Manaus, 3 de maio de 2024
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Cidades

Alunos da Ufam cobram retorno das aulas presenciais: ‘nunca vai substituir o aprendizado prático’

Com a formação atrasada, os alunos do curso de Farmácia relataram que estão sendo prejudicados com o ensino remoto

Alunos da Ufam cobram retorno das aulas presenciais: ‘nunca vai substituir o aprendizado prático’

Foto: Arquivo Pessoal

Manaus, AM – Alunos do curso de Farmácia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) afirmam que estão sendo prejudicados devido à continuação das aulas no formato remoto e pedem o retorno das aulas presenciais na instituição. O modelo foi adotado no início da pandemia da covid-19 e segue até hoje, mesmo com boa parte da população vacinada e o Brasil voltando ao ”normal.”

Com as escolas públicas retomando as aulas 100% presenciais, os bares funcionando normalmente, mesmo com um número menor de clientes, o comércio abrindo as portas todos os dias, os alunos da instituição federal não podem relatar o mesmo, uma vez que continuam assistindo às aulas por meio da internet – o que acaba afetando o aprendizado em matérias que precisam ser estudadas em sala de aula.

“As aulas estão sendo extremamente cansativas para a maioria dos estudantes, pois para substituir a vivência no laboratório, muitos professores optaram por passar exercícios e mais conteúdos com vídeos gravados em laboratório. Isso nunca vai substituir o aprendizado prático”, explicou a aluna Raquel Contente, que cursa o 9º período do curso de Farmácia.

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Em relato ao Portal Amazonas 1, a estudante afirmou que alguns professores reconhecem que não existe uma maneira de ensino remoto para a saúde. “Tentaram minimizar o prejuízo causado pela falta das aulas práticas fornecendo materiais para simularmos um laboratório em casa, outros passaram atividades com massinhas de modelar. Mas eles mesmos sabem que nada disso substitui a vivência laboratorial”, contou.

Por necessidade de retornarem à Ufam, os alunos do curso organizaram um protesto para ocorrer nesta quinta-feira (3), na “Faculdade de Ciências Farmacêuticas ” no minicampus da Ufam. De acordo com a estudante, a instituição tinha dado suporte aos alunos em plataformas digitais, com a possibilidade de gravar aulas, mas nem todos os professores fazem isso.

Foto: Arquivo Pessoal

A plataforma utilizada pela instituição, no entanto, aumentou os valores dos pacotes para todo o Brasil, com isso, os professores perderam essa função, deixando os alunos na mão. “Isso causa muitos prejuízos para os alunos com dificuldade de acompanhar aula ao vivo em decorrência de falta de energia, e sinal de internet, muito comuns na cidade de Manaus. Todos os alunos relatam que utilizaram de recursos próprios para acompanhar as aulas”, disse.

Com a pandemia e sem receber as devidas aulas, a turma de Farmácia continuou seguindo a grade normal do curso, durante todos os semestres, mesmo que em cada período tenha aulas práticas laboratoriais. Conforme explicou Raquel, a turma dela não entra em um laboratório e, para exercer a profissão, são necessárias responsabilidades em ambientes laboratoriais.

“Muitos não se sentem inseguros de realizar um exame laboratorial ou manipular medicamentos por que não tiveram práticas. Somente algumas turmas puderam ter aulas práticas, mas foi por insistência e luta do professor, alguns não faziam questão e simplesmente não realizaram as práticas”, pontuou.

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A estudante ainda destacou que, no início da pandemia, quando Manaus enfrentava pico de mortes por Covid-19, a coordenação do curso não ministrava aulas remotas, com a justificativa de que o modelo não era viável para o curso de Farmácia, justamente por ser um curso essencialmente prático.

“Depois de muita luta para não ficarmos mais atrasados do que já estávamos, conseguimos que as aulas fossem ministradas remotamente. Após isso, ficamos um semestre remoto e acumulamos as práticas para o final do semestre. Quando chegou a hora de ministrar a parte prática do curso, a coordenação alegou que não dependíamos mais somente dela, e sim da administração superior da Ufam”, alegou.

Sem respostas

Além disso, Raquel também explicou que os discentes do curso já procuraram a Diretoria do curso para relatar sobre os problemas que estão tendo para aprender, no entanto, esta coloca as responsabilidades para a instituição, que devolve, e nada é solucionado para a melhoria dos estudantes.

“A Ufam não dá ouvidos às reclamações acadêmicas, tudo é respondido sem a presença ou ciência dos alunos, mesmo com um Centro Acadêmico ativo”, destacou a estudante, que também pontuou que o Conselho do curso era contra o ensino à distância no início, mas que agora “só quer viver disso, pois perceberam que é muito cômodo por vários motivos”.

Em alguns casos, a instituição proporcionou auxílio financeiro para estudantes que não tinham como assistir às aulas pela internet; porém, tinham que lidar com a instabilidade da conexão e a incompreensão de alguns professores.

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“A maioria dos alunos tem internet, mas a instabilidade dificulta muito o acompanhamento das aulas, principalmente para os que moram no interior. Por vezes, algum aluno perdia a conexão, em meio a uma prova, ou atividade avaliativa, e muitas vezes não pudemos contar com o bom senso do professor”, alegou.

Com esse problema, a turma de Farmácia não conseguiu se formar no ano previsto, ficando com o curso atrasado em um ano, no mínimo, entre outras desistências e transferências que ocorreram durante o período em que a instituição adotou o modelo de ensino.

“Já deveríamos ter uma turma formada no ano passado e outra formando em junho desse ano. Os calouros relatam se sentir totalmente perdidos e desesperançosos. A administração está tão aquém que os calendários do final desse ano nem estão definidos”, comentou.

Outro lado

O Portal Amazonas 1 procurou a Universidade Federal do Amazonas para tratar sobre as declarações recebidas pelos alunos. Em resposta, a assessoria da instituição afirmou que não vai se pronunciar sobre as manifestações organizadas pelos estudantes.

Além disso, a Ufam justificou que existe uma portaria vigente em um prazo de 30 dias para que a instituição reavalie o cenário epidemiológico da covid-19 e, a partir disso, vai definir se as atividades presenciais retornarão ou não.

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