Manaus, 6 de maio de 2024
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Manaus, 6 de maio de 2024

Cidades

Servidores podem ter salários atrasados por rombo nas contas do Estado

A possibilidade foi admitida pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) em audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos, da ALEAM

Servidores podem ter salários atrasados por rombo nas contas do Estado

Foto: Divulgação

Servidores estaduais correm risco de não receberem seus salários em dia, a partir do segundo semestre, devido rombo de milhões nas contas do Amazonas. A possibilidade foi admitida pela Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) em audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos, da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM).

Rombo de R$ 1 bilhão até o fim do ano(Foto: Divulgação)

De acordo com o relatório apresentado por representantes da Sefaz, o saldo negativo do Estado chegou a R$ 406 milhões, em abril. Caso nenhuma medida seja tomada pelo Executivo, as finanças públicas podem entrar em colapso com déficit de R$ 1,6 bilhão na folha salarial, até o fim do ano. E como consequência, o governo terá dificuldades para pagar os servidores, a partir do mês de outubro.

O analista do Tesouro Estadual, Luis Otávio, classificou como “crítica” a situação fiscal do Amazonas e que o corpo técnico da Sefaz tem feito diversas recomendações ao governador. “Não é uma visão pessimista, é uma visão estritamente técnica e realista para que o Poder Legislativo submeta à sua análise essas informações para que, junto ao Poder Executivo, busquem as soluções”, declarou.

Luis Otávio enfatizou ainda, que o  Estado desequilibrado não tem capacidade para investir, tendo que recorrer a terceiros, o que gera um custo alto de juros e encargos que não retornam para população, prejudicando a manutenção da máquina.

Os principais desafios fiscais que afetam negativamente as finanças públicas, segundo o relatório, são as despesas com funcionalismo público, custeio da máquina, aumento das vinculações de receitas e do alto custo das empresas médicas que mantêm contrato com o governo.

Governo não deveria pagar data-base

A contadora-geral do Estado, Conceição Guerreiro, afirmou que o pagamento de datas-bases não deveriam continuar. 

“Não é questão de não dar data-base, é questão de suspender momentaneamente pela situação econômica. É melhor suspender data-base do que o Estado ficar sem pagar salários futuramente. Se não tomar medidas agora, podemos chegar a esse ponto, de atrasar salários”, declarou.

Fim de terceirizados deveria ser prioridade em corte de gastos

Para o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Aleam, Ricardo Nicolau, uma das medidas de contenção do governo deveria ser a quebra de contratos com as empresas terceirizadas que prestam serviços na área da saúde.

Uma alternativa viável é a contratação direta de trabalhadores, o que eliminaria uma fatia significativa dos custos com encargos que precisam ser recolhidos pelas empresas.

“Uma empresa terceirizada tem os encargos trabalhistas, tem os impostos da emissão de nota fiscal e ainda tem o lucro. Se o Estado fizer a contratação de forma direta, pode haver uma redução de gastos significativa e isso diminuiria a carga da folha. Com a substituição de regimes, o governo poderia ter os mesmos trabalhadores, mas eliminando os custos da terceirização”, explicou.

Entre os meses de janeiro e abril deste ano, apenas as empresas prestadoras de serviços que mantêm contratos com a Susam consumiram o total de R$ 228 milhões dos cofres públicos do Estado, segundo informaram técnicos da Sefaz à CAE. Até o fim deste ano, a estimativa da secretaria é de que esse montante alcance aproximadamente R$ 600 milhões.

Servidores acompanham situação

Com ameaça de atrasos nos salários a partir do segundo semestre, servidores estaduais acompanham a situação e esperam que a possibilidade não se concretize.

Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam), Ana Cristina Rodrigues, o sindicato não sabe se haverá ou não atraso, porém espera que seja apenas uma chance remota. “O nosso papel será de acompanhar situação e caso aconteça, os órgãos cabíveis serão acionados”, informou.

O presidente do Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil do Estado do Amazonas(Sinpol), Jaime Lopes, informou que não é a primeira vez que se cogita a possibilidade, e isso tem gerado uma certa preocupação na categoria.

“[…]Se,eventualmente isso acontecesse no Amazonas, seria desastroso. É evidente que rumores dessa natureza geram preocupação na categoria, na Diretoria do Sindicato e na própria população, sobretudo, pela importância da Polícia Civil, bem como, pelos ataques frequentes que o Pólo Industrial de Manaus vem sofrendo, e pelo fato de sabermos que isso tem uma conexão direta com a existência de receitas para honrar a folha do serviço público. Em regra, o Amazonas é um Estado pujante, superavitário, e eu acredito que o Governo fará os ajustes necessários a fim de evitar qualquer coisa dessa natureza”, disse.

Já para a presidente do SindSaúde, Cleidinir Francisca dos Santos, se os salários atrasarem vai gerar um caos no Estado. Se isso acontecer, é por falta de planejamento de pessoas que estão assumindo cargos e não possuem competência para administrar as finanças. “O Governo não pagou tudo o que devia para a nossa classe porque nos informaram que não tinham condições. Nós vemos gastos supérfluos, mas quando é para pagar trabalhadores não têm. Vamos esperar que isso não aconteça porque vai ser uma loucura e e a população que será penalizada, pois não vai ter servidor para atender”, declarou.

 

(*) Com informações da Aleam