Manaus, 27 de abril de 2024
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Economia

A desvalorização da mulher no mercado de trabalho é cultural, diz advogada

Segundo dados do IBGE, 30,6% das mulheres, entre 15 e 24 anos, não estudam, não estão ocupadas e não estão em treinamento.

A desvalorização da mulher no mercado de trabalho é cultural, diz advogada

(Foto: Tânia Rego/ABr)

Manaus (AM) – Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, apesar do movimento de entidades e ações de grupos feministas, ainda existe um longo caminho para as mulheres na busca por direitos e equidade de gênero no Amazonas.

O levantamento mostra que, em 2022, no Amazonas, as mulheres dedicaram 20,4 horas aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, ou seja, 7,7 horas a mais que os homens. O número de horas foi maior entre as mulheres de 60 anos ou mais (20,8h) e as mulheres de 30 a 49 anos (21,1h).

As mulheres pretas e pardas tiveram maior dedicação. Para uma mulher que trabalha empregada e precisa cuidar de sua casa, marido e filhos, a carga semanal de trabalho chega a 57,7 horas, isso quando consegue emprego.

O desemprego atinge maior proporção de mulheres que homens. Entre as docentes do nível superior, o Amazonas está atrás da maioria dos Estados da Região Norte, assim como os nascimentos assistidos por pessoal qualificado.

Quando o assunto é trabalho e educação, a pesquisa mostra que 30,6% das mulheres, entre 15 e 24 anos, não estudam, não estão ocupadas e não estão em treinamento. Para os homens, o percentual identificado, no mesmo critério, foi de 18,1%,indicando que maioria dos jovens que não trabalham e nem estudam é composta por mulheres.

A pesquisa não mostra os números sobre o trabalho informal realizado por mulheres. Os dados fazem parte de um trabalho trienal que também já foi divulgado nos anos de 2018 e 2021. Na análise constam desigualdades de gênero, com dados sobre diferenças anatômicas e diferenças socialmente construídas que estão associadas ao sexo da pessoa ao nascer.

Desigualdade

A questão da desvalorização da mulher é em relação ao mercado de trabalho, escolaridade é muito ligada à questão cultural, segundo a advogada Chrysse Cavalcante, da Comissão do Direito do Trabalho da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM).

“A gente vem de uma situação cultural muito grande, as mulheres conseguiram voto muito recentemente, conseguiram direitos muito recente. Hoje, muitos falam do feminismo como se fosse algo extremista, quando, na verdade, são necessárias algumas medidas para realmente haver uma menor desigualdade entre homens e mulheres”, disse.

Reflexo disso é essa lei de igualdade salarial que saiu, recentemente, a Lei 14.611/2023. Depois dela, veio o decreto e o ato, justamente, para dar efetividade nessa questão, porque pelos dados, as mulheres ocupam os mesmos cargos que o homem e recebem menos.

“A questão da igualdade salarial é prevista na Constituição Federal, na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) desde 1943 e ainda assim teve que ser criada uma lei para dar efetividade. Há um caminho muito longo a ser percorrido, mas eu acho que as mulheres têm ganhado mercado de trabalho, mas não é só ganhar o mercado de trabalho”, disse.

Para a advogada, as mulheres precisam ser reconhecidas no mercado de trabalho, que não sejam vistas só com aquelas funções que são para mulheres e funções que são para homens. É uma realidade que precisa ser mudada e as mulheres precisam desse apoio até para que elas consigam ganhar o mercado de trabalho e ter salários compatíveis.

“As mulheres têm capacidade para tocar os cargos grandes, hoje, já se vê muitas mulheres, mas ainda assim, poucas, você vê muitas mulheres no chão de fábrica, mas nos altos cargos, são homens”, disse Chrysse Cavalcante.

A advogada explica que a ideia da Lei 14.611 é criar algumas políticas para mães solo e mulheres vítimas de violência. Hoje, é muito difícil uma mulher se manter no mercado de trabalho, se uma mulher tem um filho, dependendo do emprego que ela tem, quando ela volta, ela já é desligada.

 

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