Temendo ser preso pela Polícia Federal (PF) por descumprir sucessivas decisões da Justiça do Trabalho, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Manaus (STTRM), Givancir Oliveira, acabou aceitando um reajuste para sua categoria menor do que o proposto há cinco dias.
No dia 30 de maio, a Prefeitura de Manaus conseguiu intermediar junto ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amazonas (Sinetram) um aumento para os funcionários do transporte coletivo de 6,5%, que foi aceito pelos empresários do sistema, conforme divulgado pela imprensa.
Ontem, 4 de junho, Givancir Oliveira acatou um reajuste de 5,5% para sua categoria, isto é, 1% a menos que o aprovado entre a prefeitura e o Sinetram. A definição do percentual de aumento dos funcionários de ônibus ocorreu durante a reunião com o Ministério Público do Trabalho, a Polícia Federal, a Procuradoria do Município de Manaus, e outros órgãos.
Em entrevistas aos jornalistas, o presidente do Sindicato dos Rodoviários atacou a imprensa e alegou que estava se sentindo “obrigado” a aceitar a negociação, mas foi enquadrado pelo procurador do Trabalho, Jorsinei do Nascimento.
“Não estou arrependido do que fiz, se tiver que fazer de novo, irei fazer. Mas nesse momento, a greve está suspensa. Diante do cenário geral, a imprensa não ajuda, ninguém ajuda, fomos obrigados a aceitar esse acordo. Diante de tudo o que está acontecendo, foi um avanço”, se justificou Givancir Oliveira, sendo confrontado pelo procurador Jorsinei.
“O acordo foi firmado perante o Ministério Público do Trabalho e o acordo não foi imposto a ninguém. As próprias partes chegaram a esse acordo. Então, o acordo não é obrigatório, as próprias partes fecharam esse acordo. Considerando as falas do presidente do sindicato (dos Rodoviários), ninguém foi obrigado a assinar nada. As pessoas assinaram aqui por conta de sua própria vontade, tanto o presidente do Sindicato dos Rodoviários, quanto do Sinetram. Só para deixar claro que não foi imposto a ninguém a assinatura deste documento”, finalizou o procurador.
Desequilíbrio, destempero e medo
Além de mostrar destempero e falta de equilíbrio nas negociações com os membros do Ministério Público do Trabalho e representantes das empresas de ônibus, Givancir Oliveira demonstrou medo de ser preso pelos agentes da Polícia Federal que estavam presentes, na reunião.
Após ver os agentes no local, o sindicalista saiu no meio da conversa alegando que estava se sentindo “intimidado” pela PF, sendo convocado pelos membros do Ministério Público a retornar para finalizar as negociações e com isso garantir as reivindicações dos trabalhadores do transporte coletivo.
Givancir Oliveira desobedeceu pelo menos cinco decisões judiciais e conduziu, nos bastidores, a paralisação dos motoristas de ônibus durante a manhã de ontem, mesmo estando em negociação aberta e vantajosa com o Sinetram. Se as autoridades presentes na reunião de ontem quisesse, elas estavam respaldadas a dar “voz de prisão” ao sindicalista.
Ata das negociações com os rodoviários
Interesse pessoal ou partidário
Diante de suas atitudes suspeitas que aparentemente visam interesses pessoais em detrimento dos interesses dos trabalhadores, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) determinou à Polícia Civil que abra uma investigação contra Givancir Oliveira e toda a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário de Manaus.
Givancir Oliveira é irmão do vereador Josildo dos Rodoviários (PCdoB), parlamentar que faz oposição à Prefeitura de Manaus e, segundo comunistas, ele é pré-candidato a deputado estadual nas eleições deste ano.
Veja o vídeo da entrevista
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