Manaus (AM) – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi duramente criticado ao defender a criação de uma frente parlamentar para combater o que ele considera perdas econômicas por benefícios aos estados das regiões Norte e Nordeste.
Entre os benefícios considerados prejudiciais, no entendimento de Zema, está a manutenção das isenções de tributos para a Zona Franca de Manaus (ZFM), aprovada no texto da Reforma Tributária, na Câmara dos Deputados.
Em entrevista ao Estadão, o governador voltou a defender uma frente das siglas de direita dos estados do Sul e Sudeste para aprovação de pautas no Congresso, de olho na eleição presidencial de 2026.
“O que nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos — que é necessário, mas tem um limite — de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada”, disparou o mandatário.
Zema criticou o fato de os estados do Norte e Nordeste terem mais beneficiários nos programas sociais. Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade? Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais!”, afirmou o governador.
Porém, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE mostram que o cenário é mais alarmante nas regiões Norte e Nordeste. “A incidência da pobreza nessas regiões atingiu mais de 40% de suas populações em 2021”, aponta o relatório.
Show de desinformação
O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM) rebateu as críticas do governador mineiro contra os estados do Norte e Nordeste. Caio André (Podemos) afirmou, nesta segunda-feira (7), em um post nas redes sociais, que Zema mantém uma incansável perseguição contra os estados dessas regiões.
“Desta vez, ele sugere a criação de uma ‘frente parlamentar’ para combater, no seu insipiente entendimento, perdas econômicas para nós aqui do Norte e Nordeste. Sua entrevista ao jornal Estado de São Paulo foi um show de desinformação sobre história do Brasil e sobre a realidade econômica de um povo que, historicamente, foi desfavorecido”, afirmou Caio.
Em meio às discussões nacionais e até internacionais pelo desenvolvimentismo de políticas públicas para a Amazônia, Caio André considera que a ZFM é um bem para o Brasil, pois, segundo ele, “segue como ferramenta que ajuda a manter a floresta amazônica, principal riqueza natural dos brasileiros, em pé e alinhada ao desenvolvimento sustentável e tecnológico do PIM [Polo Industrial de Manaus]”.
“Talvez falte informação ao governador mineiro, ou é aversão, tomara que não”, cutucou o presidente da CMM.
Reação nacional
Para o ministro da Justiça, Flávio Dino, a defesa de uma frente Sul-Sudeste nas próximas eleições é inconstitucional.
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