Alta do café gera impacto no lucro de cafeterias em Manaus

Manaus (AM) – Nos últimos meses, o aumento no preço do café tem causado muitos debates entre a população e até grande dor de cabeça para quem trabalha e depende desse mercado. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o grão moído teve uma alta de quase 50,35% no acumulado dos 12 meses até janeiro. Na variação mensal, a bebida ficou 8,56% mais cara em relação a dezembro de 2024.

Esse aumento no valor do produto, além de afetar a população em geral no consumo, também influencia no rendimento de quem trabalha com a bebida. As cafeterias, por exemplo, que dependem do mercado do café, têm enfrentado dificuldades para manter o lucro mensal. Lidiane Maciel, fundadora do Café Lili e Vivi, sente os efeitos da rápida escalada. Em entrevista ao Portal AM1, ela comenta que, apesar do aumento, ainda não repassou o reajuste para os clientes por não se sentir confortável com a mudança.

“A gente vem percebendo que, desde janeiro, o preço do café vem aumentando. Nós ainda não nos sentimos confortáveis de passar esse valor para o nosso cliente. A gente percebeu também que não é só o café, mas outros produtos também que compõem a mesa do café da manhã que subiram de preço.”

Segundo a empresária, o que ajuda com os lucros é o fato de o espaço trabalhar com outros produtos. “Hoje, aqui no Lili e Vivi, nós não somos mais somente café, hoje, nós vendemos almoço, jantar, hambúrguer, sopa. Eu acredito que, por isso, eu não sinto tanto o impacto, como se eu trabalhasse vendendo apenas café.

O economista Rodemarck Castelo Branco explica o motivo de o produto estar com o valor tão elevado. As mudanças climáticas e os valores do custo de produção e exportação são as principais razões.

“O preço do café aumentou por diversos fatores, os principais são as secas e fortes chuvas em países produtores que reduziram a produção, caso do Brasil e Vietnam, grandes produtores. Os baixos estoques do produto, a valorização do dólar norte-americano e o aumento da demanda externa, nos últimos 10 anos, mais que dobrou o consumo na China. Com o desequilíbrio entre oferta e a demanda, é de se esperar o aumento do preço no mercado nacional”, explicou o especialista.

De acordo com o economista Castelo Branco, com a combinação de fatores conforme ele elencou acima, como a baixa oferta devido às condições climáticas adversas nas regiões produtoras, a alta demanda do mercado e o aumento do dólar, a tendência é que o preço do café continue elevado nos próximos meses – o que gera muita preocupação para a população.

“A tendência é que o alto valor do grão do café seja mantido ainda para os próximos dois anos. O preço do café nas bolsas de commodities alcançou em janeiro o maior preço em 48 anos e infelizmente ainda vai perdurar. A inflação global e o aumento dos custos de produção, como insumos e transporte, também contribuem para a manutenção dos preços elevados. Esse cenário reflete um mercado mais instável, que acaba impactando diretamente consumidores e setores que dependem do produto, como cafeterias e indústrias de alimentos e bebidas”, destacou o especialista.

 

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