Manaus, 3 de maio de 2024
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Manaus, 3 de maio de 2024

Brasil

TSE lança lista de palavras a serem banidas do vocabulário brasileiro

O objetivo do manual é excluir palavras e expressões com a justificativa de que os termos são ofensivos a pessoas negras

TSE lança lista de palavras a serem banidas do vocabulário brasileiro

Ministro Benedito Gonçalves e Sabrina de Paula Braga em evento do TSE no qual a cartilha com “termos proibidos” foi lançada. (Foto: Antonio Augusto/TSE)

BRASÍLIA – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou, no último dia 30, a cartilha “Expressões racistas: por que evitá-las”, no encontro Democracia e Consciência Antirracista na Justiça Eleitoral.

Segundo o Tribunal, o propósito do manual é listar palavras e expressões a serem proibidas do vocabulário brasileiro com a justificativa de que os termos ofendem as pessoas negras.

Algumas palavras que estão na lista são “esclarecer”, “escravo”, “meia-tigela” e “nega maluca”, além de expressões como “feito nas coxas”. De acordo com o TSE, as expressões seriam racistas.

(Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE)

Em vários casos, a cartilha sugere diferentes hipóteses que poderiam embasar suposto racismo presente nas palavras e expressões e, mesmo sem uma conclusão exata sobre o contexto histórico e cultural dos termos, aponta para a exclusão.

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Ao apontar motivos para se deixar de usar a palavra “meia-tigela”, por exemplo, o TSE cita três possíveis explicações para a origem da palavra, que se contradizem entre si, e ao fim, crava: “embora não haja consenso acerca das origens, a possibilidade de serem compreendidas como memória da escravidão é justificativa suficiente para que as expressões sejam substituídas”.

A produção do material foi coordenada pela Comissão de Igualdade Racial, criada pelo TSE em abril deste ano, com o objetivo de ampliar a participação de pessoas negras nas eleições. A cartilha lançada pela Justiça Eleitoral, no entanto, não tem conexão com o tema eleitoral.

São, ao todo, 40 palavras e expressões rotuladas como racistas, mas o material permanece aberto para atualização com novos termos. Apesar de a cartilha mencionar termos que trazem conotações racistas, a exemplo do uso pejorativo de “serviço de preto”, ou de “negro de alma branca”, há uma série de termos que o próprio TSE reconhece não haver garantia do emprego de preconceito racial.

A palavra “esclarecer” traz em si o sentido de oposição à ausência de luz, que gera dificuldade de enxergar. Mas, segundo o TSE, a palavra também não deve mais ser usada, pois “embute-se nela o racismo a partir do instante em que transmite a ideia de que a compreensão de algo só pode ocorrer sob as bênçãos da claridade, da branquitude, mantendo no campo da dúvida e do desconhecimento as coisas negras”.

Palavras a serem banidas, segundo a Justiça Eleitoral:

  1. A coisa tá preta
  2. Barriga suja
  3. Boçal
  4. Cabelo ruim
  5. Chuta que é macumba!
  6. Cor de pele
  7. Criado-mudo
  8. Crioulo
  9. Da cor do pecado
  10. Denegrir
  11. Dia de branco
  12. Disputar a negra
  13. Esclarecer
  14. Escravo
  15. Estampa étnica
  16. Feito nas coxas
  17. Galinha de macumba
  18. Humor negro
  19. Inhaca
  20. Inveja branca
  21. Lista negra
  22. Macumbeiro
  23. Magia negra
  24. Meia-tigela / de meia-tigela
  25. Mercado negro
  26. Mulata
  27. Mulata tipo exportação
  28. Não sou tuas negas!
  29. Nasceu com um pé na cozinha
  30. Nega maluca
  31. Negra com traços finos
  32. Negra de beleza exótica
  33. Negro de alma branca
  34. Ovelha negra
  35. Preto de alma branca
  36. Quando não está preso está armado
  37. Samba do crioulo doido
  38. Serviço de preto
  39. Teta de nega
  40. Volta pro mar, oferenda!

(*) Com informações da Gazeta do Povo