Manaus, 28 de abril de 2024
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Brasil

‘Sou um morto-vivo’, diz pai que perdeu três filhos soterrados em Petrópolis

A família ainda aguarda a identificação das crianças 

‘Sou um morto-vivo’, diz pai que perdeu três filhos soterrados em Petrópolis

(Foto: Reprodução/ G1/ Arquivo pessoal)

PETRÓPOLIS, RJ – “Eram tudo pra mim, minha vida era eles. Minha vida, praticamente, acabou. Sou um morto-vivo agora. Quero só a força de Deus e do Espírito Santo para me consolar”, disse Fábio Machado Silva, 44, neste sábado (19). Os três filhos Fábio morreram soterrados, em Petrópolis, regiana Serrana do Rio, na terça-feira (15).

A mãe das crianças, Francisca Maranguape Silva, de 50 anos, ficou presa no trabalho por conta da chuva e não conseguiu chegar em casa. Fábio estava com as crianças e sobreviveu mesmo após ser arrastado pelo deslizamento.

As crianças que morreram são: Stephanie Maranguape Silva, 11 anos; Daniel Maranguape Silva, 6 anos; e Mila Maranguape Silva, 13 anos.

(Foto: Arquivo pessoal)

O casal aguardava neste sábado (19) a identificação das crianças que morreram soterrados no bairro Alto da Serra. A mãe conta que existe uma dificuldade maior para identificar os três porque a identificação está sendo feita por papiloscopia, que usa banco de dados de RGs.

Saiba mais: Equipes ainda procuram por 57 desaparecidos em Petrópolis

Fábio contou detalhes do dia da tragédia:

“A chuva estava muito forte, eu não suspeitei de nada. Por volta das 16h15, um barulho muito grande veio do alto. Igual a trote de cavalo, fiquei desesperado. Meu instinto de pai falou mais alto e eu gritei: ‘Mila, Stephanie, Daniel’. A mais velha desceu a escada e eu fui pegar os três. Nós voltamos para escapar do desastre, só que a água aumentou e me jogou lá na casa da minha cunhada a 30 metros de distância. Antes de cair, eu falei ‘sobe, meus filhos’. Eu retornei pro local 20 minutos depois, mas já era tarde”.

A mãe das crianças, Francisca, contou que não consegue se alimentar desde terça-feira (15).

“Eu não como desde terça-feira. Tô só no suquinho, na água… mas Deus que está me mantendo em pé. Quando eu me deito, eu choro, porque eu não vou ver mais as minhas crianças, né? Eu adorava fazer as coisinhas, eram tudo pra mim”, contou.

“Daniel, uma semana antes, chegava na porta da cozinha e falava pra mim: ‘Mãe, eu te amo, o que eu faço pra te ajudar pra você ficar comigo, porque eu quero que você fique comigo’. Parece que ele tava adivinhando. E a Stephanie no domingo chorou muito, muito. Aí eu falei assim: o que essa menina tem? ‘Eu não sei, mamãe, eu não sei’. E a Mila nunca foi de fazer as coisas pra mim, aí nesse dia ela começou a fazer um monte de coisa pra mim. Parece que eles estavam adivinhando o que ia acontecer pra frente, isso não sai da minha cabeça”, completou.

*Com informações do G1