Manaus, 2 de maio de 2024
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Manaus, 2 de maio de 2024

Política

Zema volta a defender frente parlamentar contra Norte e Nordeste

Para o presidente da CMM, vereador Caio André, as declarações de Zema são um show de desinformação sobre história do Brasil.

Zema volta a defender frente parlamentar contra Norte e Nordeste

(Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)

Manaus (AM) – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi duramente criticado ao defender a criação de uma frente parlamentar para combater o que ele considera perdas econômicas por benefícios aos estados das regiões Norte e Nordeste.

Entre os benefícios considerados prejudiciais, no entendimento de Zema, está a manutenção das isenções de tributos para a Zona Franca de Manaus (ZFM), aprovada no texto da Reforma Tributária, na Câmara dos Deputados.

Em entrevista ao Estadão, o governador voltou a defender uma frente das siglas de direita dos estados do Sul e Sudeste para aprovação de pautas no Congresso, de olho na eleição presidencial de 2026.

“O que nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos — que é necessário, mas tem um limite — de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada”, disparou o mandatário.

Zema criticou o fato de os estados do Norte e Nordeste terem mais beneficiários nos programas sociais. Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade? Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais!”, afirmou o governador.

Porém, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE mostram que o cenário é mais alarmante nas regiões Norte e Nordeste. “A incidência da pobreza nessas regiões atingiu mais de 40% de suas populações em 2021”, aponta o relatório.

Show de desinformação

O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM) rebateu as críticas do governador mineiro contra os estados do Norte e Nordeste. Caio André (Podemos) afirmou, nesta segunda-feira (7), em um post nas redes sociais, que Zema mantém uma incansável perseguição contra os estados dessas regiões.

“Desta vez, ele sugere a criação de uma ‘frente parlamentar’ para combater, no seu insipiente entendimento, perdas econômicas para nós aqui do Norte e Nordeste. Sua entrevista ao jornal Estado de São Paulo foi um show de desinformação sobre história do Brasil e sobre a realidade econômica de um povo que, historicamente, foi desfavorecido”, afirmou Caio.

Em meio às discussões nacionais e até internacionais pelo desenvolvimentismo de políticas públicas para a Amazônia, Caio André considera que a ZFM é um bem para o Brasil, pois, segundo ele, “segue como ferramenta que ajuda a manter a floresta amazônica, principal riqueza natural dos brasileiros, em pé e alinhada ao desenvolvimento sustentável e tecnológico do PIM [Polo Industrial de Manaus]”.

“Talvez falte informação ao governador mineiro, ou é aversão, tomara que não”, cutucou o presidente da CMM.

Reação nacional

Para o ministro da Justiça, Flávio Dino, a defesa de uma frente Sul-Sudeste nas próximas eleições é inconstitucional.

“É absurdo que a extrema-direita esteja fomentando divisões regionais. Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães”, lembrou Dino em uma rede social.
O consórcio Nordeste emitiu nota dizendo que Zema tem uma “preocupante” leitura do Brasil, e que defender o protagonismo do Sul e Sudeste representa um movimento de “tencionamento” entre as federações.
“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consócio Nordeste, imediatamente, anuncia em seu slogan que é uma expressão de “o Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um país democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”, diz a nota .