Manaus, 7 de maio de 2024
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Economia

‘Vale do Silício Baré’: a nova configuração do CBA após decreto

Autonomia do órgão deve facilitar escoamento de produtos já finalizados que aguardavam investimentos

‘Vale do Silício Baré’: a nova configuração do CBA após decreto

Divulgação/Suframa

Manaus (AM) – Considerada um “elefante branco” entre as instituições implementadas pelo governo federal no Amazonas, o Centro de Biotecnologia do Amazonas (CBA) conquistou personalidade jurídica e tornou-se Centro de Bionegócios da Amazônia. Agora, o órgão poderá desenvolver, por meio de financiamento de empresas, projetos voltados ao aproveitamento das riquezas da região.

A nova configuração foi obtida por meio de decreto assinado pelo presidente Lula e pelo titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, nessa quarta-feira (3). A medida estabelece que o CBA será desvinculado da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e passa a ser gerido por uma organização social, a Fundação Universitas de Estudos Amazônicos (Fuea).

Para o gestor do CBA, Fábio Calderaro, a mudança vai possibilitar que o órgão atue mais próximo dos setores que podem intensificar as cadeias da bioeconomia na região, criando matrizes econômicas alternativas à Zona Franca de Manaus (ZFM).

“Isto deve propiciar o avanço para o fomento da bioeconomia como vetor econômico tão importante para complementar a atual matriz econômica da região, alicerçada na atividade fabril do Polo Industrial de Manaus”, disse.

A superação do antigo sistema, baseado exclusivamente em verba pública da União, vai facilitar a capitação de “recursos privados que contribuam para o pleno desenvolvimento de todo o potencial da bioeconomia local”, ressalta Calderaro.

Demanda histórica

Deputados da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) saudaram a iniciativa do governo federal. “Por muitos anos, o CBA viveu na obscuridade. Um centro de relevância significativa para o homem do interior, porque a matéria-prima de pesquisa do órgão é a Amazônia. Uma espécie de Vale do Silício baré”, afirmou Rozenha (PMB), em referência à região que abriga empresas de tecnologia, como o Google e o Facebook;

O parlamentar observou que o centro, “antigo apêndice da Suframa”, já dispõe de produtos finalizados, que aguardam empresas capazes de custeá-los para produção em escala industrial. Na avaliação do deputado, o CBA pode funcionar como o elo que deve ligar a capacidade produtiva do Polo Industrial de Manaus (PIM) à economia do interior do estado.

“Fabricação de tecnologia de alta performance não gera empregos no interior. O que vai gerar emprego lá é a bioindústria, os fármacos e biocosméticos”, exemplificou.

O deputado George Lins (UB) observou que a garantia por personalidade jurídica do CBA foi uma demanda que se prolongou por mais de 20 anos. “Temos a matéria-prima para produzir cosméticos, fármacos, mas não há investimento suficiente na pesquisa. E os produtos criam o ambiente de negócios”, disse.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) sugeriu, com base na Lei de Informática, que parte dos recursos em pesquisa e desenvolvimento fornecidos pelo governo federal seja destinada ao CBA. Com a utilização de apenas 1% do fundo P & D, por exemplo, o total de investimentos deve saltar de R$ 47,6 milhões para R$ 300 milhões.

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