Manaus, 2 de maio de 2024
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Cenário

Alessandra gastou quase R$ 900 mil de cotão, mesmo afastada por um ano da Aleam

O período em que ficou ocupando a cadeira da Aleam, Alessandra Campêlo não economizou o dinheiro do Cotão.

Alessandra gastou quase R$ 900 mil de cotão, mesmo afastada por um ano da Aleam

Fotos: Divulgação/Aleam

MANAUS – Alessandra Campêlo (PSC), deputada estadual e candidata à reeleição, gastou de 2019 a junho de 2022, quase R$ 900 mil da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar, o famoso ‘Cotão’, verba mensal de R$ 44.144,74 disponível para a utilização dos parlamentares. A parlamentar ficou doze meses licenciada para comandar a Secretaria Estadual de Assistência Social (Seas) e, mesmo assim, quando esteve na Casa Legislativa, utilizou um total de R$ 837.536,37 da cota.

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Além da cota destinada para despesas com combustível, locação de veículos, consultorias, passagens aéreas, fretamento de avião, pagamento de restaurantes, locais para estadia como hotéis, materiais impressos, que tenham a finalidade de divulgar o trabalho da deputada, os parlamentares recebem atualmente um salário bruto de R$ 25,3 mil.

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Em 2019, primeiro ano do atual mandato, a deputada gastou R$ 376.364,84, restando apenas R$ 153.372,04 para gastar o valor total disponível por ano, que é de R$ 529.736,88. No ano seguinte, Alessandra utilizou R$ 312.778,07 da Ceap. (Veja os comprovantes no final da matéria).

Já no ano passado, a deputada usou a verba somente por três meses: janeiro, fevereiro e março, porque em abril assumiu a pasta da assistência social no estado. Exercendo o mandato por apenas três meses em 2021, Alessandra Campelo gastou R$ 69.487,04 do cotão.

Em 31 de março de 2022, Alessandra deixou a Seas e voltou ao cargo de deputada para, então, poder entrar na disputa eleitoral e manter sua cadeira na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Mesmo voltando somente no dia 1º de abril deste ano, a deputada usou a verba nos meses de abril, maio e junho, totalizando gastos de R$ 78.906,42.


No início de abril, na chamada ‘janela partidária, a parlamentar deixou o MDB, partido do senador Eduardo Braga e se filiou ao PSC. No dia 30 de maio, a parlamentar assumiu a presidência do PSC Mulher no Amazonas.


Promoção

Alessandra é servidora de carreira da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), no cargo de escrivã, mas desde 2014 está licenciada do cargo, quando obteve êxito nas eleições para seu primeiro mandato na Aleam.

Recentemente, a deputada, que estava na 2ª Classe da Carreira passou para a 1ª Classe, se beneficiando com a promoção por antiguidade, passando assim para o topo da carreira mesmo sem exercer o cargo na Segurança Pública há oito anos. Alessandra teve direito à promoção, mas o fato não passou despercebido por outros escrivães que hoje atuam na função regularmente e ainda não foram contemplados da mesma forma que a parlamentar.

Maus Caminhos

Em janeiro de 2018, a Polícia Federal divulgou um relatório que pedia o indiciamento de presos na Operação ‘Maus Caminhos’. O documento apontava que, com base nas investigações, no mês de setembro de 2015, o ex-secretário de Fazenda do Estado, Afonso Lobo e a deputada Alessandra se hospedaram em um hotel de luxo por três dias, em Brasília. O assunto foi tema de reportagem de uma emissora local.


Segundo a PF, o dinheiro que foi utilizado para pagar a hospedagem era de corrupção. Na época, por meio de nota, a deputada disse que estavam tentando ligar a imagem dela aos desvios de recursos públicos que a ‘Maus Caminhos’ apurou, e que a tentativa era uma atitude absurda e irresponsável.
A parlamentar também afirmou que ela era a principal opositora dos desvios que estavam acontecendo na saúde pública do Estado e chegou a citar um pedido de sua autoria, de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Aleam, com o objetivo de investigar os recursos da saúde.

Carro blindado

Em 2017, no seu primeiro mandato, Campelo utilizava um carro blindado, que foi alugado pela Casa Legislativa – por meio de dispensa de licitação – com a empresa Kaele Ltda. A Aleam pagou, na época, R$ 15 mil por seis meses. Dos 24 deputados, somente Alessandra andava em carro blindado.

Na época, a deputada justificou que teria sido ameçada por ter acusado ex-aliados do governo José Melo de terem envolvimento com a morte de Alexandre Gomes, estudante que ficou conhecido, em 2016, por ser o autor do protesto em que outro estudante jogou no ex-governador, notas falsas com o desenho do rosto de Melo dentro da Casa Legislativa.


O Portal AM1 enviou demanda para a assessoria de comunicação da deputada perguntando a opinião de Alessandra em ter sido promovida ao topo da carreira dentro da Polícia Civil, mesmo sem estar atuando no cargo de escrivã e outros assuntos abordados nesta reportagem, mas até o fechamento da matéria, os questionamentos não foram respondidos. O espaço, no entanto, segue aberto.