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Alemanha impõe lockdown para não vacinados na tentativa de barrar a Covid

Angela Merkel e líderes regionais concordaram em apresentar projeto de lei sobre vacinação obrigatória a partir de fevereiro

Alemanha impõe lockdown para não vacinados na tentativa de barrar a Covid

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

INTERNACIONAL – Para barrar o avanço da variante Ômicron e conter o surto de covid-19, a Alemanha anunciou nesta quinta, após semanas de resistência, medidas de restrição para quem recusar a vacina contra o coronavírus. As regras para os não inoculados serão similares às de uma quarentena total: não poderão ter acesso ao comércio não essencial ou a restaurantes, assim como espaços de lazer ou culto.

As medidas foram anunciadas após uma reunião entre a chanceler Angela Merkel, seu sucessor, o social-democrata Olaf Scholz — que será confirmado pelo Bundestag, o Parlamento do país, no dia 8 — e os líderes das 16 regiões alemãs.

Eles também concordaram em apresentar um projeto de lei para que a vacinação seja obrigatória no país a partir de fevereiro de 2022, algo a que o futuro mandatário da maior economia europeia já disse ser favorável.

As novas restrições vêm um dia após o país registrar seu maior número de mortes diárias pela doença em nove meses, em meio a recordes consecutivos de casos nesta quarta onda, classificada como “muito séria” pela chanceler.

Outras medidas incluirão o fechamento de boates e casas de festas em regiões onde forem registrados semanalmente mais de 350 casos por 100 mil habitantes. Nessas situações, eventos em ambientes fechados terão sua capacidade reduzida para 50 pessoas.

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— Entendemos que a situação é muito séria e queremos tomar medidas adicionais — disse Merkel, em uma entrevista coletiva ao lado de Scholz. — Para fazer isso, a quarta onda precisa ser interrompida, o que não aconteceu até o momento (…). O número de infecções se estabilizou, mas em patamar muito alto.

A chanceler afirmou estar “deprimida” com o surto, indicando que esperava que iniciativas voluntárias fossem suficientes para contê-la, sinal das preocupações de que medidas mais duras atrasem a recuperação econômica. A vacinação, disse ela, em sua última semana no cargo que ocupa há 16 anos, “é o caminho para sairmos desta pandemia e é por isso que precisamos tomar esta decisão”.

Scholz, atualmente vice-chanceler e ministro das Finanças, defendeu as restrições, afirmando que não são discriminatórias, pois as vacinas já são oferecidas para toda a população alemã. Possíveis consequências econômicas serão recompensadas, disse ele, que terá a crise sanitária como um dos principais desafios do seu governo.

Vacinação obrigatória

O ponto mais delicado da nova ofensiva alemã é o debate ao redor da vacinação obrigatória. O projeto de lei, que será elaborado pela Comissão de Ética do governo, é particularmente controverso no país, onde há forte ênfase na proteção das liberdades individuais, além de um dos movimentos anti-inoculantes mais fortes da Europa.

Até o momento, 70,93% dos alemães já tomaram ao menos uma dose da vacina e quase 68,06% tomaram as duas. O número está próximo da média europeia, mas é inferior ao de países como Portugal, Espanha e Irlanda.

A opinião pública a favor da obrigatoriedade do inoculante avançou nos últimos meses: segundo uma pesquisa divulgada há um mês pelo canal ARD, 57% dos alemães são favoráveis à medida, 11 pontos percentuais a mais que em agosto.

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— Sempre acho que obrigatoriedades são delicadas, mas penso que já estamos tão imersos na pandemia que não tem outro jeito — disse à AFP uma pedestre em Berlim que se identificou apenas como Clara.

Tanto a conservadora União Democrata Cristã (CDU) de Merkel quanto o trio que compõe o futuro governo de coalizão — os social-democratas, os Verdes e o Partido Liberal — concordam com a necessidade de mandatos de vacina. A maior objeção vem do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que lançou uma campanha com o slogan “vacina obrigatória? Não, obrigado”.

Quarta onda

O país registra hoje uma média móvel de 57,6 mil casos e de 294 mortes diárias, o maior número desde o início de março. Na terça, foram contabilizadas 446 novas mortes, o maior número diário desde 18 de fevereiro. Entre quarta e quinta, 388 pessoas perderam suas vidas e 73 mil foram infectadas.

Até o momento, quatro pessoas tiveram testes positivos para a variante Ômicron na Alemanha, todas elas completamente vacinadas e com sintomas moderados. Três delas retornaram de viagens da África do Sul nos dias 26 e 27 de novembro, e a outra é parente de um dos passageiros.

A taxa semanal de incidência da doença por 100 mil pessoas, contudo, caiu pelo segundo dia consecutivo, chegando a 442,9 pessoas, em comparação com 452,2 da véspera. Os casos graves e mortes são, em sua maioria, entre pessoas não vacinadas, segundo as autoridades de saúde.

Independentemente das medidas que venham a ser tomadas, contudo, Gernot Marx, presidente da associação de medicina de terapia intensiva do país, alertou que 6 mil pessoas poderão precisar de leitos de terapia intensiva no Natal. O maior número registrado até o momento foi pouco mais de 5,7 mil, em janeiro.

(*) Com informações do O Globo

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