com crianças.
“Então, nesse quesito, bate aquela indecisão do: ‘voltar ou não voltar?’ Mas aí, precisamos pensar e sermos racionais que neste momento é preciso fazer um esforço para um bem maior”, declarou.
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