Manaus, 1 de maio de 2024
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Manaus, 1 de maio de 2024

Economia

‘Vai ter aumento generalizado em todos os produtos’, diz economista após alta dos combustíveis

Pela terceira vez, somente neste ano, a Petrobras fez mais um reajuste no preço dos combustíveis e gás de cozinha

‘Vai ter aumento generalizado em todos os produtos’, diz economista após alta dos combustíveis

Foto: Márcio Silva/Amazonas1

Pela terceira vez, somente neste ano, a Petrobras reajustou o preço dos combustíveis e o gás de cozinha, os novos valores começaram a ser praticados desde terça-feira (9) em todo o Brasil. O aumento, que tende a não parar por aí, afeta, também, os demais produtos de consumo da população amazonense, é o que afirma o economista Ailson Rezende.

De acordo com o anúncio oficial da estatal, a gasolina subirá, em média, 8,1% (ou R$ 0,17) passando para R$ 2,25 por litro. O diesel terá alta de 5,1% (R$ 0,11), indo a R$ 2,24 por litro. Já o GLP (gás liquefeito de petróleo) sobe 5,05% (R$ 1,81 por botijão).

Esse reajuste ocorre para adequar o preço dos combustíveis ao preço internacional do petróleo, conforme explicado pelo economista Ailson Rezende ao Portal AM1, nesta terça-feira (9).

“Esse já é o terceiro aumento só neste ano. Nós estamos com 40 dias de 2021 e já foram três aumentos nos preços dos combustíveis. O presidente Bolsonaro informou que não vai interferir na política de preços da Petrobras, que deve manter a política atual, que é manter o preço dos combustíveis conforme o preço internacional do petróleo e a variação de câmbio”, explicou.

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Tendo em vista que a maioria das mercadorias e produtos de consumo prioritário para a população depende de transporte até o local de venda, então, o maior impacto desse reajuste será diretamente na ‘mesa do consumidor’. O economista alertou, ainda, para outros aumentos que poderão ocorrer ao longo deste ano.

“Isso quer dizer que a gente vai ter mais aumento no decorrer de 2021. O problema do aumento no combustível é que quase tudo depende do combustível, então vai ter aumento generalizado em todos os produtos, em todos os bens de serviço. E isso impacta diretamente na mesa do consumidor”, afirmou Rezende.

Para ele, essa medida da Petrobras prejudica principalmente a população de baixa renda, que desde o início deste ano não conta mais com a ajuda financeira do Auxílio Emergencial, do governo federal.

“Também tem o impacto nos produtos, porque eles são transportados até o local de venda e isso deve elevar o preço para o consumidor final. A pandemia veio, afetou emprego e salário, e a Petrobras continua aumentando o valor dos combustíveis. Isso é jogar contra a população mais carente e que não tem nenhuma renda”, desabafa.

“Esse aumento do combustível, principalmente o gás de cozinha, faz com que as pessoas que estão sem renda, devido à pandemia e que ficaram sem auxílio porque foi só até dezembro o auxílio do governo federal, vão ficar sem condições de comprar gás, levando em conta que algumas famílias já têm feito uma redução no consumo do gás, utilizando fogo a lenha para fazer algumas refeições”, continuou.

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Atualmente, em Manaus, o preço médio da gasolina é de R$ 3,71. Já em relação ao gás de cozinha, o preço médio, até novembro do ano passado, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biodiesel (ANP) era de R$ 75.

Para o economista Ailson Rezende, esse valor pode ser considerado alto, uma vez que Manaus possui uma refinaria própria, a Refinaria Isaac Sabbá, também conhecida como Refinaria de Manaus (Reman), localizada no Distrito Industrial, zona Sul.

“O estranho é que Manaus tem uma refinaria e o nosso combustível é mais caro do que o combustível comercializado em Belém (PA), que não tem refinaria. Isso é muito estranho, porque pela nossa proximidade, ter uma refinaria localmente, o nosso preço deveria ser mais baixo”, afirmou.

A Reman, que possui a capacidade para o processamento de 46 mil barris por dia, estava, inclusive, na lista de refinarias do país cotadas para serem vendidas pela Petrobras em outubro do ano passado. A questão foi protestada pelo Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM), que afirmou, entre outras coisas, que a venda “irá acarretar um monopólio regional privado, tendo em vista que a empresa privada não irá abrir concorrência em um setor altamente lucrativo”.

Hoje, sobre o aumento no preço dos combustíveis e gás de cozinha, o presidente do Sindipetro, Geraldo Dantas, disse ao Portal AM1, que cada posto deverá desenvolver sua política de custo em relação a esse reajuste.

“O Sindicato não trata de preços, cada posto tem sua política de custo. No meu caso, vou aguardar a emissão da nota fiscal da distribuidora para o posto, vou tentar fazer uma negociação do repasse do custo, aí faço as contas do meu custo e tomo a decisão se repasso ou seguro o preço”, explicou Dantas.

Questionado sobre esse aumento em meio à pandemia, Geraldo Dantas afirmou que não é hora de reclamar e sim salvar vidas, referindo-se à pandemia de covid-19. Ele descartou, até o momento, a possibilidade de greve do setor.

“A pandemia tem afetado toda a economia do país, mas acho que agora não é momento de reclamar e sim pensar em salvar vidas. Não vejo motivo pra greve, numa hora dessa, não é bom pra [sic]  ninguém!”, disse.

Em concordância com o economista Ailson Rezende, o presidente do sindicato também afirmou que deverão ocorrer novos aumentos e reajustes ao longo deste ano. “A política da Petrobras é colocar o preço interno da gasolina no mesmo patamar do mercado internacional; sendo assim, isso quer dizer que vem mais aumento por aí”, finalizou.

Repercussão

Para o deputado João Luiz (Republicanos), que é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor na Assembleia Legislativa do Amazonas (CDC/Aleam), é necessário haver revisão fiscal e debate para possível redução de impostos para que esse aumento não prejudique ainda mais o consumidor.

“A Petrobras tem autonomia em relação ao combustível, o que interfere diretamente na ponta, que é o consumidor final, que diante das oscilações de preços, não pode fazer um planejamento mensal de custos. O que é ruim para o pai família, motoristas de aplicativos e, principalmente, aos consumidores do interior do estado (que acabam pagando também pela logística do insumo), uma vez que se torna inviável a organização de um orçamento mensal”, disse.

“Mas eu acredito que, nesse momento, tem de haver a revisão fiscal, com um amplo debate em torno da redução de impostos. Afinal de contas, a penalidade recai sobre o consumidor final, que é justamente aquele que enfrenta uma grande crise econômica, com um orçamento reduzido, por conta da pandemia da covid-19”, finalizou o deputado.