Manaus (AM) – A Polícia Federal realizou uma operação nesta quinta-feira (28) para investigar supostas irregularidades em uma loja de iPhones, que contava com o vereador Sargento Salazar (PL) como garoto propaganda. A ação policial incluiu buscas no estabelecimento, localizado em Manaus, e teve como objetivo apurar denúncias de comércio de produtos com suspeita de origem ilícita.
A operação Hidden Circuit, deflagrada pela PF e Receita Federal, ocorreu em cinco cidades, com apreensões no bairro Adrianópolis, na capital amazonense. A organização criminosa importava e comercializava eletrônicos do Paraguai em um esquema que sonegava R$ 80 milhões anuais em tributos. Os envolvidos responderão por crimes como descaminho e lavagem de dinheiro.
Sargento Salazar – conhecido por divulgar a loja em suas redes sociais – afirmou que sua relação com o estabelecimento se limitava à publicidade.
“Uma coisa não tem nada a ver com a outra! Eu vou chegar na loja e vou pedir toda documentação antes de fazer a propaganda?”, declarou o vereador em postagem publicada no Instagram.
Reações nas redes sociais
A declaração do vereador gerou repercussão imediata entre os seguidores. Usuários questionaram o posicionamento de Salazar sobre a verificação da procedência da loja.
“Falam do cliente saber a procedência do que compra e ele vai fazer propaganda e não pesquisa a empresa antes? Tá bom”, escreveu uma seguidora. Outra comentou: “A justiça sempre nos orienta a investigar a procedência do produto antes de comprá-lo. Não entendi a resposta do policial aí em questão.”
Veja outros comentários:
Sargento Salazar nega vínculo com loja
O vereador Sargento Salazar (PL), eleito o mais votado de Manaus, afirmou que não tem qualquer envolvimento com a loja de iPhones investigada pela Polícia Federal (PF) por suspeita de comércio irregular.
Ao Portal AM1, Salazar explicou que sua relação com o estabelecimento se limitava à publicidade e criticou o que classificou como tentativas de atacá-lo devido à sua posição política.
“Ele [dono da loja] chegou aqui em Manaus, pediu pra eu fazer uma propaganda pra loja dele, e eu fiz. Se tivesse algo de errado comigo, até eu teria sido preso, né? Como não tem nada, não tem nada demais”, afirmou.
Salazar comparou a situação ao fato de tirar fotos com eleitores e, posteriormente, esses indivíduos serem envolvidos em casos policiais.
“Não tem como saber. É a mesma coisa: um monte de gente pede pra tirar foto comigo, e depois essa pessoa é presa. Eu não tenho vínculo nenhum com ela. Não tem como a gente saber se a pessoa está toda legalizada, a não ser que eu peça documentos, e eu nunca vi isso”, disse.
PF ainda não intimou vereador
Questionado pela reportagem se foi chamado a depor pela PF, o vereador negou e afirmou que seria incoerente vinculá-lo ao caso.
“Eles não me chamaram pra dar depoimento, até mesmo porque eu não tenho nada a ver. Como é que eles vão ter que chamar todo mundo que comprou na loja do cara? Não tem como, não tenho vínculo com ele”, questionou.
Salazar também destacou que a publicidade é uma prática comum e que não compete a ele fiscalizar o funcionamento do estabelecimento.
“Nota fiscal? O cara vai fazer uma propaganda pedindo nota fiscal de tudo que tem lá dentro? Não tem cabimento. Fui o vereador mais votado e eles vão me atacar sempre”, comentou.
A investigação sobre a loja segue em andamento. A PF ainda não divulgou detalhes sobre as acusações, e o estabelecimento permanece sem se pronunciar sobre o caso.
Especialista aponta falta de cautela
O advogado Júlio Maciel, especialista em Direito Eleitoral, afirmou que o vereador eleito Sargento Salazar (PL) não enfrenta implicações legais diretas no caso da loja de iPhones investigada pela Polícia Federal (PF). No entanto, Maciel chamou atenção para a falta de cautela do parlamentar ao associar sua imagem pública a um estabelecimento, agora, alvo de denúncias.
“Neste caso, não há nenhuma implicação ao Sargento Salazar, uma vez que ele não foi diplomado como vereador e nem tomou posse para o cargo ao qual foi eleito. Ele está somente aguardando a cerimônia do Tribunal Regional Eleitoral e a posse na Câmara Municipal de Manaus”, explicou o advogado.
Apesar da ausência de implicações legais, o especialista alertou para os riscos de exposição desnecessária. Segundo Júlio, o ideal seria que nenhuma pessoa emprestasse a sua voz ou imagem para ser associada a uma empresa investigada por práticas ilícitas.
“Para vereadores já em exercício, é necessário observar o código de ética da Câmara Municipal de Manaus, que prevê parâmetros claros de conduta. Com relação ao mandado, não há razões para se preocupar. Não incorre nas razões de cassação”, avaliou Maciel.
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