MANAUS – Apesar da vacinação estar caminhando a passos lentos no Brasil e no Amazonas, o programa segue dando prioridade aos profissionais de saúde e à população da terceira idade. Na estratégia de imunizar os grupos de risco primeiro, a vacina já chegou para alguns nomes famosos de artistas da região, que fizeram questão de salientar o ato nas redes, com o objetivo de estimular a vacinação.
Dori Carvalho, 66, é ator, diretor, professor, cronista e poeta. Natural de São Joaquim da Barra no interior de São Paulo, reside em Manaus desde 1978, aqui ele criou a livraria Maíra, que se tornou um dos principais espaços de leitura no Amazonas. Dori é influência para a geração atual, sempre envolvido em projetos que buscam a propagação do conhecimento.
“Fui me vacinar porque acredito na ciência, nos cientistas e a que vacina é a única forma de vencer a pandemia. É muito triste ter que ficar defendendo o óbvio, diante do negacionismo, da negligência e da perversidade de governantes e ‘ceguidores’ (seguidores, de acordo com Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa VOP)”, afirmou Dori Carvalho. O entrevistado aproveitou a oportunidade para fazer um trocadilho.
Ainda sobre a emoção de ter iniciado a imunização, ele disse:
“O processo de vacinação foi tranquilo, sem confusão ou atropelos. Gastei 25 minutos entre minha entrada na fila e ser vacinado. Tive todas as reações a que temos direito: febre, dores por todo o corpo e muitos calafrios… os sintomas duraram por 3 dias. Agora, sinto ainda um pouco de dores musculares. Tudo dentro do previsto. É preciso vacinar, é preciso vacina para todos os brasileiros. Vacina Sim, Ele Não!”.
A escritora e jornalista Leyla Leong, também é uma das imunizadas no estado e há 30 anos se dedica a literaturas para o público infantil e juvenil. Leong também se dedica a registrar a natureza em seu universo literário. Ela ressalta a saudade que estava das coisas simples: poder ir ao supermercado e ter autonomia nas compras.
“A vacina era como uma luz no fim do túnel, uma esperança. Após um ano em casa, saí para me vacinar, fiquei surpresa com a organização e competência na ação. Fiquei tão feliz, que pedi para a minha filha me levar ao supermercado’. ressaltou a escritora.
Segundo Leyla, o mundo se tornou uma dose de veneno diária, com notícias alarmantes sobre a situação, porém, em cada frasco da vacina, uma dose de esperança era replicada nas pessoas. Ainda em forma de desabafo, a escritora utilizou de sua sinceridade, ao dizer que: “A luz que boia sobre as nossas águas está sendo atropelada pelo banzeiro da ignorância desse desgoverno, o Brasil está nas mãos de um insensato, sem coração, que está nos levando ao extermínio!”.
O compositor e cantor Zeca Torres, o Torrinho teve Covid-19 no final do ano passado, entre Natal e Ano Novo e contou que embora não tenha ficado com sintomas grave, não deixou de ser uma experiência psicologicamente traumática. “Naquele período já se iniciava a crise de falta de leitos e o medo era grande de piorar ao ponto de precisar ser internado”.
Neste mês de março ele recebeu a primeira dose da vacina e ressaltou que foi um misto de emoção e alívio. “Tive algumas reações que duraram apenas um dia, como febre e indisposição. O que incomodou mais foi o braço dolorido, que perdurou por quase duas semanas, mas agora está tudo bem. Nada comparável à preocupação por saber que o programa de vacinação ainda engatinha no país, com uma parcela ínfima de cidadãos contemplados”, contou o compositor.
Torrinho explicou que tem consciência de que a imunização é apenas um ato individual e a eficácia da vacina tem caráter coletivo. Para ele, só começaremos a ficar livres dessa praga quando a vacina chegar a pelo menos 50% da população. “Sei também que, mesmo vacinado, não devo abrir mão dos cuidados como higienização das mãos, máscaras, álcool e, sobretudo, ficar longe de aglomerações”.
Outro famoso amazonense, o artista plástico, Otoni Mesquita, 67, natural de Autazes, no interior do Amazonas, também está na lista dos imunizados.
Além de artista, ele também é escritor, historiador e apaixonado por pinturas, iniciou no mundo das artes ainda criança. Otoni afirmou que a felicidade total só virá quando a erradicação da covid-19 for uma realidade. Existe, apesar de tudo, um alívio ao fazer o consumo da vacina.
Ele ressaltou a importância da prevenção e do cuidado mútuo, dizendo que a responsabilidade é de todos. “Se um está em risco, estamos todos. Fico triste com o descaso, falta de providência e burocracia que o país vem enfrentando. A cada dia de falta, muitas vidas se perdem.” afirmou o artista.
Otoni preza pela conscientização da população como um todo. Por isso, em um parâmetro geral, todos aqueles que têm vez e voz zelam para que a empatia tome o lugar do individualismo e a desesperança vá embora e que a esperança por dias melhores seja uma realidade, para que essa história possa ser contada com o final feliz pela próxima geração de pensadores.
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