Manaus, 5 de maio de 2024
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Cidades

Desemprego pode ser maior para mulheres que têm filhos

Vale destacar que algumas empresas podem ter preconceitos inconscientes contra mulheres que são mães, e assim, manifestar preferência por candidatas sem filhos.

Desemprego pode ser maior para mulheres que têm filhos

(Foto: Reprodução/Freepik)

Manaus (AM) – O desemprego pode ser maior para mulheres que têm filhos devido a vários fatores, embora a relação entre maternidade e desemprego possa variar dependendo do contexto social, cultural e econômico de cada mulher. Apesar de a participação delas no mercado de trabalho brasileiro ter evoluído significativamente ao longo das últimas décadas, ainda há desafios e disparidades de gênero a serem enfrentados.

Devido à falta de tempo para cuidar de uma criança, muitas mulheres inseridas no mercado de trabalho optam por interromper suas carreiras ou reduzir suas horas de trabalho a fim de acompanhar o crescimento de seus filhos. Essa interrupção, porém, pode tornar mais difícil para que elas possam encontrar emprego ou retornar ao mercado.

É o caso de Aline Bezerra, que trabalhava como assistente administrativo e engravidou aos 21 anos. Hoje, com 24, ainda não conseguiu voltar ao mercado de trabalho. A jovem relata que já participou de várias seleções de emprego, mas algumas vezes foi questionada se tinha filhos.

“Em uma das seleções, eu já havia passado por duas etapas, mas quando me perguntaram se eu tinha disponibilidade para viajar a trabalho aqui pelo Amazonas mesmo, eu respondi que se fosse necessário, eu iria, mas teria que voltar no mesmo dia, pois tinha um filho de dois anos e não tinha com quem deixar após o horário de trabalho. Aí fui dispensada, não com as palavras exatas de que ter um filho iria me atrapalhar, mas eu percebi”, conta.

Assim como Aline, Neylane da Cunha, de 35 anos, precisou se afastar do mercado de trabalho, porque engravidou de seu segundo filho e, depois, teve mais uma menina, que está com 4 anos atualmente. Neylane conta que trabalhava em uma concessionária de veículos, com vendas, mas decidiu focar na criação das crianças, porque queria acompanhar o processo de crescimento delas, no entanto, agora que achou um tempo livre, está correndo atrás de uma oportunidade.

“É difícil você ser mãe, hoje em dia, porque não pode contar com uma rede de apoio, ainda mais morando numa capital como Manaus. Foi por isso que escolhi viver a maternidade com os meus filhos, estar presente na vida deles nos momentos mais importantes, porém, agora que eles já estudam, eu quero voltar a trabalhar, de preferência em algo que eu possa desenrolar no home office”, afirma.

O relato de Aline e de Neylane mostra que há realidades diferentes nas duas situações, mas com um fator em comum: a tentativa de voltar ao mercado de trabalho. Vale destacar, ainda, que algumas empresas podem ter preconceitos inconscientes contra mulheres que são mães ou que estão grávidas, e assim, manifestar preferência por candidatas sem filhos.

Discriminação no local de trabalho

Não é necessário ir muito longe para se ter exemplos de discriminação com algumas mulheres no local de trabalho devido à maternidade e isso pode incluir preconceito por parte dos empregadores, que se incomodam com mulheres que têm filhos e que precisam se ausentar, de vez em quando, para resolver problemas na escola, por exemplo.

Situações como essa podem colocar em risco o emprego das mulheres, que podem ser vistas pelos empregadores como menos produtivas, mas é importante lembrar da falta de suporte à conciliação entre trabalho e família, além da licença-maternidade, que muitas empresas não oferecem.

“A falta de políticas boas para essas mulheres é precária em nosso país. Se a gente olhar para o mercado de trabalho, tudo colabora para alavancar a carreira do homem e não da mulher. A mulher, quando engravidar, tem direito à licença-maternidade adequada para viver realmente a maternidade. Essa mulher precisa de creche acessível e flexibilidade no local de trabalho para poder equilibrar suas responsabilidades familiares com sua carreira profissional. Mas diante dessa escassez, algumas mulheres optam por deixar o mercado de trabalho e, quando decidem voltar, enfrentam dificuldades para encontrar empregos que ofereçam o suporte necessário”, destaca Iolanda Vinente, líder de um grupo de apoio para mães solo.

Dados

As mulheres representam quase a metade da população economicamente ativa, mas a desigualdade salarial ainda é uma realidade.

Dados do 4º trimestre de 2023 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Amazonas contava com pouco mais de 700 mil mulheres inseridas no mercado de trabalho, sendo que 97 mil estavam desempregadas, apesar da ocupação feminina ter aumentado 1,65%.

Em média, as mulheres brasileiras ainda ganham menos do que os homens em posições equivalentes.

Nos últimos 10 anos, houve uma redução na diferença entre salários pagos às mulheres e aos homens. O índice que mede a paridade salarial passou de 72 em 2013 para 78,7, em 2023. A paridade de gênero é medida em uma escala de 0 a 100, sendo que quanto mais próximo de 100, maior a equidade entre mulheres e homens.

Os dados estão no levantamento Mulheres no Mercado de Trabalho, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a partir de microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

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