Manaus, 12 de maio de 2024
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Trechos da BR-174 estão entre os mais perigosos do Amazonas, aponta CNT

A rodovia tem vários trechos considerados perigosos e fatais, conforme a Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Trechos da BR-174 estão entre os mais perigosos do Amazonas, aponta CNT

A BR-174 apresenta vários trechos perigosos - (Foto: Mara Magalhães)

Manaus (AM) – A BR-174, rodovia que conecta o Amazonas a Roraima, tem os trechos mais perigosos e fatais do estado, conforme dados do Viagem Segura – Guia CNT de Segurança nas Rodovias 2024, da Confederação Nacional do Transporte (CNT). No período analisado, entre novembro de 2022 e outubro de 2023, a BR-174 foi a rodovia com maior número de acidentes, contabilizando 63, sendo quatro fatais, representando 56,3% do total de acidentes no Amazonas.

Reforçando os dados, na tarde do último sábado (20), um acidente envolvendo um ônibus escolar e dois caminhões deixou 18 pessoas feridas no KM 890 (antigo KM 6), da BR-174. No momento da colisão, 25 crianças e adolescentes estavam no ônibus escolar.

As vítimas tiveram ferimentos e escoriações, todas foram encaminhadas para hospitais na capital. Felizmente, não houve registro de morte.

Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a rodovia ficou totalmente interditada por quase três horas.

Felizmente não teve registro de vítima fatal no acidente do último fim de semana – (Foto: Divulgação)

Segundo a CNT, colisão é o tipo mais recorrente, com um total de 52, o que equivale a 46,4% do total.

Uma das principais razões para esse tipo de acidente é a reação tardia ou ineficiente do condutor, com 19 ocorrências, representando 17,0% do total. O trecho mais perigoso da rodovia está entre os km 880 e 890.

Além disso, fatores como pedestres andando na via, e veículos transitando na contramão foram as causas mais comuns de acidentes fatais, com duas ocorrências cada, representando 22,2% do total.

Dados da PRF também preocupam 

Os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) também apontam para um cenário preocupante. Durante todo o ano de 2023, foram registrados 124 acidentes de trânsito nas rodovias federais que cortam o Amazonas, resultando em nove mortes.

Neste ano, de janeiro até o dia 22 de abril, a PRF contabilizou 39 acidentes de trânsito, sendo três deles fatais.

A maioria dos acidentes ocorre devido ao excesso de velocidade e ultrapassagens indevidas, muitas vezes em locais não permitidos ou sem a devida atenção, pontua a corporação.

Em toda a região Norte, segundo o levantamento, foram registrados 3.500 acidentes nas rodovias federais, que resultaram em 420 mortes – ou seja, 12 mortes a cada 100 acidentes.

O trecho mais perigoso da rodovia está entre os km 880 e 890 – (Foto: Mara Magalhães)

Pontos críticos

Além das altas taxas de acidentes, o Radar CNT do Transporte – Pontos Críticos 2023, divulgado em janeiro deste ano, apontou que a BR-174 é a terceira rodovia da região Norte com o maior número de pontos críticos por trecho, chegando a registrar 11 pontos críticos a cada 100 quilômetros. Isso significa que a cada trecho percorrido, os motoristas podem enfrentar uma variedade de problemas que afetam a segurança e a eficiência da viagem.

Em questões de condições precárias de pavimento, sinalização, visibilidade e acostamento, a rodovia aparece em décimo na lista. Nesse ranking, o Amazonas lidera com a AM-010, que liga Manaus a Itacoatiara.

Para o especialista em trânsito, Haniery Mendonça há várias questões críticas no sistema rodoviário que precisam ser abordadas com maior seriedade e urgência. Ele destaca que problemas como pavimentação inadequada, vias estreitas e falta de sinalização são em razão de não estarem recebendo a devida atenção. Esses problemas estruturais, combinados com outras questões como custos de frete e combustível, acabam pressionando os motoristas a rodar mais tempo, reduzindo as horas de descanso, mesmo com leis que estipulam períodos obrigatórios de pausa.

Além disso, há riscos significativos relacionados à velocidade e ultrapassagem. Nas rodovias, tanto estaduais quanto federais, muitas vezes um condutor respeita os limites de velocidade, mas outros estão com pressa para cumprir prazos de entrega, levando a situações perigosas.

A falta de pontos de descanso apropriados e postos de apoio adequados agrava ainda mais o problema. Com acostamentos estreitos e áreas de parada inadequadas, os motoristas de veículos pesados muitas vezes são forçados a estacionar em locais inseguros, aumentando o risco de acidentes.

Motoristas podem enfrentar vários pontos críticos no decorrer da BR, conforme o CNT – (Foto: Mara Magalhães)

Mendonça também aponta para a falta de campanhas educativas sobre segurança no trânsito, que não apenas informem motoristas profissionais como caminhoneiros e carreteiros, mas também os motoristas de veículos menores.

“É necessário realizar campanhas educativas mais amplas e abrangentes que incluam todos os tipos de condutores. A ausência dessas campanhas é preocupante. Especialmente quando se observa que mesmo iniciativas de conscientização mais conhecidas, como o Maio Amarelo, não estão recebendo a atenção que deveriam. Se o número de acidentes em áreas urbanas está aumentando, é de se esperar que nas rodovias a situação seja ainda mais crítica. Assim, é urgente que as autoridades tomem medidas para resolver esses problemas estruturais e de conscientização a fim de melhorar a segurança nas rodovias”, pontua.

Em todo o Brasil, a CNT estima que sejam necessários R$ 4,88 bilhões para a resolução dos problemas nas rodovias. Desse total, 38,5% devem ser destinados à correção de quedas de barreiras e 21,7%, à adequação ou reconstrução de pontes estreitas. Levando-se em conta o investimento necessário para intervenção de melhorias emergenciais, como reconstrução, restauração e manutenção dos trechos da malha rodoviária federal que apresentam problemas, a estimativa da necessidade de recurso sobe para R$ 46,8 bilhões.

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