Manaus, 26 de abril de 2024
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Cenário

David desafia Ômicron e mantém festas; SP cancela Réveillon

São Paulo decidiu repensar sobre a festa após a descoberta dos casos; mais de 10 capitais do Brasil já cancelaram as festividades

David desafia Ômicron e mantém festas; SP cancela Réveillon

Foto: montagem

Manaus, AM – Com três casos confirmados da variante Ômicron no Brasil, mais de 10 capitais já cancelaram a realização da festa de Réveillon. No entanto, a festa milionária de virada de ano planejada pela Prefeitura de Manaus, ao, que tudo indica, continua confirmada, mesmo com o risco de uma nova onda da covid-19 por conta da nova variante.

O prefeito David Almeida planejou o maior Natal da história em Manaus e, para o Réveillon, o prefeito desembolsou R$ 600 mil em uma única atração: o cantor Luan Santana. A maior capital do Brasil, São Paulo, já decidiu cancelar a festa de Ano Novo, que reuniria milhares de pessoas na Avenida Paulista no dia 31 de dezembro.

A decisão da prefeitura da cidade ocorre após os primeiros casos da variante Ômicron serem identificados. Todos os infectados vieram da África e desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos na última semana. Além do cancelamento da festa, o município manteve a obrigatoriedade do uso de máscaras. Vale lembrar que, no início desta semana, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou que o evento estava mantido.

Diferente do prefeito David Almeida, outras capitais também já cancelaram o evento, são elas: Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE); Salvador (BA); Florianópolis (SC); João Pessoa (PB); Palmas (TO); Aracaju (SE); Belém (PA); Brasília (DF); Campo Grande (MS); Curitiba (PR); Florianópolis (SC); Macapá (AP); São Paulo (SP); Recife (CE); São Luís (MA); Teresina (PI); Natal (RN) e Vitória (ES).

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No caminho contrário dos demais prefeitos que repensaram sobre a realização da festa, o prefeito David Almeida decidiu esperar para tomar a decisão sobre o evento. O prefeito deve esperar até a primeira quinzena de dezembro para definir sobre o Réveillon na cidade.

Ação na Justiça contra o Réveillon

O vereador de Manaus, Rodrigo Guedes, usou as redes sociais na última semana para informar que ingressou uma Ação Popular na Justiça para anular o show do cantor Luan Santana, na festa de fim de ano na capital amazonense, antes mesmo da descoberta da variante Ômicron. Segundo o parlamentar, o valor de R$ 600 mil que será pago pela Prefeitura de Manaus é, praticamente, o dobro do que geralmente é pago.

“Estou vendo quais os instrumentos judiciais e legais possíveis para se anular, mas o ideal é que o próprio prefeito veja que o povo não quer isso”, escreveu na ocasião. Guedes ainda questionou a transparência da Prefeitura de Manaus em relação ao valor a ser gasto com o evento. Vale lembrar que para a realização do Ano Novo e do Natal na cidade, o prefeito David Almeida vai desembolsar R$ 10 milhões dos cofres públicos.

Ao Portal Amazonas 1, o vereador afirmou que realizar o Réveillon pode colocar os cidadãos em risco sanitário, mesmo os já vacinados. Com casos da nova variante já confirmados no Brasil, Guedes destaco que a situação é muito grave e que o dinheiro gasto por David Almeida é “um escárnio com o dinheiro público”.

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“Além de ser um uso totalmente desnecessário do dinheiro público nesse volume de R$ 10 milhões, isso, por si só, já é grave, um escárnio com o dinheiro público, simplesmente torrar o dinheiro público de qualquer jeito, com pão e circo […] Temos ainda um fator que são os riscos ainda existentes da pandemia, a gente tem aí uma nova variante que surgiu na África do Sul. A gente não sabe o potencial agressivo dela, potencial devastador, enfim, Europa tendo 4ª onda. Por que a gente vai ser imprudente de colocar as pessoas em risco, se o poder público tem que ser o primeiro a zelar pela saúde e segurança das pessoas?”, questionou.

Foto: Reprodução

O vereador Amom Mandel afirmou que também busca informações sobre a realização da festa. Em conversa com o Portal Amazonas 1, o parlamentar revelou que enviou requerimentos para a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) sobre os preparos da administração para o evento.

“As medidas que eu estou tomando se referem ao mandato como vereador e não à minha atuação como cidadão. Nesse sentido, eu tenho enviado requerimentos de informação a Secretaria Municipal de Saúde e vou continuar enviando, para saber quais são os tipos de preparos que estão sendo feitos para essas festas de fim de ano. Na mesma esteira, eu questiono o valor excessivo que está sendo gasto ou que será gasto com esse show de fim de ano, com o pagamento que é o dobro do preço do que seria o cachê do cantor Luan Santana e de outras atrações nacionais que vão estar presentes”, afirmou.

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Amom ainda comentou que a Prefeitura de Manaus realiza eventos sem qualquer análise dos riscos, e que “Manaus não é imune à covid”. Para ele, é importante que o município foque nos critérios técnicos e acompanhe o resto do mundo para prevenir uma nova onda da covid-19.

“Eu acho que a gente tem que focar nos critérios técnicos, a gente tem que focar no resto do mundo, temos que perceber que nos outros países, na Europa, na China, na Ásia e nos EUA, já estão voltando a impor as restrições de circulação em razão do surgimento de novas cepas e que Manaus não é imune à covid do resto do mundo; a covid vem do resto do mundo para Manaus. Aparentemente, o prefeito, a secretária e as pessoas da prefeitura e da Câmara Municipal de Manaus estão esquecendo que Manaus faz parte do mundo. Parece que a gente é uma ilha e que a covid não afeta mais Manaus. É melhor pecar pela cautela, pelo excesso, do que pela falta!”, disse.

Pressão dos parlamentares

Preocupados com o cenário epidemiológico do Brasil, deputados e vereadores pressionam a Prefeitura de Manaus para o cancelamento da festa. O assunto foi debatido na Assembleia Legislativa do Amazonas, na última terça-feira (30), e parlamentares pediram para que o prefeito David Almeida não priorize as festividades de fim de ano neste momento.

Para o deputado Wilker Barreto, todo tipo de aglomeração pode ocasionar uma nova onda de contaminação por covid-19. “Todos os alertas já estão sendo feitos. Não sabemos a letalidade dessa variante, por isso, qualquer aglomeração nesse momento é um risco. Eventos menores como confraternizações ainda podem ser controlados, mas grandes eventos, como o Réveillon, fogem do controle. O momento é de cautela, então, por que fazer o Amazonas passar pela mesma situação que ocorreu na primeira e segunda onda? Arriscar por quê?”, considerou.

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O deputado Fausto Júnior também destacou que medidas de restrições devem ser adotadas com antecedência para evitar um lockdown no Amazonas e proteger a economia do Estado.

“É preciso tomarmos cuidado para não enfraquecer nossa economia, mas também precisamos evitar uma nova tragédia no nosso estado, então, acima de tudo, precisamos rever a realização de eventos neste momento. Até porque o Amazonas não suporta mais um lockdown […] precisamos tomar os cuidados necessários agora, para que a população não seja prejudicada depois”, considerou.

Outro parlamentar que criticou a realização do evento foi o deputado Dermilson Chagas, que afirmou que as decisões, as ações do Executivo estadual e municipal não podem ser tomadas de maneira tardia. “Esse é o momento de repensar e tomar decisões que assegurem a população. É preciso cancelar todos os eventos, incluindo o Carnaval. Os leitos de UTIs estão lotados na capital, isso sem a variante, se ele chegar aqui, os hospitais não terão capacidade de receber tantos pacientes!”, declarou.

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