Manaus, 2 de maio de 2024
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Cenário

Seca: políticos preferem ‘favorzinhos’ a soluções a longo prazo

O especialista político enfatizou ao Portal AM1, que os políticos preferem dar soluções rápidas às crises ambientais ao invés de criar políticas públicas duradoras.

Seca: políticos preferem ‘favorzinhos’ a soluções a longo prazo

Crise ambiental (Foto: José Cruz/Agência Brasil/Seminf

Manaus (AM) – Em meio à maior seca registrada em 121 anos e fortes queimadas, o Amazonas enfrenta não apenas os desafios naturais impostos por fenômenos climáticos, mas também a escassez de políticas públicas a médio e longo prazo para lidar com as crises ambientais que ocorrem anualmente.

A região, conhecida pela biodiversidade e papel crucial na regulação do clima global, enfrenta uma situação crítica, com rios atingindo níveis historicamente baixos e vastas áreas de floresta amazônica sendo consumidas pelo fogo.

O especialista político Helso Ribeiro expressou sua crítica à omissão dos parlamentares e políticos locais na formulação de estratégias consistentes para minimizar os impactos dessa situação ao Portal AM1.

Ribeiro observa que, em grande medida, os políticos se restringem a “favorzinhos” que lhes rendem aplausos e elogios. Além disso, ele destaca que os parlamentares muitas vezes se concentram apenas em ações de “imediatismo”.

“Eu diria que o mais fácil é lidar com o imediatismo. Uma ação a médio e longo prazo requer estudo, planejamento e uma execução mais demorada […] boa parte dos políticos vivem para prestar um favorzinho, sendo idolatrados e amados. E, assim, fenômenos previsíveis são tratados apenas quando ocorrem”, enfatiza.

Ribeiro cita exemplos de outros países que lidam com fenômenos climáticos extremos, mas se preparam para conviver com esses eventos sem sofrer consequências graves, ao contrário do que acontece anualmente no Amazonas com a seca e a cheia.

“Em alguns países, eles se preocupam em desenvolver uma política de Estado, não apenas para o governo de plantão, mas para conviver com isso. Nada de improviso. Quanto mais desenvolvido e zeloso o país for em relação ao dinheiro público, mais ele buscará realizar ações de médio e longo prazo”, afirma.

Cultura paternalista

Segundo Helso, ações rápidas “ganham aplausos”, mas refletem a falta de uma visão crítica entre os políticos e o despreparo para ocuparem cargos que exigem medidas perenes.

Para Ribeiro, os políticos, ao resolverem problemas de maneira imediatista, conseguem conquistar o apoio e aprovação de uma parte da população que não questiona a ausência de políticas mais abrangentes e duradouras.

A cultura paternalista, em que um candidato ou governante oferece um favor em troca de algum benefício, conforme identificado por Ribeiro, representa assim um ciclo vicioso que perpetua a falta de políticas públicas a longo prazo.