Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Cidades

Sem espaço no IML, corpos de detentos estão em caminhão frigorífico

Quantidade de presos mortos escancara precariedade do Instituto Médico Legal (IML), em Manaus. Servidores já reivindicavam melhorias

Sem espaço no IML, corpos de detentos estão em caminhão frigorífico

Os corpos dos detentos estão sendo armazenados em caminhão frigorífico (Josemar Antunes/Amazonas1)

O número de detentos mortos durante o massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), Centro de Detenção Provisória Masculino 1 (CDPM1), ocorridos no domingo, 26, e na última segunda-feira, 27, excedeu o limite de armazenamento no Instituto Médico Legal que tem capacidade para apenas 20 corpos.

Conforme a presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais do Amazonas (Sinpoeam), Viviany Pinto, a estrutura da instituição é inadequada para armazenar os corpos dos 55 detentos. “A longo prazo, a estrutura é inadequada, não comporta mais a demanda e o número de peritos é reduzido”, relatou Viviany.

Desde ontem, 27, peritos do Departamento Psicotécnico Científico (DPTC) e servidores do Instituto Médico Legal (IML) que estavam de folga, foram convocados para ajudarem na identificação dos mortos. Na manhã desta terça-feira, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e o Instituto Médico Legal (IML) informaram que serão divulgados, a cada meia hora, relatórios conjuntos de identificação dos detentos que morreram nos massacres.

Apenas 20 gavetas

A presidente do Sinpoeam comunicou a reportagem que o trabalho de identificação dos corpos é lenta, e que devido ao número reduzido de peritos, o trabalho é mais longo. A precariedade das estruturas do Instituto Médico Legal (IML), fizeram com que seja contratado, de forma emergencial, um caminhão frigorífico, para armazenamento dos corpos dos presos, que chegou a 55, pois o IML não suporta a essa quantidade excessiva de vítimas. Atualmente, apenas 20 gavetas estão disponíveis para o armazenamento de corpos e apenas quatro peritos estão realizando as atividades.

Os corpos dos detentos estão sendo armazenados em caminhão frigorífico (Josemar Antunes/Amazonas1)

“O que demora é a identificação dos corpos, que pode ser feita de três formas: a identificação digital (necropapiloscópica), é tirada a digital da vítima e é enviada ao Instituto de Identificação (ID) para comparar com a ficha civil ou criminal que esteja lá; ou arcada dentária ou DNA. Então devido ao número reduzido de peritos na área, o trabalho é reduzido”, explicou a presidente do sindicato, Viviany Pinto.

Para Viviany, única saída para melhorar o atendimento à população, é a realização de concursos, com aumento de vagas e a melhora da estrutura. “Dessa forma, nós podemos prestar um melhor serviço à sociedade”, explicou.

Peritos denunciam condições precárias de trabalho e descaso do Governo

No mês de Abril, no dia 25, os Peritos Oficiais do Amazonas denunciaram as condições precárias de trabalho e descaso do Governo. À época, a presidente do Simpoeam relatou que as viaturas existentes não tinham condições de rodar, de deslocar o perito ao local do crime e que o governo só precisaria realizar o reajuste, o que não estava sendo feito. As condições precárias do Instituto Médico Legal (IML) já estavam liberação de corpos em Manaus

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Condições precárias do IML atrasam liberação de corpos em Manaus

Peritos denunciam condições precárias de trabalho e descaso do Governo

Um dia depois, no dia 26, os representantes da categoria foram até o Ministério Público do Amazonas (MP-AM)  denunciar as condições precárias de trabalho dos servidores. O MP informou que iria abrir um procedimento investigativo para, mais uma vez, apurar causas e possíveis soluções para os problemas enfrentados pelos Peritos Oficiais do Amazonas.